A onda de protestos que tomou as ruas das principais cidades brasileiras pode levar investidores a adiar decis�es de aportes no Brasil. A avalia��o � do diretor do Grupo de Pesquisas Econ�micas para a Am�rica Latina do banco norte-americano Goldman Sachs, Alberto Ramos. Ele disse n�o ser f�cil observar se j� estariam ocorrendo suspens�es de investimentos no Pa�s, mas assegurou que, quando manifesta��es com demandas sociais come�am a ocorrer num pa�s, os investidores tendem a esperar para ver o que vai acontecer. “� �bvio que algum impacto essas manifesta��es v�o provocar.”
De acordo com o economista, o que diferenciava positivamente o Brasil de outras economias era a aus�ncia de riscos pol�ticos e sociais. “Hoje, isso j� n�o � mais uma certeza, e o investidor vai aguardar para ver como o governo brasileiro vai canalizar as demandas sociais do ponto de vista da pol�tica fiscal”, observou.
Para Ramos, diante das fortes demandas sociais como as que est�o sendo expressadas pela popula��o nas ruas, fica a preocupa��o quanto �s consequ�ncias do cumprimento das solicita��es na pol�tica fiscal. Segundo o diretor do Goldman Sachs, se para atender as demandas das ruas o governo passar a gastar mais, poder� ocorrer d�ficit nas contas p�blicas e penalizar quem paga impostos.
“A ideia � o governo brasileiro passar a fazer mais com menos”, disse o economista, acrescentando que, do ponto de vista do investidor, quando se come�a a discutir plebiscito e referendos, como est� ocorrendo no Brasil, sabe-se quando e como isso come�a mas n�o se sabe como vai acabar.
“A�, o investidor vai exigir uma taxa de interna retorno (TIR) mais elevada, o que poder� afetar o crescimento no curto prazo.” E o multiplicador de crescimento no m�dio prazo, conforme Ramos, s�o os investimentos, e n�o o est�mulo ao consumo. “� importante ter mais efici�ncia”, sugeriu.
Cen�rio
Para Ramos, a realidade macroecon�mica brasileira se torna mais complicada diante do quadro do baixo crescimento da economia, da trajet�ria em eleva��o da infla��o e da maior competitividade que se instalou no mercado mundial.
A avalia��o de Ramos � que o grande desafio do Brasil agora n�o est� no cen�rio externo, que tende a piorar um pouco, especialmente pela crise pol�tica em Portugal. Para ele, em um cen�rio econ�mico global deteriorado, uma piora em um pa�s da Europa poder� afetar as economias emergentes e, por consequ�ncia a brasileira. “Mas o grande desafio do Brasil n�o � externo, mas a pol�tica fiscal e a infla��o”, alertou.