As turbul�ncias no sistema financeiro global provocadas pela retirada de est�mulos nos pa�ses desenvolvidos n�o afetaram os fundamentos da d�vida p�blica brasileira, disse hoje o secret�rio do Tesouro Nacional, Arno Augustin. Segundo ele, a maior parte do impacto da diminui��o das inje��es de d�lares pelo Federal Reserve (Fed), Banco Central norte-americano, foi absorvida no ano passado.
“As mudan�as nos Estados Unidos impactaram o mercado financeiro no ano passado. Em 2013, tivemos um momento delicado, mas o Brasil se saiu bem. Para 2014, n�o sou indicado para fazer previs�es sobre o comportamento da economia internacional, mas o importante � que grande parte do impacto sobre as treasuries [t�tulos do Tesouro norte-americano] j� ocorreu. O importante � que os fundamentos do Brasil nos t�m permitido transitar bem”, declarou o secret�rio ao comentar o Plano Anual de Financiamento (PAF) da d�vida p�blica de 2014.
Segundo Augustin, a decis�o do Banco Central da Turquia de elevar os juros b�sicos do pa�s de 7,75% para 12% ao ano para conter a desvaloriza��o da moeda local, a lira, ter� poucos efeitos sobre a economia brasileira. “N�o vou fazer nenhum coment�rio espec�fico sobre a Turquia. Acho normal que um ou outro pa�s passe por volatilidade no cen�rio atual. Isso n�o chega a afetar o Brasil de forma significativa”, disse.
Para o secret�rio, o fato de o governo ter conseguido melhorar a composi��o e aumentar o prazo da D�vida P�blica Federal (DPF) em 2013 mostra que os investidores mant�m a confian�a no Brasil e que a economia do pa�s continua s�lida. “O Tesouro se relaciona com o mercado no momento dos leil�es [de t�tulos da d�vida p�blica]. Os fundamentos [da economia brasileira] se mostram de forma objetiva, como a composi��o da d�vida p�blica, que est� pr�xima do n�vel �timo”, argumentou.
De acordo com o Tesouro, o n�vel de composi��o da d�vida p�blica considerado ideal consiste em 45% de t�tulos prefixados, 35% atrelados a �ndices de infla��o, 15% vinculados � Selic (juros b�sicos da economia) e 5% de t�tulos e d�vidas ligadas ao c�mbio, incluindo a d�vida p�blica externa. O PAF prev� os seguintes intervalos para a D�vida P�blica Federal no fim de 2014: 40% a 44% em t�tulos prefixados, 33% a 37% em �ndices de pre�os, 14% a 19% em taxas flutuantes como a Selic e 3% a 5% vinculados ao c�mbio.
O secret�rio tamb�m anunciou que, nos pr�ximos meses, o Brasil pode lan�ar t�tulos em euro ou iene (moeda do Jap�o) no mercado internacional. Desde 2006, o Tesouro n�o emite pap�is em euro. Os t�tulos vinculados ao iene n�o s�o lan�ados desde 2001. “Detectamos o interesse de empres�rios brasileiros em captar recursos no exterior em outras moedas al�m do d�lar. Ent�o podemos entrar no mercado para ajudar essas companhias”, explicou.
Segundo Augustin, o Tesouro n�o lan�a mais t�tulos no exterior para captar recursos, mas para obter as menores taxas poss�veis e fornecer um referencial para as empresas que lan�arem pap�is em outros pa�ses. No ano passado, o governo fez duas emiss�es no exterior. Em maio, captou US$ 800 milh�es com juros de 2,75% ao ano por meio de pap�is com vencimento em 2023.
Em outubro, o Tesouro captou US$ 3,25 bilh�es por meio de t�tulos com vencimento em 2025. No entanto, por causa da redu��o dos est�mulos monet�rios nos Estados Unidos, os juros obtidos corresponderam a 4,305% ao ano, a taxa mais alta desde 2010.
Por meio da d�vida p�blica, o Tesouro Nacional emite t�tulos e pega dinheiro emprestado dos investidores para honrar compromissos. Em troca, o governo compromete-se a devolver os recursos com alguma corre��o, que pode seguir a taxa Selic, a infla��o, o c�mbio ou ser prefixada, definida com anteced�ncia.