O quase monop�lio brasileiro sobre o suco de laranja provocou um aumento consider�vel do pre�o desta bebida e impulsiona � alta os pre�os de outras frutas destinadas a serem espremidas, consideram profissionais do setor na Fran�a.
Em quatro anos, os pre�os das laranjas aumentaram 55%, os das toranjas 115% e os das ma��s 60%, segundo a associa��o interprofissional francesa do setor (Unijus). E "para 2013, as perspectivas n�o s�o melhores", afirma o presidente da Unijus, Emmanuel Vasseneix, que teme aumentos de at� 70% para a uva, de 20% a 60% para a ma�� e de 40% para a toranja. A laranja, por sua vez, pode aumentar entre 10% e 25%.
A mat�ria-prima representa 53% do custo de produ��o do suco e os aumentos incidem imediatamente nos pre�os pagos pelo consumidor. Entre as explica��es por esta forte alta, Vasseneix evoca o gosto dos consumidores asi�ticos pelo suco de frutas, que estimula a demanda mundial. Mas, no que diz respeito � laranja, �, sobretudo, o "dom�nio do Brasil" o que inquieta os industriais franceses. "Por si s�, o Brasil controla 70% da produ��o de laranjas do mundo, e inclusive at� 85% com os pomares que adquiriu na Fl�rida", a outra grande regi�o de produ��o, afirma Vasseneix.
Emmanuel Manichon, presidente do Instituto Profissional para a qualidade dos sucos de fruta (Qualijus), estima que "o Brasil deixou de ser um pa�s em desenvolvimento". O sal�rio m�dio dos pomares dobrou em 10 anos e, simultaneamente, a moeda brasileira se valorizou em rela��o ao d�lar, contribuindo para o encarecimento dos pre�os.
Vasseneix sustenta que "o Brasil mant�m artificialmente o alto custo das mat�rias-primas, ao redor de 2.400 a 2.500 d�lares a tonelada de suco concentrado", levando-se em conta que � necess�rio um litro de concentrado para obter 6 litros de suco.
Enquanto a cota��o mundial corre o risco de ficar abaixo do teto dos 2.100 d�lares, o Estado brasileiro compra as reservas e as despeja no mercado interno atrav�s de um programa escolar de nutri��o. "Atualmente, as reservas alcan�aram n�veis recorde de 1,1 milh�o de toneladas", indica Thomas Gauthier, secret�rio-geral da Unijus.
Avan�o das videiras penaliza produ��o de suco
O efeito conjunto destes diferentes fatores � imediato em um mercado tenso, acrescenta Gauthier. E a laranja, a fruta mais consumida em suco no mundo, n�o � a �nica envolvida: a inquieta��o tamb�m existe em rela��o ao fornecimento de ma��s e uvas. "A China, uma das principais fontes de fornecimento mundial de ma��s, parou de espremer as suas em 2012 para destin�-las � venda da fruta", afirma Thomas Gauthier.
Segundo a revista Food News, a China produziu 33,2 milh�es de toneladas de ma��s em 2010, em compara��o com as 4,2 milh�es de toneladas dos Estados Unidos, o segundo produtor mundial, mas muito atr�s do pa�s asi�tico.
A ma�� chinesa completa frequentemente a produ��o francesa e a de outros pa�ses europeus, como em 2012, quando um inverno chuvoso e um tempo frio tardio no momento do florescimento afetaram a produ��o.
Quanto � uva, tamb�m atingida por esse mau tempo, a produ��o de suco encontra-se tradicionalmente em concorr�ncia com a de vinho. E o avan�o espetacular das vendas de conhaque na �sia aumentou a press�o.
"Em rela��o � uva, a produ��o de suco n�o � priorit�ria nunca, ao que se soma o fato de a Uni�o Europeia incitar o avan�o de videiras na Fran�a, It�lia e Espanha", lamenta Gauthier, afirmando que as capacidades de produ��o desaparecidas por isso foram sentidas em 2012.