O governo argentino anunciou hoje (10) o congelamento dos pre�os dos combust�veis por seis meses. Trata-se da terceira medida de controle da infla��o anunciada este ano. No final de janeiro, o secret�rio do Com�rcio Interior, Guillermo Moreno, fez um acordo com supermercados e redes de eletrodom�sticos para manter os pre�os est�veis at� mar�o. Faltando dias para o fim do congelamento, o governo renovou o acordo por mais dois meses. A medida foi publicada hoje (10) no Di�rio Oficial e determina que at� outubro ser�o mantidos os pre�os de 9 de abril.
Em entrevista � Ag�ncia Brasil, o ex-presidente da empresa de petr�leo argentina YPF, Daniel Montamat, criticou a medida. “O congelamento � uma medida de conjuntura para controlar a infla��o em ano eleitoral, mas prejudica a YPF, controlada pelo estado”. Montamat, que tamb�m exerceu o cargo de secret�rio de Energia, lembrou que “a YPF tem 58% do mercado de �leo diesel, 57% do mercado de gasolina Premium e 53% do mercado de gasolina super”.
Ele conta que h� um ano o governo expropriou 51% das a��es da YPF, que pertenciam a Repsol, alegando que a empresa espanhola n�o estava investindo em produ��o. A escassez de combust�vel levou a Argentina a gastar US$ 9,5 bilh�es, em 2012, na importa��o de energia - quase a totalidade do seu saldo na balan�a comercial. Este ano, os gastos estimados eram de US$ 13 bilh�es, mas um inc�ndio no in�cio deste m�s na refinaria da YPF, em Ensenada, prejudicou a produ��o local.
“A Argentina descobriu recentemente novas e importantes reservas, mas precisa de investimentos locais e estrangeiros para explor�-las e medidas como esta n�o ajudam”, disse Montamat. “As empresas aqui v�o ter que vender combust�vel pelo mesmo pre�o at� outubro, apesar de os custos de produ��o aumentarem – devido � infla��o – e de termos que importar energia a pre�o de mercado”.
Em outubro, ser�o realizadas elei��es legislativas na Argentina: a infla��o e a inseguran�a est�o no topo da lista das preocupa��es dos eleitores, segundo pesquisas de opini�o. Oficialmente, a infla��o na Argentina n�o passar� de 11% este ano, mas segundo economistas independentes e sindicatos, o custo de vida aumentar� entre 25% e 30% em 2013. Os aumentos salariais, no entanto, devem superar os 20%. Na Argentina, os aumentos s�o negociados entre empres�rios e sindicatos, mas precisam ser aprovados pelo Minist�rio do Trabalho.
Segundo Montamat, resolver a quest�o de escassez de energia na Argentina leva tempo e dinheiro. “A YPF calcula que tem que investir US$ 7,5 bilh�es ao ano, durante cinco anos. Mas precisa de parceiros e estes s� vir�o se houver uma pol�tica energ�tica est�vel”.