A manuten��o do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido at� o fim do ano para carros novos � um al�vio para as montadoras - que ter�o o melhor abril da hist�ria em vendas -, mas mant�m o des�nimo no com�rcio de usados. A desvaloriza��o de pre�os segue acentuada, o que dificulta a troca por modelo mais atualizado.
Desde maio de 2012, quando o governo reduziu o IPI, o Fiat Palio Attractive com dois anos de uso, por exemplo, teve desvaloriza��o de 19,5%. O Chevrolet Agile LT 2011 perdeu 15,3% de valor, segundo pesquisa da consultoria Molicar. Os porcentuais incluem os efeitos da cobran�a parcial do imposto retomada em janeiro.
Visto como movimento normal num mercado que cada vez mais se aproxima das caracter�sticas dos pa�ses desenvolvidos, a perda acentuada do valor dos seminovos, com at� cinco anos de uso, ainda assusta consumidores brasileiros. “Muitos brasileiros ainda acham que o carro � investimento e n�o se conformam ao constatarem que um modelo comprado h� tr�s anos por R$ 45 mil hoje pode valer em m�dia R$ 30 mil”, diz V�tor Meizikas, analista de mercado da Molicar.
A infla��o medida pelo �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA)mostra que o pre�o dos carros novos subiu em m�dia 2,37% de janeiro a mar�o, em raz�o principalmente da volta parcial do IPI em janeiro. No mesmo per�odo, os carros usados tiveram defla��o de 0,23%. No acumulado dos �ltimos 12 meses, enquanto o carro novo teve o pre�o m�dio reduzido em 3,22%, o usado ficou 8,16% mais barato.
“A desvaloriza��o do usado reduz o f�lego do consumidor no momento em que ele tenta atualizar seu bem”, afirma Meizikas. No exemplo do Agile, seria preciso colocar quase R$ 9 mil a mais para trocar o modelo 2011 por um 2013. A desvaloriza��o no per�odo foi de 24,7%.
Para compor a tabela dos usados, a Molicar realiza pesquisas semanais e leva em conta os pre�os cobrados nas lojas. S�o ouvidas 500 revendas em S�o Paulo e 300 em 12 das principais regi�es de outros Estados.
Na avalia��o de Meizikas, ao conceder benef�cios fiscais para os autom�veis novos, o governo promoveu mudan�as no comportamento dos consumidores. Muitas pessoas que antes compravam um carro com at� quatro anos de uso agora partem direto para o zero.
Al�m do imposto menor, os bancos d�o prioridade ao financiamento de novos, com juros mais baixos e exig�ncia de valor menor de entrada. H� alguns dias, Roberto Giannetti, dono da Giannetti Autom�veis, estava prestes a vender um Nissan Sentra 2007 por R$ 30 mil.
“Antes de fechar o neg�cio, o cliente foi a uma concession�ria e preferiu comprar o zero”, diz Giannetti. “O carro novo custou R$ 60 mil, mas ele deu R$ 36 mil de entrada e financiou o resto em 48 vezes sem juros.”
Instalada h� quase 50 anos na regi�o conhecida como “Boca”, tradicional ponto de venda de usados no centro de S�o Paulo, a loja da Giannetti est� � venda. Ele busca um novo endere�o, em pr�dio menor. “Vend�amos em m�dia 100 carros por m�s, mas desde o ano passado essa m�dia � de 10 a 12, por isso n�o precisamos de uma �rea t�o grande”, afirma. “O neg�cio de usados est� muito ruim. O governo ajuda demais o mercado de novos e n�s n�o temos vez.”