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Estado de Minas

Com entregas de obras, postos de trabalho est�o sendo fechados em Minas

D�ficit de trabalhadores, que j� foi estimado em 20 mil oper�rios, praticamente se anula no primeiro semestre, quando demiss�es foram 76,9% mais numerosas que no mesmo per�odo de 2012


postado em 24/07/2013 06:00 / atualizado em 24/07/2013 07:28

"Com esses cursos (montador de m�veis e mec�nico), posso ter uma profiss�o que consiga manter por mais tempo", diz Ricardo Santos Martins, 28 anos, ex-servente de obras (foto: JUAREZ RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
O cen�rio nos canteiros de obras da constru��o civil em Belo Horizonte mudou. No lugar de cartazes anunciando vagas para pedreiros e carpinteiros, entraram as faixas de “Vendem-se unidades neste local”. A procura desenfreada por m�o de obra para o setor na capital faz parte do passado. Tanto � que o d�ficit de trabalhadores, antes estimado em 20 mil oper�rios pelo Sindicato dos Trabalhadores na Constru��o de Belo Horizonte (o Marreta), hoje est� zerado.

O n�mero de trabalhadores demitidos na constru��o civil da regi�o metropolitana deu um salto de 76,9% de janeiro a junho deste ano, comparado ao mesmo per�odo de 2012, segundo levantamento do sindicato, que levou em conta as cidades de Belo Horizonte, Sabar�, Lagoa Santa, Nova Lima, Raposos e Ribeir�o das Neves. Nos primeiros seis meses de 2013, foram homologadas 8,2 mil rescis�es de contratos de trabalho, contra 2,6 mil no mesmo per�odo de 2012. S� para se ter ideia, o n�mero de demitidos neste ano j� supera o de todo o ano passado, quando foram dispensados 4,6 mil trabalhadores com mais de um ano de carteira assinada.

“O setor da constru��o civil sofreu retra��o como um todo. Acabaram as grandes obras e os trabalhadores foram embora. A estrutura dos grandes hot�is que est�o em constru��o, por exemplo, foi finalizada. As obras do Mineir�o, Independ�ncia e Cidade Administrativa tamb�m n�o demandam mais. N�o est� faltando servi�o, mas tamb�m n�o faltam trabalhadores”, afirma Osmir Venuto da Silva, presidente do Marreta.

A desacelera��o na contrata��o de m�o de obra � reflexo dos n�meros da constru��o civil. A ind�stria — que j� assegurou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no passado, com o setor agropecu�rio — registrou o primeiro resultado negativo significativo em anos no primeiro trimestre de 2013, com rela��o ao mesmo trimestre de 2012: queda de 1,3%. Para o presidente da C�mara Brasileira da Ind�stria da Constru��o (CBIC), Paulo Sim�o, o primeiro semestre deste ano se revelou muito ruim para o setor. "A constru��o civil, em geral, acompanha a performance do pa�s. Ainda n�o temos os n�meros consolidados, mas o semestre foi de retra��o", lamenta. O empres�rio destaca que apenas a ind�stria da constru��o civil contribui com 7% da forma��o do PIB do pa�s. "Mas se considerarmos toda a cadeia produtiva do setor, a participa��o sobe para 10%", pontua.

Apesar de sua import�ncia para a produ��o de riquezas do pa�s, no primeiro trimestre do ano, na compara��o com os �ltimos tr�s meses do ano passado, o desempenho da constru��o civil beirou a estabilidade, com retra��o de
0,1%, enquanto o PIB do pa�s evoluiu 0,6% no mesmo per�odo. No acumulado dos �ltimos quatro trimestres, o setor teve um resultado p�fio, de apenas 0,3% de crescimento. No mesmo per�odo, o PIB total aumentou 1,2%, revelando descompasso que n�o era comum no passado, de acordo com Sim�o. "Seguramente, n�o vai ser um ano bom", diz.

Em maio deste ano, os principais indicadores da constru��o tiveram recuo em Belo Horizonte, demonstrando que as incertezas macroecon�micas t�m afetado o segmento. De abril para maio, os lan�amentos ca�ram 87,78%, recuando de 352 para 43 apartamentos novos, segundo dados do Sindicato da Ind�stria da Constru��o Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG). O n�mero se refletiu no volume de vendas, que registrou queda de 75,4%, passando de 313 para 77 unidades, e tamb�m na velocidade de vendas, cujo �ndice retraiu de 14,76%, em abril, para 4,12%, em maio.

Para o vice-presidente da �rea imobili�ria do Sinduscon-MG, Lucas Guerra Martins, os n�meros mostram que o segmento n�o est� passando ileso diante do cen�rio econ�mico desfavor�vel. “A incerteza da conjuntura econ�mica foi transferida para o nosso comprador”, afirma Martins. Ele ressalta, no entanto, que o mercado est� se adequando � oferta e que n�o h� sobra de unidades. “Estamos longe de ter um problema no mercado imobili�rio. H� cr�dito dispon�vel e vontade do governo de financiar e diminuir o d�ficit habitacional. O crescimento estava focado no consumo. Mas hoje h� um sentimento de que o governo deve investir em infraestrutura”, afirma. No mercado de m�o de obra da constru��o, Martins acredita em estabiliza��o no pr�ximo ano. “As obras lan�adas no boom da constru��o, h� dois anos, est�o sendo entregues agora”, diz.

"Est�o precisando de costureiras nas fac��es. E n�o trabalhamos para uma empresa s�. S�o v�rias", afirma Ana Lucia Silva do Santos, ex-auxiliar administrativa de obra (foto: JUAREZ RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
CAMINHO INVERSO H� dois anos, quando houve a escassez de m�o de obra na constru��o civil, os sal�rios eram altos, o valor cobrado pelos profissionais para os servi�os em casa ficaram exorbitantes e muita gente abandonou empregos como de vendedores e caixas de padaria para ir para os canteiros de obras. Hoje o caminho mais comum � o inverso. Muita gente que sai n�o quer mais voltar. � o caso do servente de obras Ricardo Santos Martins, de 28 anos. Ele atuou na fun��o por dois anos e cinco meses, mas a obra, um condom�nio no Bairro Floresta, acabou e seu contrato foi rescindido. Com o dinheiro que recebeu R$ 2,62 mil), ele pretende fazer cursos de ajudante de montador de m�veis e de mec�nico. “Com esses cursos, posso ter uma profiss�o que consiga manter por mais tempo, al�m de gerar outras oportunidades”, diz.

Pre�os do servi�os continuam altos

A estabilidade de trabalhadores nos canteiros de obra ainda n�o teve reflexos nos pre�os dos servi�os dom�sticos, que sofreram escalada de valores pela escassez de profissionais nos �ltimos anos. O valor da di�ria do pedreiro, pintor, eletricista e bombeiro na capital hoje varia de R$ 150 a R$ 200, segundo o Marreta. “Mas o pre�o ainda deve cair. A crise econ�mica atinge primeiro a constru��o civil, depois o resto da popula��o”, observa Venuto.

Em junho deste ano, o pre�o da m�o de obra de servi�os em casa teve alta de pre�o de 1,77% em Belo Horizonte, segundo o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPC-A), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). A alta ficou acima da m�dia nacional, de 1,43%. Se levado em conta o acumulado do ano, a alta no pre�o dos servi�os em casa na capital chega a 7,41%, contra 5,04%, em m�dia, no pa�s.

Ana L�cia Silva dos Santos trabalhava como auxiliar administrativa em uma obra no Bairro Sion. Saiu h� um m�s. Com o dinheiro que vai receber, ela pretende fazer um curso na �rea de costura. “Est�o precisando de costureiras nas fac��es. E n�o trabalhamos para uma empresa s�. S�o v�rias”, diz.

De janeiro a maio deste ano, o setor da constru��o civil gerou 17,54 mil empregos em Minas Gerais, contra 28,39 mil no mesmo per�odo de 2013. “O setor continua a gerar vagas, mas em ritmo menor. H� maior equil�brio entre oferta e demanda”, afirma Ieda Vasconcelos, economista da C�mara Brasileira da Ind�stria da Constru��o (CBIC). (GC)


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