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Estado de Minas

Adiamento da exig�ncia de airbag e freios ABS nos carros divide governo

Com a obrigatoriedade dos itens de seguran�a, quem deve pagar a conta � o consumidor. Pre�os podem subir 6%, mesmo com vendas desaquecidas


postado em 14/12/2013 06:00 / atualizado em 14/12/2013 07:43

Com pátios cheios no fim do ano, montadoras temem impacto nos preços e redução maior no número de veículos comercializados no país(foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
Com p�tios cheios no fim do ano, montadoras temem impacto nos pre�os e redu��o maior no n�mero de ve�culos comercializados no pa�s (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)


A tens�o est� instalada no governo e a bomba pode estourar no bolso dos consumidores. O Minist�rio da Fazenda decidiu peitar o Conselho Nacional de Tr�nsito (Conatran) e o Minist�rio das Cidades. Est� negociando em separado a implementa��o de itens de seguran�a com representantes da ind�stria automobil�stica. Diante da guerra n�o declarada entre ministros, a presidente Dilma Rousseff ter� de arbitrar se a partir de 1º de janeiro todo carro fabricado no pa�s sair� de f�brica com airbag e freios ABS. Por�m, a principal barreira �s prote��es extras aos motoristas � pol�tica e est� em S�o Bernardo do Campo (SP). Caso os carros brasileiros fiquem mais seguros, as linhas de produ��o da Kombi, do Gol G4 e do Uno Mille ser�o interrompidas. Quase 8 mil empregos ficariam amea�ados em ano eleitoral.

Caso a obrigatoriedade dos itens de seguran�a seja mantida, nem mesmo a frustra��o com as vendas num 2013 pior que o esperado e as perspectivas de baixo crescimento da economia em 2014 v�o impedir as montadoras de ve�culos de repassar farto aumento aos pre�os dos carros em janeiro. Os reajustes poderiam ser superiores a 6%, admitiu ontem o presidente da Fiat Chrysler para a Am�rica Latina, Cledorvino Belini, ao considerar que, al�m do retorno do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o governo confirmasse a exig�ncia da legisla��o que obriga a inclus�o do airbag e do sistema de freios ABS em toda a produ��o nacional.

Se o aumento previsto for aplicado, o consumidor vai perceber nas concession�rias diferen�a bem superior � que ele v� entre os pre�os dos modelos com e sem airbag e ABS. O pre�o dos carros populares b�sicos pode aumentar em torno de R$ 1,5 mil para incluir os equipamentos. Na concession�ria Pisa, de Belo Horizonte, revendedora Ford, um Fiesta Rocam motor 1.0 completo era vendido ontem ao pre�o de tabela de R$ 31.900, ante R$ 30.917 do mesmo modelo sem airbag e ABS, portanto 3,17% mais caro. Repassada a corre��o de 6% a partir de 1º de janeiro, o modelo hoje n�o inclu�do na legisla��o de seguran�a ser� vendido, pela tabela, por R$ 32.772. Estimativa semelhante pode ser feita para um ve�culo Gol 1.0 de quatro portas sem airbag e ABS, encontrado a R$ 29.590 na Mila Ve�culos. O carro completo � vendido com acr�scimo de R$ 1.200 (R$ 30.790), representando 4,05% de aumento.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou na quarta-feira que o governo avalia postergar para 2016 a obrigatoriedade do airbag e do ABS. Mas, depois da declara��o do ministro, o Minist�rio das Cidades e o �rg�o regulador de tr�nsito emitiram nota desmentindo o ministro. “O Minist�rio das Cidades/Denatran desconhece qualquer decis�o contr�ria �s Resolu��es 311/2009 e 312/2009 do Conselho Nacional de Tr�nsito”, informou o documento. “Portanto, est� valendo a determina��o do Conselho para que os fabricantes equipem com airbag e freios ABS os novos ve�culos colocados no mercado a partir de janeiro de 2014”, frisou. A presidente Dilma chegou, inclusive, a repreender Mantega por ele ter feito a declara��o de que a norma poderia ser adiada na portaria do minist�rio e antes que as negocia��es avan�assem.

A ind�stria, apesar da afirma��o do �rg�o regulador e da proximidade da data limite, continua a operar nas linhas de produ��o amea�adas normalmente. A tranquilidade ocorre porque a Fazenda, na ter�a-feira, ter� um encontro com a Associa��o Nacional dos Fabricantes de Ve�culos Automotores (Anfavea), quando o martelo ser� batido em torno da quest�o. Em vez de adiar em dois anos a execu��o da regra, uma implementa��o gradual pode ser aplicada de modo que, em vez de 100% da nova frota mais segura, apenas 80% dela sair� com os novos itens. Segundo o presidente da Fiat Chrysler na Am�rica Latina, 60% dos ve�culos produzidos pela montadora no pa�s j� oferecem os dois equipamentos de seguran�a, mas ele argumenta que o adiamento da obrigatoriedade seria “saud�vel para o mercado”. “O impacto � muito alto nos pre�os e poderia afetar a demanda”, afirmou.

Cr�ticas
“Se o governo quer continuar a arrecadar mais e manter os indicadores econ�micos favor�veis em ano eleitoral, n�o � com vidas que vai conseguir isso”, criticou Marilena Lazzarini, presidente do Conselho Diretor do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). A justificativa seria dar mais tempo para que as f�bricas se adaptem ao novo mercado. � poss�vel ainda que o governo d� uma redu��o do Imposto de Importa��o (II) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que incidem sobre os equipamentos de seguran�a, o que tornaria os itens mais baratos e minimizariam as repercuss�es sobre a infla��o. “O ministro fala em adiar, mas com certeza o carro dele tem airbag e freios ABS”, argumentou Luiz Carlos Augusto, s�cio-diretor da DDG Consultoria. “O governo tem mecanismos para diminuir o pre�o e, ainda assim, com a medida, a ind�stria ganharia escala e o custo ficaria baixo”, ponderou.


Mercado estacionado

Em meio � pol�mica em rela��o ao adiamento ou n�o da entrada em vigor da exig�ncia de que todos os carros produzidos no pa�s sejam equipados com airbag e freios ABS, o mercado d� sinais de desaquecimento, mesmo com o incentivo fiscal do governo. Em lugar da expans�o de 4% das vendas que as montadoras esperavam neste ano, o consumo ficou est�vel em compara��o ao resultado de 2012, de acordo com o presidente da Fiat Chrysler para a Am�rica Latina, Cledorvino Belini. “Nossa expectativa � de uma recupera��o em 2014 na mesma propor��o do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, a soma da produ��o de bens e servi�os no pa�s), estimado entre 2% e 2,5%”, afirmou o presidente da Fiat Chrysler para a Am�rica Latina. O mercado brasileiro est� dimensionado em 3,6 milh�es de unidades, o quarto do mundo.

As revendedoras temem um aumento de 6% dos pre�os. “Ser� um baque violento e, certamente, vai haver uma parada no mercado”, afirma Ant�nio Longuinho, gerente de vendas de ve�culos novos da concession�ria Pisa. Ele observou aquecimento dos neg�cios nas �ltimas semanas, que credita � tentativa do consumidor de fugir da virada das tabelas em janeiro. At� a efetiva��o dos novos pre�os, a estrat�gia ser� investir nas condi��es do estoque antigo. Para Michio Goto, gerente comercial da concession�ria Jac Motors, que s� trabalha com ve�culos equipados com airbag e sistema ABS, o repasse ser� recusado pelo cliente. Na compra financiada em 60 meses, o repasse de 6% dever� elevar as parcelas em R$ 60.

A consumidora Nelcineide Alves, aut�noma de 40 anos, mudou seu projeto de comprar um carro seminovo e optou por um zero-quil�metro com os itens de seguran�a. “Vou pagar mais, mas fiquei insegura de n�o conseguir vender depois por n�o ter airbag e ABS. Tamb�m vou investir na seguran�a da minha fam�lia”, disse ela.

Enquanto as concession�rias de carros nacionais ainda aguardam as transforma��es das montadoras nos modelos populares e tentam desovar estoques, as suas concorrentes de importados comemoram o ganho de competitividade, uma vez que j� comercializam ve�culos com os itens de seguran�a exigidos e os pre�os n�o ser�o afetados pela exig�ncia brasileira. O pre�o dos carros populares b�sicos pode aumentar em torno de R$ 1,5 mil para incluir os equipamentos e alguns modelos ter�o que sair de linha porque seus projetos originais nem sequer comportam a adequa��o. (MV e SK)


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