O empres�rio Eike Batista pretende multiplicar por quatro o faturamento da Marina da Gl�ria com seu projeto de reforma e arrecadar, por ano, at� R$ 40 milh�es com a loca��o da �rea para eventos, al�m de cobrar pelo uso de novas lojas, vagas para barcos e do estacionamento, que seria ampliado de 200 para 600 vagas. A cifra foi revelada ontem pelo representante da concession�ria REX Marco Adnet, em audi�ncia p�blica realizada na C�mara Municipal do Rio para debater o projeto para a Marina, no Parque do Flamengo, tombado em 1965.
“Com o novo projeto, esperamos sair de um faturamento que gira entre R$ 8 milh�es e R$ 10 milh�es para algo na ordem de R$ 30 milh�es a R$ 40 milh�es”, disse Adnet. A audi�ncia foi marcada pela aus�ncia da superintende do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan) no Rio, Cristina Lodi. Segundo assessores, ela estava em Bras�lia a trabalho.
No fim de janeiro, o Iphan aprovou anteprojeto da REX para a Marina, ap�s mudan�as na volumetria da constru��o prevista, com cerca de 15 metros de altura, e na ocupa��o de uma �rea originalmente destinada a piqueniques e de um bosque.
O projeto final do arquiteto �ndio da Costa depende de aprova��o do Conselho Consultivo do Iphan. Adnet disse esperar uma decis�o at� o fim deste m�s. A obra, segundo ele, precisa ser iniciada neste ano para ficar pronta at� dezembro de 2015, quando o local dever� ser usado para a realiza��o de um teste para a Olimp�ada de 2016. “Nossa inten��o � come�ar em agosto para entregar at� agosto de 2015, no m�ximo setembro.” O processo de licenciamento ambiental, em geral demorado, s� come�ar� ap�s eventual aprova��o do Iphan.
Adnet acrescentou que negocia interfer�ncias no projeto desde 2010 e que “agora o Iphan tem em m�os todos os elementos para a sua decis�o final”. “(Com a aprova��o neste m�s), acredito que at� junho os �rg�os municipais possam liberar suas licen�as. Restando ainda a valida��o do Minist�rio P�blico e do ju�zo, ao qual impetramos recurso, para a libera��o das obras. S�o prazos otimistas, mas poss�veis.”
�nico representante da prefeitura na audi�ncia, o presidente do Instituto Rio Patrim�nio da Humanidade, Washington Fajardo, defendeu o projeto de Eike. “Preliminarmente, tem qualidades arquitet�nicas e traz melhorias em rela��o � situa��o que temos hoje”, afirmou Fajardo.
Cr�ticas
O vereador Paulo Messina (PV) afirmou que as contrapartidas oferecidas pela empresa, entre elas a recupera��o da �rea de piqueniques e do bosque, s�o obriga��es. Segundo ele, o projeto servir� apenas para dar lucro � REX, bra�o imobili�rio de Eike. “N�o sei o que est�o propondo de benef�cio para a popula��o”, disse Messina. Adnet rebateu e afirmou que a explora��o de eventos e de espa�os comerciais est� prevista na concess�o.
O vereador Eliomar Coelho (PSOL) criticou o fato de usu�rios da Marina n�o terem sido ouvidos na audi�ncia e questionou a cria��o de mais 400 vagas sem estudo do impacto no tr�nsito. “O projeto precisa de viabilidade t�cnica e econ�mica, mas acima de tudo social. A �rea � p�blica”, disse Coelho.
Para Fajardo, h� “preconceito” contra a empresa de Eike. “Feliz � a cidade que tem grandes empres�rios. A Lota Macedo, que criou o Aterro, � filha de um grande empres�rio da �poca. O que tem de ser levado em considera��o � o ponto de vista t�cnico, que o projeto se adeque bem � �rea.” Jos� Marcondes, da associa��o de moradores da Gl�ria, apoiou a proposta e foi vaiado por ocupantes da galeria. Um representante dos hot�is Windsor elogiou o projeto, dizendo que a localiza��o “� perfeita” para um centro de conven��es.
Hoje, a REX � obrigada a destinar 8% do lucro com a Marina para a prefeitura. Segundo Adnet, est� em discuss�o mudan�a na f�rmula. “A remunera��o ocorreria por porcentual do faturamento, e n�o mais do lucro.”