Era abril e o copresidente mundial do banco Goldman Sachs, Gary Cohn, desembarcou no Brasil animado, anunciando 50 contrata��es e a aposta de longo prazo no pa�s. Menos de seis meses depois, neste setembro, o chefe global do grupo financeiro e respons�vel pelos neg�cios da Am�rica Latina, Stephen Scherr, ainda se mostra animado e diz n�o haver crise � vista no Brasil, que o sistema financeiro est� mais saud�vel. Mas precisa dar a not�cia de que a institui��o est� realinhando as expectativas.
As contrata��es foram suspensas e as �reas do banco, redimensionadas em fun��o da volatilidade dos mercados financeiros globais depois que o banco central americano anunciou que pode terminar em breve seu programa de est�mulos � economia. O cr�dito ficou mais caro, as fus�es e aquisi��es rarearam e os mercados de emiss�o de a��es se fecharam. Com isso, as equipes destas �reas do banco foram reduzidas e outras foram ampliadas. O objetivo � reequilibrar os times para focar nas �reas que agora tendem a atrair mais neg�cios como a de “wealth management”, uma esp�cie de private banking.
Scherr garante que o banco est� ‘bullish’ com o Brasil, ou seja, na posi��o do touro, apostando na alta prolongada. Ele nega que o banco tenha cortado pessoal no Brasil e diz que o n�mero de funcion�rios caiu menos de 1% neste ano. Os dados do Banco Central mostram que os funcion�rios do Goldman Sachs eram 276 em junho deste ano, mesmo n�mero de mar�o e maior que dezembro.
Do ano passado para c� a institui��o saltou da 66ª posi��o no ranking das institui��es financeiras, por valor de ativos, do Banco Central, para a 47ª. Em dezembro, possu�a ativos da ordem de R$ 2,9 bilh�es, foi para R$ 6,8 bilh�es em mar�o e R$ 5,4 bilh�es em junho.
Mesmo assim, o Goldman est� ainda muito atr�s de outros competidores internacionais que atuam no Brasil como o Barclays, o JP Morgan ou o Morgan Stanley. Todos s�o empresas globais financeiras e podem se apresentar como alternativa aos bancos de investimentos locais. N�o � diferente com o Goldman. “Quantas pessoas globalmente est�o falando do Brasil dentro do banco? � bem mais que as 300 que est�o aqui. Elas est�o em Cingapura, na China, em Londres, em Nova York. E falamos mais do Brasil agora do que no passado.”
As empresas brasileiras, entretanto, ter�o de absorver a nova realidade de um cr�dito internacional mais caro, como diz Scherr. Isso abrir� espa�o para opera��es mais estruturadas e os bancos ter�o que investir em op��es mais criativas, de forma que as empresas possam captar l� fora.
Nos Estados Unidos, o banco tamb�m enfrenta as novas regras de exig�ncia de capital m�nimo, que podem ser ainda mais r�gidas que as previstas no acordo de Basileia 3. Certamente, segundo Scherr, isso deve fazer com o que o banco tenha que focar em atividades mais rent�veis.
No Brasil, ele reafirma que a aposta � de longo prazo. Diz inclusive que a atual volatilidade do mercado � natural e n�o acredita que haja um desinteresse dos investidores pelo BRICs (Brasil, R�ssia, �ndia, China e �frica do Sul), apenas um apetite por outros grupos de pa�ses.
Na economia, ele diz que o Brasil tem de enfrentar seus problemas com c�mbio, juros e infla��o, al�m do ajuste fiscal, mas que os investidores internacionais est�o dispostos a manter suas apostas no Pa�s, inclusive nos projetos de concess�o em infraestrutura, que devem ser leiloados em breve. “Se houver um pre�o adequado”. Ele n�o espera que as elei��es mudem o cen�rio. “Elei��es sempre carregam risco de volatilidade. Aqui, na Alemanha, nos EUA, sempre que h� elei��es.”