O economista-chefe da Votorantim Corretora, Roberto Padovani, disse que o governo opera em duas frentes ao ampliar as medidas de desonera��o fiscal. Uma, de curto prazo, visa a reduzir o custo de produ��o e � avaliada pelo economista como correta. A outra tem em vista uma reforma tribut�ria mais ampla, negociada com os Estados. "O governo faz um pouco em cada frente e acho que isso pode gerar uma confus�o para entender direito sua estrat�gia", afirmou. "Mas a minha impress�o � de que o governo procura reduzir o custo de produ��o e encaminha uma agenda de longo prazo", afirmou, em entrevista ap�s palestra promovida pelo Conselho Regional de Economia (Corecon) nesta sexta-feira em S�o Paulo.
Questionado sobre como avalia a manuten��o do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido para ve�culos e medidas como a desonera��o da cesta b�sica, Padovani declarou que esse contexto carrega duas motiva��es e um problema. "A primeira motiva��o � que a economia est� fraca e o governo est� tentando dar est�mulo para que reaja. O segundo ponto � que o governo procura ter uma agenda de redu��o de carga tribut�ria e de custo de produ��o. O problema � que essa agenda de curto prazo somada � agenda de longo prazo cria confus�o e dificulta a leitura de qual � a estrat�gia do governo."
O economista disse que essas medidas ajudam no controle da infla��o no curto prazo, mas n�o definem tend�ncia. "Os fatores que determinam a infla��o t�m um f�lego maior. N�o � s� com desonera��o que voc� resolve."
Padovani espera que o IPCA (�ndice oficial de infla��o) encerre o ano em 5,5%. "Se a gente somar energia el�trica com cesta b�sica e outras desonera��es nos �ltimos 12 meses, isso pode ter tirado um ponto porcentual do IPCA nos �ltimos 12 meses." Ele estima que o IPCA supere 6,5%, teto da meta de infla��o, em abril ou maio. "Depois recua porque o pre�o dos agr�colas est�o bem comportados."
Padovani acredita que o Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) vai esperar dados da atividade econ�mica para elevar a taxa b�sica de juros, a Selic. "Acho que sobe em 125 pontos e encerra o ano em 8,5%. Deve subir no segundo semestre do ano, em julho ou agosto."
O economista prev� um Produto Interno Bruto (PIB) de 1,3% para o primeiro trimestre. "Quando voc� n�o sabe muito bem o que fazer, � melhor ficar quieto. Ent�o estou mantendo minha proje��o", brincou. "Acredito que agricultura vai ajudar e os investimentos em bens de capital est�o indo bem. Isso deve sustentar um PIB acima de 1%." Para o encerramento do ano, projeta um PIB "de 3%, 3,5%".
Perguntado se concorda com a avalia��o de alguns economistas de que a infla��o hoje se d� pela lado da oferta, e n�o da demanda, Padovani respondeu que "em parte � de oferta". "Voc� tem escassez por lado da oferta da m�o de obra, por exemplo. Isso a torna cara e pressiona a infla��o de servi�os, que pressiona a infla��o como um todo. Concordo que parte da infla��o deriva de um problema estrutural do mercado de trabalho."