Menos de 44% das pessoas desempregadas em Portugal receberam em abril o seguro desemprego. O percentual equivale a 418,1 mil benefici�rios entre as mais de 952,2 mil pessoas desempregadas no pa�s (correspondente a 17,7% da popula��o economicamente ativa).
O valor m�dio pago foi 487,67 euros (R$ 1.316) e est� abaixo do valor m�dio que era pago em abril de 2012, 501,13 euros (R$ 1.353). O valor do benef�cio depende das contribui��es recolhidas antes do segurado perder o trabalho e da composi��o familiar dos benefici�rios. De acordo com a legisla��o portuguesa, o prazo de concess�o do seguro desemprego tamb�m varia conforme o n�mero de meses com registo formal de pagamentos para a Seguran�a Social e corresponde � idade do benefici�rio.
O desemprego massivo e as limita��es da prote��o social pesam sobre o or�amento das fam�lias, tamb�m comprometido com a redu��o de sal�rios e aumento de impostos; o que pode acarretar endividamento. Segundo o Banco de Portugal (equivalente ao Banco Central no Brasil), no primeiro trimestre deste ano, mais de 691 mil pessoas em Portugal (quase 13% da popula��o economicamente ativa) estavam inadimplentes em pagamento de empr�stimos e presta��es.
As d�vidas para aquisi��o de im�veis contra�das antes da crise econ�mica s�o apontadas tamb�m como causas de empobrecimento em Portugal, sobretudo no caso da classe m�dia. Conforme o economista Carlos Farinha, professor do Instituto Superior de Economia e Gest�o, os especialistas j� apelidaram de “fam�lias sandu�che” os setores da popula��o “que n�o eram atingidos pela pobreza, mas que devido ao endividamento, da compra da casa, ficaram com um rendimento l�quido assim como o dos pobres”.
Carlos Farinha assinala que, apesar de n�o haver ainda �ndices oficiais atualizados sobre o empobrecimento da popula��o, h� indicadores indiretos de “alerta”, como o percebido na capital de Portugal por assistentes sociais nos rearranjos familiares que tornaram a casa de av�s resid�ncia permanente de netos e filhos atingidos pelo desemprego.
Segundo ele, as empresas prestadoras de servi�o p�blico relatam ao Observat�rio de Luta Contra a Pobreza na Cidade de Lisboa aumento dos domic�lios com liga��es el�tricas irregulares e o crescimento do n�mero de pessoas andando em transporte coletivo sem pagar. De acordo com o observat�rio, foram efetuados cortes de �gua em 11% dos domic�lios no ano passado.
Al�m das concession�rias p�blicas, os prestadores de atendimento social observam mudan�a de comportamento e aumento de demanda por servi�os em Lisboa. Esse � o caso das casas de acolhimento de idosos, dos alojamentos tempor�rios, dos centros de ajuda alimentar e at� dos centros de atendimento psiqui�trico que registram atendimento acima da capacidade instalada.