A alta da inadimpl�ncia nos �ltimos anos n�o est� relacionada apenas ao cr�dito farto e � falta de educa��o financeira do brasileiro. Estudo divulgado hoje pelo Servi�o de Prote��o ao Cr�dito (SPC Brasil) revela que a ansiedade e a insatisfa��o com a apar�ncia estimulam as compras por impulso e elevam o risco de calote pelos consumidores.
Segundo o levantamento, fatores emocionais s�o o principal motivo que leva os brasileiros a consumir sem planejamento. Um total de 85% dos entrevistados adquirem bens por impulso e 43% admitiram comprar em momentos de ansiedade, tristeza e ang�stia.
Os motivos para a ansiedade s�o diferentes conforme a faixa de renda. Nas classes A e B, a ansiedade em rela��o a eventos que se aproximam, como festas, jantares e viagens, representa o principal motivo para as compras sob impulso. Os consumidores das classes C e D, no entanto, mencionaram a insatisfa��o com a pr�pria apar�ncia e a necessidade de exibir um estilo de vida n�o condizente com a renda.
Para a economista respons�vel pelo estudo, Ana Paula Bastos, o aumento da renda e da oferta de cr�dito contribuiu para o aumento da impulsividade entre os consumidores. “Hoje, a popula��o tem acesso a produtos e bens que n�o tinha. A inser��o no mercado de trabalho e de consumo gera ansiedade e faz as pessoas agir por impulso. Em vez de ser um entretenimento saud�vel, a compra gera problemas”, disse.
O estudo detectou ainda que o brasileiro, apesar de se considerar preparado, n�o sabe lidar com o pr�prio dinheiro. Al�m do elevado percentual de compras por impulso, o levantamento mostrou que 74% dos entrevistados n�o t�m nenhum investimento, e 42% admitiram gastar tudo o que ganham, sem poupar nada. Nas classes A e B, 28% dos consumidores n�o conseguem guardar dinheiro, contra 53% nas classes C e D.
Em rela��o ao comportamento durante as compras, a pesquisa mostrou que 85% dos consumidores pedem algum desconto ao comprarem � vista. No entanto, a prud�ncia n�o se repete nas compras a prazo. A maior parte dos entrevistados (37%) declarou n�o prestar aten��o nas taxas de juros embutidas nos financiamentos, considerando apenas o valor mensal da presta��o. Nas classes C e D, a desaten��o com os juros � ainda mais marcante: 42%, contra 30% nas classes A e B.
Segundo a economista do SPC Brasil, a falta de educa��o financeira ainda � um entrave ao consumo. No entanto, o brasileiro est� disposto a aprender. “O consumidor ainda n�o sabe como se precaver, mas a pesquisa mostrou que ele quer aprender a planejar os gastos, o que � positivo. Esse comportamento se repete em todas as classes”, explicou.
Para evitar problemas, Ana Paula aconselha ao consumidor nunca gastar mais do que ganha, evitar despesas sup�rfluas e guardar dinheiro para imprevistos, como desemprego e problemas m�dicos. Em compras de alto valor, ela recomenda adiar o consumo por alguns meses para poder dar entrada maior e diminuir o n�mero de presta��es. Trocar d�vidas no cart�o de cr�dito e no cheque especial, que t�m juros altos, por empr�stimos pessoais com juros menores tamb�m diminui o risco de inadimpl�ncia.
A pesquisa da SPC ouviu 646 consumidores em todas as capitais do pa�s. O n�mero de entrevistados em cada cidade foi decidido com base no n�mero de habitantes em rela��o � popula��o economicamente ativa (PEA). O estudo tem margem de erro de 3,9%.