O maior leil�o de uma �rea de petr�leo no Brasil, o do campo de Libra, que ser� realizado amanh�, tem pelo menos um cons�rcio preparado para fazer lance. Re�ne a Petrobras e duas empresas chinesas que ainda n�o atuam no Pa�s, as estatais CNOOC e CNPC, al�m de outros dois grupos. E esse acerto, que deve garantir o sucesso do leil�o, pode ser apenas parte de um acordo mais amplo costurado com a participa��o dos governos brasileiro e chin�s.
Est�o no pacote os projetos de refinarias da estatal brasileira no Nordeste e possibilidade de compra e venda de participa��o de blocos explorat�rios.
As companhias chinesas, tidas como as grandes vedetes do leil�o de Libra, devem participar de forma mais comedida do que o esperado inicialmente, e apenas foram convencidas a entrar na disputa depois de ser oferecida uma parceria al�m do leil�o, mesmo que essa parceria ainda n�o esteja totalmente desenhada, segundo as fontes.
Discuss�es
A ideia est� em matura��o pelo menos desde 2012, antes mesmo de o governo anunciar os tr�s aguardados leil�es de petr�leo e g�s deste ano, sendo o mais importante o de amanh�, que inaugura o sistema de partilha e que render� ao governo R$ 15 bilh�es apenas em b�nus de assinatura.
J� no ano passado, a presidente da Petrobras, Gra�a Foster, deu uma pista desse caminho, ao ser questionada no conselho de administra��o sobre os esfor�os para encontrar um parceiro que descongelasse o projeto das refinarias do Nordeste, contou um interlocutor.
Como e por que algu�m investiria numa refinaria multibilion�ria, com interesses pol�ticos envolvidos, que a pr�pria Gra�a suspendera do plano de neg�cios, para revis�o, por estar cara demais? Pior, uma refinaria cujos combust�veis produzidos (os pre�os s�o controlados pelo governo) seriam vendidos por valores abaixo dos de mercado?
Gra�a, segundo a fonte, tinha uma resposta pronta: a Petrobras poderia fazer uma associa��o que envolvesse negocia��es com campos de petr�leo. A parte n�o rent�vel da refinaria seria compensada com uma oferta de um ativo de petr�leo.
As conversas entre a estatal brasileira e grupos chineses acontecem h� tempos. O presidente da Sinopec, Fu Chengyu, por exemplo, esteve no Rio no ano passado com uma comitiva de uma centena de funcion�rios e assessores. Tamb�m se reuniu com o ministro de Minas e Energia, Edison Lob�o.
Em meados deste ano, Gra�a viajou � China para fazer tr�s apresenta��es, de v�rias horas cada, a executivos de tr�s estatais. O tema foi principalmente o pr�-sal, mas tamb�m a constru��o da refinaria Premium I, no Maranh�o, segundo a pr�pria Gra�a.
“Fui e voltei da China em tr�s dias. N�o passei nem em hotel, tomei banho em aeroporto. O bom � que o celular n�o pega”, brincou, em coletiva, h� tr�s semanas. “Tudo o que a gente tem feito com os chineses tem sido uma experi�ncia boa.”
Carta de inten��es
Em 11 de junho, Gra�a e Fu formalizaram o acordo, com assinatura de uma carta de inten��es entre Petrobras e Sinopec para desenvolver estudo conjunto do projeto da refinaria maranhense.
O acerto pode ter seu pontap� se vencer o cons�rcio da Petrobras com chineses na disputa da �rea gigante de Libra, um prospecto com reserva estimada entre 8 bilh�es e 12 bilh�es de barris, quase t�o grande quanto todas as reservas provadas do Pa�s (15,7 bilh�es de barris). Segundo a Ag�ncia Nacional do Petr�leo (ANP), a estimativa � que a produ��o de petr�leo no campo possa chegar a 1,4 milh�o de barris por dia.
As negocia��es com a Sinopec, disse Gra�a, podem vir a ser estendidas para a Premium II, no Cear�, ambas com capacidade para processar 300 mil barris por dia. O projeto das refinarias ficou mais enxuto e menos oneroso ap�s a contrata��o de uma consultoria americana para revis�-los.
O presidente da C�mara de Com�rcio Brasil-China, Charles Tang, confirma que a negocia��o da Petrobras com a Sinopec envolveu o governo. “Tive o privil�gio de ser fomentador disso. O ministro (Lob�o) me disse que n�o aguentava mais discutir com as empresas que estava discutindo, pois n�o chegavam nunca a uma conclus�o”, disse.