A C�mara de Regula��o do Mercado de Medicamentos (CMED), formada por representantes de v�rios minist�rios, autorizou reajustes nos pre�os dos rem�dios. A decis�o foi publicada no Di�rio Oficial da Uni�o (DOU) de ontem e estabeleceu tr�s n�veis de aumentos: 2,7%, 4,51% e 6,31%. O maior percentual corresponde � infla��o oficial do pa�s, medida pelo �ndice Nacional de Pre�o ao Consumidor Amplo (IPCA), no acumulado de 12 meses encerrados em fevereiro. O �ltimo reajuste, ocorrido no fim do primeiro bimestre de 2012, foi de 5,85%.
A economista Adriana Molinari, da Tend�ncias Consultoria Econ�mica, explica que h� medicamentos com peso de 3,39% no c�lculo do IPCA. Por�m, destaca ela, os novos valores n�o v�o alterar as proje��es j� divulgadas para o IPCA para 2013, pois o reajuste ocorre todos os anos e j� era esperado pelo mercado. Mas segundo a especialista, reajustes nos rem�dios “pesam bastante no or�amento das fam�lias”.
Para os rem�dios cuja participa��o dos gen�ricos � de 15% a 20%, o aumento foi de 4,51%. Est�o na lista o anest�sico lidoca�na e o antipsic�tico risperidona. J� na categoria em que os gen�ricos respondem no m�ximo por 15% do mercado, a alta foi de 2,70%. Procurado pela reportagem, o Sindicato das Ind�strias de Produtos Farmac�uticos e Qu�micos para Fins Industriais no Estado de Minas Gerais (Sindusfarq) informou que o presidente da entidade, Carlos M�rio, n�o estava dispon�vel para comentar o assunto.
Por sua vez, em nota encaminhada ao Estado de Minas, o Sindicato da Ind�stria de Produtos Farmac�uticos no Estado de S�o Paulo (Sindusfarma) calculou que na hip�tese de todos os medicamentos serem reajustados pelos �ndices m�ximos autorizados, o crescimento m�dio ponderado ser� de 4,59%. A entidade esperava mais: "Mais uma vez, o governo aplicou um discut�vel c�lculo de produtividade que reduz o �ndice de reajuste e prejudica muitas empresas, ao impedi-las de repor o aumento de custos de produ��o no per�odo".
Cr�ticas
Dependentes dos medicamentos, por�m, pensam o contr�rio. O aposentado Sebasti�o Messias, de 61 anos, gasta cerca de R$ 150 mensais com diferentes rem�dios. “Tenho problema card�aco, mas preciso tamb�m tomar o Omeprazol, porque a quantidade de medicamentos afeta meu est�mago. Minha aposentadoria � de aproximadamente R$ 1 mil, portanto gasto cerca de 15% com rem�dios. Agora vou desembolsar mais”, lamentou o morador de Entre Rios de Minas, na Regi�o Central do estado.
Dona In�s C�ndida da Silva Gomes, de 58, tamb�m recebeu a not�cia com cr�ticas. “Minha filha, que fez transplante do p�ncreas, precisa se medicar com o azatioprina. Custa cerca de R$ 30. Tentei consegui-lo gratuitamente, mas est� em falta na rede p�blica. Estou desempregada. E ela, que tem 28 anos, recebe apenas um sal�rio m�nimo de ajuda do governo. O dinheiro, por�m, � para pagar as despesas com outros rem�dios, o neto e despesas do lar”, disse a mulher, que mora em Conselheiro Lafaiete, tamb�m na Regi�o Central.
A dona de casa S�lvia Tavares, de 43, lamenta os aumentos: “Uso o Somalium, que custa R$ 45. � um tranquilizante, destinado ao sistema nervoso. N�o trabalho e meu esposo � aposentado, mas recebe pouco mais de um sal�rio m�nimo. Ele tamb�m gasta com rem�dios, no tratamento contra o c�ncer. O jeito � torcer para o Brasil mudar para melhor?”, desejou S�lvia, que mora em Caranda�, na Regi�o Central.
Gastos devem tomar R$ 70 bi
Respons�veis por quase metade de todos os gastos dos brasileiros com sa�de, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), os medicamentos v�o pesar ainda mais no bolso do consumidor neste ano. De acordo com pesquisa divulgada ontem pelo Ibope Intelig�ncia, o mercado de rem�dios deve movimentar R$ 70 bilh�es em 2013, 12% a mais que no ano passado. A estimativa � de que a despesa anual por pessoa no pa�s seja de R$ 430,92.
De acordo com o estudo, a classe C � a maior consumidora de medicamentos. A estimativa � de que esses consumidores sejam respons�veis por 45% das vendas neste ano, ou algo em torno de R$ 31,7 bilh�es. Em seguida v�m as classes B (R$ 24 bilh�es), D e E (R$ 8,6 bilh�es) e A (R$6,6 bilh�es). Na an�lise por regi�o, a Sudeste � a que tem o maior potencial de consumo. Estima-se que Minas Gerais, Rio de Janeiro, S�o Paulo e Esp�rito Santo sejam respons�veis por 52% dos gastos com rem�dios, o equivalente a R$ 37 bilh�es, seguidos pelo Nordeste (18%), Sul (16,4%), Centro-Oeste (8%) e Norte (5,4%).
Despesas
A Pesquisa de Or�amentos Familiares (POF) divulgada no ano passado pelo IBGE j� antevia esse crescimento. O levantamento, referente ao per�odo 2008/2009, mostrou que 7,2% do or�amento m�dio mensal da fam�lia brasileira s�o gastos com sa�de. Em 2003, eram 6,5%. As despesas s�o lideradas pelos medicamentos (48,6%) e pelos planos de sa�de (29,8%), que juntos somam quase 80% dos custos.
Quando os dados s�o considerados por faixa social, o peso que os rem�dios representam no or�amento � maior na popula��o de renda mais baixa. Entre os mais pobres, chega a representar 74,2% dos gastos mensais. Para a classe A, cai para 33,6%.