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Estado de Minas

Cobi�ada pelo mercado, Copagaz descarta venda


postado em 25/11/2013 09:13

“Eu n�o tenho tempo para morrer.” Essa frase, dita assim, solta, fora de contexto, pode at� n�o fazer muito sentido, soar estranha. Mas � tratada como um bord�o dentro da Copagaz, companhia distribuidora de g�s de cozinha. Aos 89 anos, Ueze Zahran, presidente do grupo, dono da frase, � um homem sem tempo. Workaholic assumido, ignora a idade e o processo de sucess�o de sua empresa.

� frente da Copagaz, Zahran comanda o grupo com m�os de ferro. D� expediente di�rio e fica at� tarde - s� volta para casa � noite, a tempo de ver as novelas. “Choro dois len�os por cap�tulo”, diz. Centralizador, quer detalhes de todas as �reas do grupo, estrat�gicas ou n�o, dizem pessoas pr�ximas a ele.

O empres�rio � considerado uma lenda no setor de GLP (g�s liquefeito de petr�leo). Sem papas na l�ngua, tamb�m costuma dar expediente em Bras�lia quando precisa discutir diretamente assuntos do interesse da Copagaz e do setor.

A Copagaz � uma empresa muita cobi�ada. E Zahran sabe disso. Quinta maior companhia do setor, com participa��o de 7,9% no mercado de botij�o de 13 quilos e outros segmentos, a Copagaz � objeto de desejo das outras quatro concorrentes.


Para a l�der Ultragaz (grupo Ultra), com 23,2% de fatia de mercado, a aquisi��o a distanciaria da vice Liquig�s (controlada pela Petrobr�s), com 22,7%. A Supergasbras (da holandesa SHV Gas), com 21% de participa��o, e Nacional G�s (do grupo Edson Queiroz), com 18,9%, tornariam-se l�deres com a compra do neg�cio.

“Todo mundo quer me comprar, mas nunca vou vender a minha empresa”, afirma Zahran. Nunca pode parecer um pouco forte, mas ningu�m da fam�lia ousa contrari�-lo.

O empres�rio, que tem quatro filhos - tr�s mulheres e um homem - est� cercado de parentes na companhia e quer que o controle do grupo n�o saia do seu cl�. Em 2011, a Copagaz deixou de ser uma companhia limitada, tornando-se uma S/A (Sociedade An�nima), de capital fechado. Profissionalizar a gest�o com executivos de mercado, nem pensar. Abrir o capital, ent�o... “Nunca quis saber quanto me pagariam pela Copagaz.”

H� dois anos, a Copagaz chegou a olhar os ativos de GLP da espanhola Repsol no Pa�s, vendidos em outubro do mesmo ano para o grupo Ultra. “Desisti do neg�cio porque os ativos deles eram arrendados”, conta.

Pesado


Zahran comanda a Copagaz como se ainda fosse um simples comerciante. Filho de libaneses - seus pais vieram casados para o Brasil nos anos 20 e se instalaram em Bela Vista, cidade do Mato Grosso do Sul -, ele come�ou a trabalhar na adolesc�ncia no bar de seu pai.

Segundo filho de uma fam�lia grande, cinco homens e uma mulher, Zahran teve de pegar no pesado. Al�m do bar, tiveram uma padaria. Os neg�cios, contudo, n�o foram adiante.

A Copagaz nasceu em S�o Paulo, em 1955, quando Zahran j� tinha deixado Bela Vista para tentar a sorte na capital paulista. “Achei que o neg�cio de distribui��o de g�s dava dinheiro e tinha potencial para crescer no Centro-Oeste. Decidi presentear minha m�e, que morava no Mato Grosso Sul, com um fog�o a g�s. Ela se encantou com a luz azul que se formava debaixo da panela. No Centro-Oeste, todo mundo era dependente da lenha e da querosene, que deixava sabor estranho na comida.”

Quando criou a Copagaz, recebeu a concess�o para trabalhar em S�o Paulo e no Mato Grosso. “Quando entrei nesse setor, percebi algumas aberra��es. A Ag�ncia Nacional do Petr�leo autorizava (� �poca) apenas as multinacionais a atuarem no Brasil inteiro. As empresas nacionais tinham posi��o regionalizada e sofriam a concorr�ncia dos estrangeiros.”

Levando �s �ltimas consequ�ncias um dos bord�es de um dos personagens do humorista J� Soares - “Tirante o Aureliano, que fala, vice n�o fala” -, em alus�o ao ex-vice-presidente Aureliano Chaves, o empres�rio diz que foi atr�s do pr�prio para intervir pelo setor. “E deu certo. As nacionais conquistaram o resto do Pa�s.”

Seu tr�nsito no governo federal � conhecido e � motivo de controv�rsias. Fontes atribuem suas boas rela��es ao fato de ser dono de afiliadas da TV Globo no Centro-Oeste, o que lhe daria um poder de press�o extra.

Zahran passa ao largo desses coment�rios. “Quando precisam tratar de assunto espinhoso em Bras�lia, me chamam”, rebate. Foi assim quando discutiu com a ent�o ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, em 2003, no in�cio do governo Luiz In�cio Lula da Silva, a proposta de redu��o em R$ 10 dos pre�os do botij�o de g�s. “Fui l� para dizer que a conta n�o fechava, que as ind�strias ficariam com margem negativa”, diz. Desde ent�o, conta, tornou-se amigo de Dilma.

Criador de cavalo �rabe, Zahran conta que a presidente gosta desse assunto. “Eu a convidei para conhecer meus cavalos.” Segundo ele, Dilma teria recusado o convite por estar no meio de uma visita oficial da qual o presidente Lula fazia parte no Mato Grosso do Sul.

Sua bandeira atual � discutir a instala��o de separadoras de g�s ao Estado - hoje o GLP � levado para o Centro-Oeste por caminh�es-tanque. O projeto est� em pauta h� alguns anos, mas a Petrobras alega inviabilidade econ�mica. “Discuto isso desde 1995.”

Seus planos futuros nunca excluem a Copagaz.

O empres�rio at� j� chegou a diversificar os neg�cios com esmagadoras de soja, posteriormente vendidas, exportou caf�, mas sempre est� ao lado dos botij�es. “Eu imagino a minha m�e em cada dona de casa que recebe o botij�o”, conta, logo acrescentando que tem muita coisa para fazer. “P�e tempo a�, que eu n�o tenho tempo para morrer agora.”


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