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Estado de Minas

Escassez de chuvas prejudica a produ��o de legumes e frutas e faz pre�os dispararem

Puxados pelo pre�o do tomate, que subiu at� 78% em menos de 15 dias, legumes e frutas ficam mais caros com estiagem e demanda na Quaresma. D�zia de ovos j� custa quase R$ 9


postado em 06/03/2014 06:00 / atualizado em 06/03/2014 07:40

(foto: Beto Magalhães/EM DA Press)
(foto: Beto Magalh�es/EM DA Press)
A aus�ncia de chuvas que amea�a o abastecimento de energia, tamb�m � problema para o produtor rural e, por consequ�ncia, para o bolso do consumidor. Com a produ��o de legumes e frutas afetada pela seca o valor dos produtos, por sua vez, volta a ser destaque no custo de vida. Nesse carnaval de pre�os, o cobrado pelo tomate � que o mais vem chamando a aten��o. A variedade Santa Cruz que custava, em m�dia, R$ 3,50 no varejo, em 21 de fevereiro, segundo levantamento do CeasaMinas, foi encontrada ontem por R$ 6,98 na banca Duarte Legumes, no Mercado Central. Em pouco mais de uma semana, o avan�o nessa variedade foi de 75,3%, enquanto o tomate ma�� avan�ou 78,7%, passando de R$ 4,98 para 8,90.


Nos supermercados (Epa e Verdemar) e sacol�es da cidade (Lisboa, Oba e Serra Verde) o tomate ma��, foi encontrado por pre�os que variam de R$ 4,99 a R$ 6,99. Outros itens como piment�o amarelo ou vermelho, al�m de algumas frutas e ovos, tamb�m apresentaram alta nos primeiros meses do ano, puxados tamb�m pelo efeito Quaresma. Na Duarte Legumes, o piment�o passou de R$ 6,98 para R$ 9,90, enquanto a d�zia de ovos, no Para�so dos Ovos, passou de R$ 5,50 para R$ 8,80. No sacol�o Serra Verde, no Bairro Serra, a alta generalizada nos pre�os de hortifruti, e de 30% no tomate, preocupa a gerente Maria Aparecida Ferreira. “Este ano a situa��o est� mais preocupante que nos anos anteriores e se a chuva n�o vier a situa��o pode piorar, com falta de produto e pre�os mais altos”, diz.

No ano passado, o fruto mais popular na salada do brasileiro foi apontado como vil�o da infla��o, uma esp�cie de porta-bandeira do bloco do drag�o. Entre janeiro e fevereiro do ano passado, o tomate chegou a registrar eleva��o de pre�os de 52%, mas apresentou retra��o nos pre�os – passando de R$ 6,90 o quilo, em abril, para R$ 1,88, em agosto, por exemplo – e nem assim foi capaz de reverter a infla��o no fim do ano. Alimentos e bebidas tiveram o maior impacto na infla��o oficial de 2013, que ficou em 5,91%, segundo o �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Sozinho, o grupo deteve 2,03 ponto percentual, ou 40% do �ndice.

Mudan�a de h�bito

Agora, com os pre�os do tomate voltando ao apogeu, os consumidores enxergam na substitui��o de legumes e no acompanhamento dos pre�os a solu��o para o problema. A aposentada Maria das Gra�as Silva Vilela confessa que diante da m� qualidade dos produtos afetados pela seca, acaba pagando mais caro para ter uma refei��o melhor � mesa. “Substituo pela cenoura, pelo chuchu, porque sei que alta � relevante porque os produtores est�o sofrendo com a seca”, revela.

Para a engenheira Cl�udia Mendon�a Castro, desde que os pre�os do tomate sofreram a primeira alta, eles nunca mais se regularizaram e o jeito tem sido acompanh�-lo de perto. “Com pre�os altos tento substituir o que � poss�vel. O que � insubstitu�vel tento economizar na quantidade”, lembra. Segundo a funcion�ria p�blica aposentada Selma Niffinegger, o consumidor � penalizado sempre que h� qualquer problema na oferta dos produtos. Mas ela garante que quando o pre�o de certo legume ou fruta est� muito alto, opta pelos mais baratos. “Os pre�os est�o altos e n�o tem como fugir, ent�o tento comprar menos para n�o jogar nada fora e tento substituir pelas frutas e legumes da �poca que s�o sempre mais em conta”, diz.

Os comerciantes, por sua vez, se preocupam com as chuvas, mas tamb�m com o abastecimento das lojas. De acordo com o gerente do sacol�o Lisboa, no Lourdes, entre as altas, a principal preocupa��o � com o tomate – o ma�� passou de um pre�o m�dio de R$ 2,99 para R$ 6,99. “O pre�o mais que dobrou devido a safra, que foi marcada pela falta de chuva e perdas para o produtor, que tiveram que plantar tudo de novo”, explica. “Estamos preocupados porque a chuva n�o � suficiente e as perdas acabam chegando at� n�s”, lembra. Para M�rcio Duarte, da Legumes Duarte, fatores como o feriado de carnaval, com diminui��o da colheita, impactam na oferta. “O consumidor tem reclamado, mas compra porque encontra um produto com qualidade em um momento onde a safra n�o � boa”, afirma.

Risco maior O professor do departamento de economia aplicada da Universidade Federal de Lavras (Ufla), Ricardo Reis, diz que o estio pode afetar o pre�o das hortali�as, e uma menor colheita de milho atingir o custo das carnes. No entanto ele acredita que a press�o dos alimentos sobre o custo de vida ser� menor em 2014 do que o observado no ano passado. “Temos a expectativa de uma colheita recorde de gr�os.” Para ele os grandes vil�es devem ser os servi�os, como hospedagem e transporte. “Os eventos esportivos devem pressionar a infla��o dos servi�os”, observa.

 

Problemas o campo amea�am

 

Pierre Vilela, coordenador da assessoria t�cnica da Federa��o da Agricultura de Minas Gerais (Faemg), explica que muitos produtores que n�o utilizam a irriga��o, esperaram a chuva de janeiro para plantar o tomate e que como ela n�o chegou desistiram do cultivo. “Por isso pode haver oscila��es no pre�o at� que a oferta seja regulada com o fornecimento do produto vindo de outras regi�es.” No sacol�o, a dona de casa deve se preparar tamb�m para uma poss�vel alta da batata. Pierre Vilela observa que a estiagem prejudicou o cultivo do alimento plantado em janeiro. Como n�o choveu, a colheita deve ser menor do que o esperado.

Se nas pr�ximas semanas as chuvas n�o encherem os reservat�rios das unidades de produ��o, mudan�as dr�sticas ter�o que ser feitas, como alterar o sistema de irriga��o para formas com gasto m�nimo de �gua e at� reduzir o plantio. “Nossa esperan�a est� na chuva para os pr�ximos dias. Estamos muito preocupados porque j� estamos tendo perdas no cultivo das hortali�as e daqui a 60 dias, quando a seca come�ar, poderemos ter que rever a produ��o para nos adequar � escassez de �gua”, alerta Benedito Rafael da Costa, vice-presidente da Central de Hortas de Sete Lagoas. Segundo ele, a quebra na produ��o est� entre 3% e 4%.

Marcos L�vio Daher respons�vel pela produ��o de mais de 50 tipos de hortali�as na regi�o de Capim Branco, Grande BH diz que o custo com energia cresceu 30%. “Com a estiagem temos que bombear mais �gua para irriga��o.” A preocupa��o do produtor tamb�m est� concentrada nos pr�ximos 60 dias, quando come�a a temporada de estio. “Se n�o chover o suficiente agora para encher os reservat�rios os pre�os devem encarecer na temporada da seca.” Para Benedito Rafael a �gua � fundamental a qualquer cultivo: “Temo que a seca leve o pa�s a uma recess�o.”

Ovos Os ovos e o frango tamb�m tiveram o pre�o aumentado nas duas �ltimas semanas. Segundo levantamento do Mercado Mineira a d�zia dos ovos brancos aumentou 15,28%, passando de R$ 4,32 em fevereiro de 2013 para R$ 4,98 no mesmo per�odo desse ano. Mar�lia Martha Ferreira, diretora-executiva da Associa��o de Avicultores de Minas Gerais (Avimig), diz que houve recupera��o dos pre�os e como a demanda durante os dias da Quaresma cresce para frangos e aves nas pr�ximas semanas pode haver altas ainda de at� 7%. 

 

Mem�ria

O vil�o que virou iada na internet

 

Em 2013, os alimentos e bebidas fecharam o ano com alta de 8,48%, somando maior impacto sobre o custo de vida que acelerou 5,91% no mesmo per�odo. No per�odo, tomate foi o porta-bandeira da alta de pre�os e chegou a ser rotulado como o vil�o do custo de vida. No pa�s, o produto chegou a registrar alta superior a 60%. Em Belo Horizonte, o quilo do produto comum, como o Santa Cruz, ultrapassou R$ 8 em alguns sacol�es da cidade, custando mais que o quilo de alguns cortes de carne. O tomate foi cortado da salada da dona de casa e encareceu a alimenta��o fora do lar. Tamb�m se transformou em piada na internet quando, em fevereiro do ano passado, j� acumulava alta anual de 52%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Nas redes sociais, assaltantes apareciam em busca de tomates que tamb�m se transformaram em presentes preciosos entre casais de namorados, que trocavam o alimento. A p�gina “Dilma Bolada”, no Facebook, aderiu � brincadeira com carestia do alimento popular e lan�ou o programa “Meu tomate, Minha vida”.


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