
Ao anunciar a uni�o em maio deste ano, a Azul e a Trip criaram a terceira maior companhia do pa�s e prometeram conciliar pre�o baixo com bom atendimento aos consumidores. Mas o temor dos passageiros em concentrar o mercado e ter problemas com a falta de concorr�ncia teve fundamento. No escrit�rio de advocacia Oliveira Marques Benfica, todos os advogados j� adotaram a regra de viajar com um dia de anteced�ncia para n�o perder a audi�ncia.
A experi�ncia vivida na semana passada pelo advogado Fernando C�sar Teixeira mostra que a precau��o n�o � exagero. Ele tinha audi�ncia em Vit�ria da Conquista (Bahia) e o voo da Trip estava marcado para ser direto. Quando foi embarcar, ele foi avisado pela companhia a�rea que o voo teria escala em Montes Claros. “Ao chegar na cidade, eles pediram para todo mundo descer do avi�o e fizemos uma conex�o, com tr�s horas de atraso de voo”, diz.
Na avalia��o de Hugo Ferreira Braga Tadeu, analista de avia��o e professor associado da Funda��o Dom Cabral (FDC), a situa��o atual da Trip e Azul Linhas A�reas pode ser vista como um “casamento que est� come�ando”. “O que acontece � um ajuste da malha aeoportu�ria e reavalia��o de quais seriam as rotas mais vi�veis para o neg�cios”, diz Tadeu. Para que aconte�a uma uni�o saud�vel, diz, vai demorar um tempo. “� comum uma demora para o ajuste de rotas”, diz.
Surpresa O analista de avia��o Renato Cl�udio Costa Pereira n�o se sente seguro para fazer avalia��o exata do que acontece com as companhias regionais. “O inc�modo dos passageiros � surpresa, pois elas deveriam � estar atraindo a clientela”, diz. Os problemas, diz, podem ser oriundos de administra��o pobre, falta de gerenciamento ou apenas movimento de transi��o.
A dona de casa Solange Barroca de Castro Figueiredo viveu em 23 de novembro situa��o semelhante no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins. Ela mora em Vit�ria (ES) e estava em Belo Horizonte em visita a parentes. Tinha comprado a passagem de volta para a capital capixaba pela companhia a�rea Azul, com um m�s de anteced�ncia. O hor�rio de partida do voo era �s 16h.
A quatro dias do embarque voo foi comunicada por e-mail que seu voo tinha sido cancelado e precisaria ser remarcado. “Tentamos ent�o mudar para o mesmo dia pela manh�, �s 8h. Na noite anterior confirmamos que estava correto e eles falaram que eu teria que fazer o check-in pela Trip”, conta Solange. Mas na hora de fazer o check-in, diz, os atendentes falaram que seu nome n�o estava na lista. “A� me mandaram para a loja da Azul. E com isso o tempo foi passando, diz.
O resultado foi que Solange n�o conseguiu embarcar na Trip. “Eles me falaram que poderiam me colocar em outro voo ou fazer o reembolso. Mas me colocaram em voo �s 10h50 pela TAM, com conex�o em Guarulhos. A sua hist�ria foi publicada no Estado de Minas em 28 de novembro. Depois disso, Solange conta que foi procurada pela companhia a�rea que prometeu enviar um voucher de R$ 150 para usar durante um ano em qualquer viagem. “Mas at� hoje n�o mandaram”, diz.
A consultora de campo Roselize Lucas viaja toda semana por Minas Gerais e Esp�rito Santo. Ela conta que os maiores atrasos acontecem no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins “E quando d� algum problema em S�o Paulo, todos os aeroportos param. Eu mesma tive que ficar cerca de nove horas no Rio de Janeiro outro dia”, diz.
Depoimento
No �ltimo dia 19, eu e o rep�rter fotogr�fico Alexandre Guzanshe enfrentamos um desaboroso ch� de aeroporto. Nosso plano de voo era o seguinte: embarcar, �s 8h, num voo da Trip a Montes Claros, de onde seguir�amos, �s 11h e pela mesma companhia, rumo a outro destino, de onde embarcar�amos �s 12h30 rumo a nosso destino. Dever�amos ter encerrado a viagem �s 14h38. O voo de Montes Claros atrasou mais de duas horas. Resultado: chegamos ao segundo aeroporto, por volta das 14h50, e o avi�o para nosso �ltimo destino j� havia seguido, �s 13h15. O pr�ximo voo para nosso local de desembarque partiria cerca de seis horas depois, �s 21h, numa aeronave da Azul. Deixamos o aeroporto por volta das 23h. Apenas a t�tulo de curiosidade, em Montes Claros, perguntamos aos funcion�rios da Trip qual o motivo do atraso de duas horas, mas n�o recebemos nenhuma informa��o. J� no segundo aeroporto, como determina a lei em casos de atrasos acima de quatro horas, recebemos da Trip um voucher para alimenta��o. O valor foi de R$ 15. J� para o meu colega de R$ 25. Qual o motivo da diferen�a... Por fim, os valores s�o considerados baixos em rela��o aos pre�os praticados pelos restaurantes e lanchonetes dos aeroportos. (Paulo Henrique Lobato)
Greve est� na rota das empresas a�reas
O casal Aparecida das Gra�as de Paula Andriolo e Jesuino Andriola mora em Goiana e foram visitar parentes em Governador Valadares (MG) nos �ltimos dias. “Na ida a viagem foi perfeita, o problema foi com a volta”, diz Andriolo. O casal teve de esperar por mais de quatro horas ontem no Aeroporto da Pampulha at� embarcar de volta para casa, num voo regional. A reportagem do Estado de Minas entrou em contato com a Azul Linhas A�reas e relatou o problema vivido por alguns consumidores e o da reportagem. A empresa respondeu que precisaria de mais dados de cada problema para se posicionar sobre o ocorrido.
Ao longo da semana passada os aerovi�rios (funcion�rios que trabalham em terra) das cidades de Belo Horizonte, Salvador, Bras�lia e Gale�o entraram em estado de greve. “A paralisa��o j� foi aprovada em assembleia”, afirma Valter Aguiar, diretor nacional do Sindicato dos Aerovi�rios. Ele conta que os trabalhadores tiveram v�rias reuni�es com patr�es e a pauta de reivindica��o n�o foi atendida. “Eles n�o querem oferecer nem o �ndice tradicionalmente usado em negocia��es salariais, o INPC”, afirma Aguiar. Segundo ele, as empresas ofereceram apenas 0,25% de reposi��o salarial.
Os funcion�rios das companhias a�reas continuam trabalhando e em negocia��o com as empresas at� uma decis�o do comando de greve sobre o in�cio da paralisa��o. Ainda n�o h� previs�o de quando isso deve acontecer. Certo � que uma paralisa��o vai aumentar ainda mais os passageiros que voam pelas companhias a�reas regionais.
Protesto
Os trabalhadores demitidos da Webjet e os aerovi�rios fizeram manifesta��o na madrugada de sexta-feira, em Confins. Cerca de 100 pessoas fizeram caminhada da rodovia at� o sagu�o do aeroporto reivindicando melhoria nas condi��es salariais e reclamando contra a demiss�o dos trabalhadores da Webjet. As demiss�es s�o resultado do encerramento das atividades da Webjet depois de a companhia ser comprada pela Gol.