
O empres�rio Agilberto Martins da Costa, do ramo de alimentos e bebidas, tem tarefa �rdua pela frente nos pr�ximos meses. Ele precisa contratar 200 funcion�rios em um mercado de m�o de obra escassa e com cerca de 5 mil vagas em aberto em Belo Horizonte. O setor de alimenta��o fora de casa vive um d�ficit de profissionais e esse n�mero deve chegar a 7 mil trabalhadores at� a Copa do Mundo, segundo dados da Associa��o Brasileiras de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel-MG). Os sal�rios variam de R$ 700 (auxiliar de cozinha, gar�om e churrasqueiro) a R$ 5 mil (gerente, chefe de cozinha e ma�tre). Muitas vagas n�o exigem nem experi�ncia. Basta a vontade de trabalhar.
A capital vive pleno emprego e temos que encontrar profissionais que estejam dispostos a trabalhar em dia e hor�rios n�o convencionais, como � noite, s�bado, domingo e feriados”, afirma Lucas P�go, diretor executivo da Abrasel. Ele lembra que para a Copa do Mundo o setor vai ter demanda de outros profissionais que antes n�o eram procurados, como recepcionista e tradutor. “As a��es de qualifica��o e capacita��o, inclusive gratuitas, n�o faltam. O que falta � gente mesmo”, ressalta P�go. O segmento de alimenta��o fora do lar inclui bares, restaurantes, lanchonete, casas noturnas, cafeterias, cantinas escolares, entre outros.
"� uma tarefa dif�cil, pois vemos crise de emprego. Criamos um departamento de recursos humanos para conseguir atender a essa demanda”, afirma Costa. Ele est� h� 23 anos no mercado e conta que nunca viveu escassez de m�o de obra como agora. “Estamos estudando alguns benef�cios para tentar ter diferencial, como o plano de sa�de. Temos que despertar interesse maior pela empresa. Toda vez que trocamos o funcion�rio, � preciso treinar outro. Isso � custo a mais”, diz o empres�rio.
O mesmo desafio enfrenta o empres�rio Lindoval Conegundes, dono do restaurante Paracone, com unidades no Funcion�rios e Santa Efig�nia. Ele tem 103 funcion�rios e atualmente est� com oito vagas em aberto, para cargos como assistente de buffet, operador de caixa, copeiro, atendente e auxiliar de cozinha. Os sal�rios v�o de R$ 860 a R$ 1,2 mil. “Com o crescimento da economia, essas vagas ficam em aberto quase que constantemente”, observa. As vagas atuais n�o precisam de experi�ncia. “Se a pessoa tiver disponibilidade para trabalhar, oferecemos treinamento”, diz. Na avalia��o de Conegundes, cerca de 70% dos candidatos �s vagas no restaurante n�o est�o interessados no trabalho. “Eles precisam, na verdade, � de um carimbo de reprova��o para receber o seguro-desemprego”, afirma.
benef�cios Apesar de oferecer plano de sa�de, plano odontol�gico e sal�rio acima da m�dia, o empres�rio Rodrigo Nascimento enfrenta dificuldades na hora de contratar funcion�rios para os seus restaurantes, o Chico da Carne, que conta com tr�s unidades na capital. Ele tem cerca de 150 funcion�rios e sete vagas em aberto. “Est� complicado achar profissional para trabalhar no fim de semana e � noite. Chega um momento que temos que treinar a maioria dos funcion�rios”, diz.
Gar�ons e cozinheiros s�o os profissionais mais dif�ceis de encontrar, na opini�o de Herwig Gangl, propriet�rio da cervejaria Krug Bier. “O boom da economia tirou muita m�o de obra desse setor. � dif�cil achar m�o de obra qualificada”, diz. Na cervejaria Albano’s, o gestor da empresa, Rodrigo Ferraz, ressalta que costuma valorizar o “prata da casa” para tentar reter os funcion�rios. “Depois do crescimento do mercado e inaugura��o de hot�is, ficou mais dif�cil achar m�o de obra”, afirma. O setor de alimenta��o fora do lar soma 18,6 mil empresas em Belo Horizonte e emprega 111 mil funcion�rios. Em Minas Gerais s�o 105,5 mil estabelecimentos com 633 mil pessoas na atividade.

Qualifica��o � gargalo
Os cursos de gar�om e cozinheiro s�o os mais demandados no Senac de Minas Gerais. A partir de agora, com a proximidade do fim do ano, a tend�ncia � de ter maior procura, informa Hans Ainchinger, especialista em gastronomia do Senac. “As pessoas procuram mais em fun��o das festas, que costumam pagar mais”, diz.
Segundo ele, todos os estudantes que se formam na �rea de gastronomia do Senac saem empregados. “Sobra vaga e falta funcion�rio. A Abrasel me fala que precisa de profissional e eu falo que preciso de aluno. Falta qualifica��o nessa �rea”, diz o especialista. O Sebrae forma cerca de 60 a 80 cozinheiros por ano e entre 120 e 140 gar�ons.
O pizzaiolo Felipe Esteves come�ou a trabalhar nesta semana em uma pizzaria, depois de ficar dois anos em supermercado. Ele conta que ficou seis meses sem trabalhar, com o seguro-desemprego. “Fiquei fazendo free-lancer”. Quando voltou a procurar coloca��o no mercado, conseguiu tr�s ofertas de emprego. “Escolhi o melhor sal�rio e condi��es”, afirma.
O gar�om Adriano Ribeiro j� fez dois anos de curso de ingl�s para se qualificar. Concluiu os n�veis b�sico e intermedi�rio. “De vez em quando atendo algum cliente estrangeiro e falo alguma coisa em ingl�s. Mas a� eles acham que a gente est� avan�ado e querem estender a conversa. Tenho que dizer para ir devagar”, afirma Ribeiro. Ele trabalha em dois empregos e diz achar o ingl�s um idioma “fascinante”. “Saber o idioma n�o aumenta os ganhos no restaurante. Mas melhora o relacionamento com o cliente, cativa mais”, diz. (GC)