Alta da expectativa de vida do brasileiro reduz a aposentadoria

Bras�lia - O brasileiro est� vivendo mais e, por isso, ter� que trabalhar por um per�odo maior at� se quiser se aposentar com o rendimento esperado. Dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) indicam que a expectativa de vida m�dia de homens e mulheres chegou a 74,6 anos no ano passado, um acr�scimo de cinco meses e 12 dias em rela��o ao resultado de 2011. Como a Previd�ncia Social usa esse indicador para calcular a concess�o de benef�cios por tempo de contribui��o, o fator previdenci�rio foi alterado.

T�cnicos da Previd�ncia estimam que, desde ontem, o segurado que contribuir por 35 anos e requerer a aposentadoria aos 55 anos ter� de trabalhar mais 153 dias corridos se quiser manter o valor de benef�cio. Para se ter ideia do impacto, se o trabalhador com sal�rio m�dio de R$ 1 mil tivesse se aposentado na semana passada, garantiria rendimento de R$ 716,93. Agora, o contracheque ser� de R$ 705,69, ou R$ 11,24 a menos. No caso de um segurado com 60 anos e 35 de contribui��o, o tempo de perman�ncia na ativa ser� de mais 173 dias para que a aposentadoria n�o seja reduzida.

O consultor e especialista em previd�ncia Renato Follador explicou que o c�lculo do fator previdenci�rio correlaciona o tempo de contribui��o com a expectativa de recebimento do benef�cio. Como a longevidade aumenta a cada ano, � preciso atualizar as tabelas usadas nos c�lculos das aposentadorias, como forma de evitar uma disparada do rombo no caixa do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que, em 2013, encostar� nos R$ 43 bilh�es.

Follador explicou que, como o brasileiro viver� mais cinco meses, em m�dia, o gasto com aposentadoria tamb�m subir�. Por isso o tempo de contribui��o passa a ser maior. Pelas contas dele, em m�dia, a perda do valor do benef�cio ser� de 0,25% a 1,67%. "Do ponto de vista da Previd�ncia � correto exigir mais tempo para a aposentadoria. Para o segurado, � ruim", avaliou.

NA ATIVA

O chaveiro Sebasti�o de Oliveira Castro, de 54 anos, n�o quer ouvir falar de aposentadoria. “Enquanto tiver for�a e sa�de vou trabalhar”. Ele, que contribui com a Previd�ncia h� pelo menos 20 anos, reclamou que n�o � poss�vel sobreviver com o valor do benef�cio. “Deixei de contribuir um tempo, voltei, mas n�o levo f� nisso. No fim das contas, a gente recebe uma mixaria. Gosto do que fa�o e vou continuar com a m�o na massa”, comentou.

Para o comerciante Raimundo Ivan Felix Teixeira, de 47, o fato de o brasileiro viver mais � positivo, uma vez que a qualidade de vida e as perspectivas de trabalho e sa�de melhoraram nos �ltimos anos. Entretanto, ele destacou que cada vez mais � dif�cil conseguir se aposentar. “Eu contribuo h� mais de 20 anos com o INSS, trabalho 15 horas por dia e vou receber um benef�cio pequeno. Vou me aposentar, mas sei que n�o vou ficar em casa encostado”, afirmou.