Em menos de tr�s meses, a d�vida das empresas brasileiras em d�lar pode ter aumentado R$ 16,4 bilh�es em consequ�ncia da desvaloriza��o cambial. Entre o fim de mar�o e a �ltima quinta-feira, 20, quando a moeda americana atingiu seu patamar mais alto desde 1.º de abril de 2009, houve aprecia��o de 11,84% em rela��o ao real.
Levantamento da empresa de informa��es financeiras Econom�tica envolvendo 114 empresas de capital aberto mostra que, no fim de mar�o, elas acumulavam d�vida de R$ 232,7 bilh�es em moeda estrangeira. Convertido ao d�lar Ptax de quinta-feira (R$ 2 2523), o estoque sobe para R$ 249,1 bilh�es.
S� a Petrobras responde por quase 55% do montante. A presidente da estatal, Maria das Gra�as Foster, disse, na sexta-feira, 21, que vai aguardar at� o �ltimo dia �til de junho para quantificar poss�veis efeitos do c�mbio.
Os dados da Econom�tica, com base nos balan�os enviados � BM&F Bovespa em 31 de mar�o, mostram que, no primeiro trimestre, o lucro das 114 companhias somou R$ 19,3 bilh�es. “Se a lucratividade for mantida no segundo trimestre, � assustador pensar que s� as despesas financeiras correspondem a 85% desse lucro com a varia��o cambial”, diz Einar Rivero, gerente de relacionamento institucional e comercial da Econom�tica.
Rivero pondera que os dados s�o v�lidos apenas se as empresas n�o fizeram novas d�vidas em moeda estrangeira no segundo trimestre nem quitaram parte delas. Al�m disso, companhias que fazem hedge - seguro para se defender de poss�veis varia��es cambiais - s�o menos penalizadas. De acordo com o levantamento, a d�vida em moeda estrangeira no primeiro trimestre equivalia a 44,7% do endividamento total bruto das companhias, que somava R$ 520,2 bilh�es.
Impactos
Pelos dados da Econom�tica, a d�vida da Petrobr�s teve acr�scimo de R$ 9 bilh�es por causa da virada do c�mbio. Soma agora R$ 136 6 bilh�es em moeda estrangeira, pela cota��o do d�lar de quinta-feira.
Depois da estatal, as empresas com maior endividamento s�o Oi (R$ 13,6 bilh�es), Eletrobr�s (R$ 10,3 bilh�es), JBS (R$ 8,8 bilh�es), Fibria (R$ 8,2 bilh�es), BRF (R$ 5,6 bilh�es) e Suzano (R$ 5,2 bilh�es).
O JBS, do segmento de alimentos e bebidas, informa que sua d�vida foi contratada nos Estados Unidos e ser� paga em d�lar - a oscila��o cambial n�o tem impacto nas opera��es.
A disparada do d�lar n�o � negativa para todas as empresas. Para aquelas que t�m receita em d�lar “� at� motivo de comemora��o”, conforme o diretor de finan�as e rela��es com investidores do grupo Fibria, Guilherme Cavalcanti.
Segundo ele, 92% da d�vida da companhia de papel e celulose � atrelada � moeda americana, mas sua receita tamb�m. “Mesmo que a d�vida aumente, a gera��o de caixa em reais tamb�m aumenta e a capacidade de pagamento dessa d�vida � maior quando o d�lar se valoriza”.
A Oi informa que 99% da sua d�vida bruta t�m prote��o cambial (hedge). O 1% restante est� coberto por opera��es de swaps e NDFs contratadas, e caixa mantido em moeda estrangeira. A Suzano relata que contrata d�vida em moeda estrangeira como hedge natural, uma vez que cerca de 50% das receitas v�m de exporta��es.