Em 2013, o consumo das fam�lias deixou de ser a alavanca para o crescimento da economia brasileira. Ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) divulgou o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do pa�s no terceiro trimestre, que registrou queda de 0,5% na compara��o com abril, maio e junho, levando em considera��o a s�rie com ajuste sazonal. No mesmo per�odo, o consumo das fam�lias avan�ou 1%. Quando se leva em conta o intervalo de janeiro a setembro, por�m, a soma de riquezas cresceu 2,4%, empatando com o percentual do consumo das fam�lias, que apresentou sua pior taxa de crescimento desde 2008, ano da crise financeira global. E a tend�ncia � que essa situa��o perdure em 2014. Em valores correntes, o PIB no terceiro trimestre de 2013 chegou a R$ 1,21 trilh�o e a queda de 0,5% � o pior resultado, nessa base de compara��o, desde o primeiro trimestre de 2009 (-1,6%).
“O consumo das fam�lias est� deixando de ser um fator que puxa o PIB para cima para ser um componente neutro. E isso � uma tend�ncia na medida em que o crescimento real da renda n�o est� ocorrendo no mesmo ritmo que vinha registrando anteriormente”, analisa Alcides Leite, professor de economia da Trevisan Escola de Neg�cios. De acordo com o Banco Central, o endividamento das fam�lias brasileiras com o sistema financeiro, que considera o total de d�bitos dividido pela renda no per�odo de um ano, foi de 45,31% em setembro. “Em anos anteriores, o consumo das fam�lias vinha sendo uma alavanca para o PIB”, lembra o economista.
Para Ant�nio Braz, t�cnico do IBGE em Minas, a expectativa � de que a diferen�a entre o PIB e a taxa de consumo das fam�lias se disperse aqui por diante. S�rgio Vale, economista-chefe da MB Associados, pensa o mesmo. Segundo ele, o consumo n�o deve conseguir crescer mais como nos anos anteriores. “N�o temos espa�o via renda e emprego para avan�ar como no passado, especialmente pensando em todos os est�mulos que foram dados (pelo governo federal) nos �ltimos anos, como Bolsa-Fam�lia, sal�rio m�nimo e oferta de cr�dito. Essa tend�ncia de um consumo crescendo pr�ximo da m�dia do PIB me parece a mais razo�vel”, diz.
De acordo com o IBGE, no terceiro trimestre de 2013, em compara��o com os tr�s meses anteriores, a agropecu�ria recuou 3,5%. J� a ind�stria e o setor de servi�os resgistraram avan�o de 0,1%, mantendo-se praticamente est�veis nesse intervalo. J� no acumulado do ano, pela �tica da produ��o, o agroneg�cio cresceu 8,1%, a ind�stria 1,2%, e os servi�os 2,2%. Quando se olha do lado da demanda, a despesa de consumo do governo aumentou 1,8%, a forma��o bruta de capital fixo 1,8% e as exporta��es de bens e servi�os 1,4%. J� as importa��es de bens e servi�os avan�aram 9,6%, pesando negativamente no resultado do PIB.
PRE�OS NO CAMPO
Pierre Santos Vilela, assessor t�cnico da Federa��o da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), explica o recuo na produ��o de riquezas da agropecu�ria no pa�s em julho, agosto e setembro frente ao trimestre anterior. “O resultado � fruto de fatores como a crise nas culturas de caf� e laranja, em fun��o dos baixos pre�os pagos aos produtores, e do fim da colheita da �ltima safra, encerrada exatamente no terceiro trimestre.” Ainda segundo ele, o que puxou o agroneg�cio para cima foram os resultados do trigo e do feij�o, gr�os que, no entanto, s�o produzidos em volume bastante inferior � colheita do primeiro semestre. Por outro lado, entre janeiro e setembro o crescimento foi puxado pela safra de gr�os, colhida no per�odo.
Apesar do resultado negativo do PIC no terceiro trimestre, na avalia��o de Andr� Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, a desacelera��o n�o foi necessariamente ruim. “Seria muito pior que o PIB acelerasse e o Banco Central fosse obrigado a segurar na marra uma economia de R$ 1,2 trilh�o”, acredita. Na avalia��o dele, os resultados ruins ficaram por conta da forma��o bruta de capital fixo (-2,2% no terceiro trimestre contra o segundo), que, como esperado, afundaram no p�s-junho. “Num cen�rio como esse � �bvio que o investidor iria tirar o p� do acelerador”, observa Perfeito.