Sem exageros, as consequ�ncias de uma falta de acordo no Congresso norte-americano sobre a crise fiscal do pa�s podem ter maior dimens�o do que a crise financeira que estourou nas bolsas de valores em 2008. Vale lembrar que o pr�prio pa�s e a Europa est�o em fase de recupera��o dos efeitos da turbul�ncia mundial, destaca Alex Agostini, analista-chefe da Austin Rating, empresa classificadora de riscos. “Na crise de 2008, o que houve foi uma redu��o do n�vel de liquidez, da disponibilidade do dinheiro usado como empr�stimo, mas, agora, (com um default norte- americano), a mensagem seria a de que o pa�s n�o vai pagar o que deve”, diz.
Considerando a hip�tese de um calote, os investidores dos pa�ses europeus em crise n�o resgatariam seus t�tulos que est�o vencendo e tentariam resgat�-los em outros pa�ses, assim como os investidores asi�ticos. O resultado seria corte de investimentos. Com o d�lar decolando, as taxas de juros, quer dizer, o custo do dinheiro, subiriam. No Brasil, outro motivo seria o impacto do d�lar sobre a infla��o, tendo em vista a influ�ncia dos componentes importados sobre a produ��o, o que j� tem for�ado o governo a elevar a taxa b�sica, a Selic, que remunera os t�tulos p�blicos no mercado financeiro e serve de refer�ncia para as opera��es nos bancos e no com�rcio.
De acordo com a pesquisa Focus, feita pelo Banco Central para apurar a expectativa analistas financeiros, as previs�es para novembro j� trazem a perspectiva de alta da Selic a 10% ao ano, quando as estimativas anteriores estava em 9,75% anuais. O encarecimento do cr�dito significa press�o sobre os investimentos no chamado setor produtivo da economia, envolvendo a ind�stria e o com�rcio, o que resulta em preju�zo para a gera��o de empregos e os rendimentos da popula��o.
As exporta��es de pa�ses como o Brasil sofreriam tamb�m de forma dr�stica com o calote, lembra o economista Paulo Vieira, tendo em vista que em torno de 15% das vendas externas do pa�s t�m o solo americano como destino. “Os americanos compram do Brasil e de pa�ses que tamb�m importam produtos brasileiros, uma rea��o encadeada”, afirma. Os clientes americanos adquirem pe�as e acess�rios para autom�veis e aeronaves de fabrica��o brasileira, al�m de a�o, cal�ados, madeira, aparelhos e equipamentos telef�nicos, motores e compressores, ferro-gusa e ferroligas, entre outros itens. Os EUA s�o o maior importador mundial, com compras superiores a US$ 1,9 trilh�o por ano.