Um levantamento feito pelo Tribunal de Contas da Uni�o (TCU), obtido pela reportagem, revela "s�rios problemas de planejamento" na Infraero. Dos contratos analisados pelo �rg�o, 92,58% tinham erros e falhas que obrigaram a empresa a assinar termos aditivos, altera��es que quase sempre resultam em aumento imprevisto de gastos. No entanto, apenas 14,28% dessas mudan�as eram realmente justific�veis. Para analistas do tribunal, a situa��o � um "absurdo". "Infelizmente, essa pr�tica est� disseminada pelo Executivo", lamentou um t�cnico que preferiu n�o se identificar.
Dos contratos avaliados, apenas 7,42% estavam corretos. A ministra relatora do caso, Ana Arraes, fez duras cr�ticas � situa��o no voto que escreveu sobre o tema. "Os aditivos, que deveriam ser exce��o, acabam sendo regra nas contrata��es p�blicas", afirmou. "Os dados retratam o cen�rio invariavelmente encontrado por este tribunal na fiscaliza��o de obras p�blicas: projetos b�sicos deficientes ou incompletos, que n�o atendem integralmente � finalidade para a qual foram concebidos e, como consequ�ncia, demandam modifica��es substanciais", afirmou.
O TCU tamb�m encontrou problemas no Programa Federal de Aux�lio a Aeroportos, que n�o decola, e chamou a aten��o para a paralisa��o de obras nos aeroportos administrados pela estatal. At� junho, 10 estavam com contratos parados: Aracaju, Goi�nia, Marab� (PA), Macap�, Porto Alegre, Salvador, Santar�m (PA), Maca� (RJ), Santos Dumont (RJ) e Vit�ria (ES). Os problemas mais comuns eram atrasos na execu��o, defici�ncias em projetos de engenharia, descumprimento de cl�usulas contratuais e superfaturamento.
A assessoria da Infraero admitiu que os aditivos ocorrem em mais de 90% dos contratos, "considerando todas as corre��es necess�rias, acrescentando ou retirando valores ou prazos". Os processos envolvem as diretorias de Engenharia, Planejamento e Jur�dica. O presidente da estatal, Gustavo do Vale, informou que uma parte consider�vel dos transtornos na execu��o de projetos ocorre porque a empresa � 100% controlada pela Uni�o. "Prova disso � a rapidez com que a gest�o privada dos aeroportos consegue tocar obras, normalmente em poucos meses", disse. "� quase o mesmo tempo que gastamos apenas com formalidades", explicou o executivo, que defende a abertura de capital da companhia. "A livre iniciativa n�o tem essas complica��es", ponderou.