Acuado pelo mercado, que passou a considerar um eventual racionamento de energia neste ou no pr�ximo ano, o governo foi obrigado a quebrar o sil�ncio e falar abertamente sobre o assunto. Antes mesmo da reuni�o do Comit� de Monitoramento do Setor El�trico (CMSE) - marcada para quarta-feira (09) - que ir� avaliar a situa��o cr�tica dos reservat�rios das hidrel�tricas, o Minist�rio de Minas e Energia (MME) entrou na defensiva e tentou afastar o risco de falta de abastecimento de eletricidade.
Embora a reuni�o do CMSE fa�a parte do calend�rio normal do colegiado que re�ne as principais autoridades do setor, o encontro desta quarta-feira ganhou import�ncia devido � seca que reduziu os n�veis das barragens de quase todas as regi�es do Pa�s para os mais baixos dos �ltimos anos. Diante de um cen�rio parecido com o de 2001, quando o Pa�s precisou racionar energia, espera-se que o comit� possa dar respostas claras sobre o tamanho do problema.
A press�o sobre as autoridades � ainda maior porque o fantasma do racionamento voltou em meio � s�rie de quedas de energia de grandes propor��es que j� havia colocado em xeque a percep��o de seguran�a da popula��o em rela��o ao sistema el�trico brasileiro. Al�m disso, o governo ainda n�o explicou como far� para chegar ao desconto de 20% nas contas de luz prometido para este ano, mesmo com as recusas de importantes companhias de gera��o em participar do pacote.
Na segunda-feira, o ministro Edison Lob�o foi � televis�o descartar a hip�tese de falta de energia, mas admitiu que os consumidores ter�o que pagar o custo mais alto da energia das usinas t�rmicas. Nesta ter�a, o secret�rio executivo do MME, M�rcio Zimmermann, argumentou que o repasse aos usu�rios n�o comprometer� o desconto bancado pela presidente Dilma Rousseff. "N�o podemos misturar uma coisa com a outra", alegou.
Zimmermann lembrou ainda que a estrutura do sistema el�trico brasileiro conta com a constru��o de t�rmicas justamente para que n�o falte energia em per�odos de seca como esse pelo qual passa a maior parte do Pa�s. Para ele, o racionamento de 2001 ocorreu porque n�o havia uma reserva suficiente de energia para ser despachada quando os reservat�rios praticamente secaram. "Hoje n�o temos esse problema", insistiu.
O presidente do grupo CPFL Energia, Wilson Ferreira Junior, esteve em Bras�lia e seguiu o discurso das autoridades. "N�o h� raz�o para p�nico com apag�o neste momento", disse, em visita ao Minist�rio da Fazenda. A exemplo de Zimmermann, o executivo destacou que o Brasil possui atualmente o qu�druplo de usinas a �leo e g�s de dez anos atr�s.
Se para Lob�o o gasto com essas usinas foi de cerca de R$ 400 milh�es nos �ltimos meses, algumas associa��es do setor j� jogam esse impacto para a casa dos bilh�es de reais. Por isso, o governo torce pela chuva at� abril para que as t�rmicas sejam suficientes para atender � demanda atual e possam ser desligadas o mais breve poss�vel.