Zulmira Furbino

Segundo a Anbima, o patrim�nio l�quido da ind�stria de fundos no Brasil era de R$ 2,3 bilh�es na ter�a-feira. Desse total, 32% dos recursos continuam aplicados em renda fixa e 10% em fundo DI referenciado, que s�o aplica��es conservadoras. Apenas 8,78% do total est�o alocados na renda vari�vel. J� os fundos multimercado representam 20,3% do bolo. Al�m disso, mesmo com os rendimentos perdendo para a infla��o, a capta��o l�quida da caderneta de poupan�a (diferen�a entre dep�sitos e saques) bateu o recorde hist�rico em 2012, saindo de 14,186 bilh�es em 2011 para R$ 49,719 bilh�es no ano passado. O recorde anterior foi em 2010, com R$ 38,681 bilh�es.
Segundo a Anbima, no novo cen�rio h� duas sa�das para os investidores: poupar mais ou dirigir os seus recursos para investimentos com retornos maiores, por�m mais arriscados. Ser� preciso que os investidores fa�am uma an�lise mais criteriosa dos seus investimentos, avaliando se as alternativas escolhidas atendem ao seu perfil e os objetivos desses investimentos. Alexsandra Braga, presidente do Comit� de Educa��o de Investidores da Anbima, afirma que em 2013 os investidores sentir�o plenamente o impacto das quedas de juros promovidas ao longo de 2012.
“Os brasileiros ter�o que refletir sobre seus objetivos de vida e adotar estrat�gias financeiras adequadas para atingi-los”, sustenta Braga. Para ela, os investidores n�o devem procurar o investimento perfeito, porque ele n�o existe. O que h� s�o op��es adequadas para o perfil de cada um. “Quando vamos viajar, primeiro escolhemos o destino, depois come�amos a pensar no meio de transporte. N�o faz sentido viajar de avi�o se n�o sabemos onde queremos chegar”, observa. De acordo com a especialista, o mesmo acontece no universo dos investimentos. “Primeiro precisamos refletir sobre os nossos objetivos para depois escolher as op��es de aplica��o financeiras mais adequadas”.
Isso significa que o investidor precisa entender por quanto tempo pode deixar o dinheiro aplicado, levando em conta seus objetivos de vida, ao inv�s de olhar para o produto e pensar apenas na maior rentabilidade. As op��es v�o desde a cl�ssica caderneta de poupan�a, que teve a rentabilidade reduzida no ano passado para taxas Selic abaixo de 8,5%, � renda vari�vel, fundos multimercado, fundos imobili�rios, de renda vari�vel, aquisi��o de im�veis e at� investimentos em seu pr�prio neg�cio. Cada um com suas vantagens e seus riscos.
“A eleva��o da capta��o da poupan�a n�o tem l�gica financeira. As pessoas continuam aplicando na caderneta porque trata-se de um investimento seguro (o governo garante dep�sitos de at� R$ 70 mil) e porque j� conhecem essa aplica��o”, avalia Paulo Vieira, consultor e professor de finan�as e investimentos. No ano passado, a poupan�a nova passou a remunerar os dep�sitos com a TR mais 70% da Selic, sempre que a taxa estiver abaixo de 8,5% ao ano. Com isso, os rendimentos em 12 meses (para Selic a 7,25% ao ano) estacionam em 5%. S� para comparar, no ano passado a infla��o medida pelo �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 5,84%.
Mercado
Para Andr� Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, uma das boas op��es para os investidores este ano � a bolsa de valores. “A bolsa est� barata. Muitas empresas sofreram com o conjunto de not�cias ruins do ano passado e essas not�cias tendem a n�o se repetir”. Ele lembra, por exemplo, que a queda dos juros impactaram negativamente os bancos, mas que a Selic n�o vai continuar caindo. Por outro lado, Perfeito acredita que ainda que os juros subam, a alta n�o ser� t�o forte a ponto de atrapalhar um dos setores que mais v�m crescendo no pa�s, o de constru��o civil. “No mercado de capitais, os setores mais atrativos s�o os que foram mais castigados no ano passado, como petr�leo, bancos e comodititres em geral”.
De acordo com Marcelo Domingos, s�cio da gestora de fundos DLM Invista, os investimentos do passado j� n�o fazem nenhum sentido na realidade de juros na casa do um d�gito em que vive o Brasil. “Aos poucos, o investidor est� se dando conta de que os investimentos tradicionalmente alocados na renda fixa, que antes rentabilizavam 1% ao m�s, hoje entregam metade disso”. Segundo ele, se quiserem remunera��o melhor, ser� preciso arriscar mais, partindo para fundos multimercado e de a��es, que possuem excelente potencialidade, al�m de outros investimentos mais sofisticados. “H� fundos multimercado que rentabilizam 130% do CDI, mas esses s�o os mais arriscados. Essas duas classes de aplica��o financeira t�m crescido no pa�s”.
AS OP��ES DISPON�VEIS
Principais aplica��es financeiras e a rentabilidade de cada uma
CDB
Os tradicionais fundos de renda fixa perderam atratividade com a redu��o dos juros na economia e as taxas de administra��o cobradas pelos bancos ficaram altas. Em geral, a rentabilidade � de no m�ximo 100% do CDI. Quanto menor � o valor a ser aplicado, maior � a taxa. Os pequenos investidores devem pesquisar. Para render mais do que a infla��o, ela deve ser de no m�ximo 1% ao ano.
Poupan�a
Com a redu��o das taxas de juros, a poupan�a ficou mais atrativa do que os fundos de investimento, por isso a rentabilidade da caderneta foi reduzida. Com a Selic a 7,25% ao ano, em 12 meses a rentabilidade do dinheiro aplicado na poupan�a � de 5%. Em 2012, o IPCA ficou em 5,84%. Isso quer dizer que se os juros n�o subirem, os rendimentos da poupan�a possivelmente continuar�o perdendo para a carestia.
Fundos multimercado
A rentabilidade dos mais arriscados pode chegar a 130% do CDI. Para as pessoas f�sicas, isso faz toda a diferen�a, porque nos bancos os CDBs pagam no m�ximo 100% do CDI. Esse tem sido um dos principais destinos de migra��o dos tradicionais investimentos em renda fixa no pa�s. Os fundos s�o mais atrativos porque oferecem rentabilidade maior. Eles s�o op��es mais sofisticadas e os primeiros a migrar em sua dire��o foram os grandes investidores.
Bolsa
H� basicamente duas maneiras de aplicar no mercado de capitais. Diretamente, por meio de corretoras, ou aderindo aos fundos de investimento em renda vari�vel. Trata-se de um investimento rent�vel a longo prazo. Os analistas dizem que � essa a melhor op��o para quem est� pensando em juntar dinheiro para a aposentadoria. Como a bolsa est� em baixa, � um bom momento para investir em a��es, desde que o investidor possa esperar para resgatar o montante investido.
Tesouro Direto
Continua a ser uma op��o mais interessante para investidores conservadores. � poss�vel investir a partir de R$ 200. E n�o h� cobran�a de taxa de administra��o. Como a taxa b�sica de juros est� em queda, o ideal para quem vai entrar agora � optar por uma modalidade que garanta pelo menos a infla��o. � importante pesquisar as institui��es que cobram uma taxa de cust�dia mais baixa. O ideal � manter os t�tulos na carteira por cerca de dois anos.
Im�veis
O investidor ganha duas vezes quando aplica em im�vel. A primeira � com a rentabilidade do aluguel, que varia hoje de 0,4% a 0,6% ao m�s, dependendo da regi�o e tipo de im�vel. A outra � a valoriza��o bruta do im�vel, que est� na m�dia de 1,2% a 1,5% ao m�s na capital, ou 14% a 18% ao ano. H� o incoveniente de ter pouca liquidez, o que prejudica no caso de o investidor precisar fechar a venda com urg�ncia.
Fundo imobili�rio
O rendimento tem sido de 0,8% a 0,9% ao m�s. A aplica��o funciona da seguinte forma: o investidor compra uma cota do fundo, que tem v�rias aplica��es em im�veis. Pode ser investimento interessante no momento, mas analistas financeiros avaliam que � mais conservador do que a compra do im�vel. Outra vantagem � que o investidor n�o paga Imposto de Renda sobre o rendimento.