
O sucesso dos blocos de carnaval de Belo Horizonte em 2013 injetou �nimo nos comerciantes para a folia de 2014. N�o � para menos: o n�mero de blocos cadastrados na Belotur dobrou do ano passado para c�, de 70 para 140. Os foli�es, que na edi��o passada somaram cerca de 500 mil pessoas, agora devem chegar a 1 milh�o – a estimativa inclui quem brinca fora dos blocos. � espera da multid�o, lojistas de diferentes ramos, como bares, padarias e at� farm�cias, aumentaram os estoques de produtos t�picos da festa. H� quem estime aumentar as vendas em 300% em rela��o ao ano passado e, por toda a cidade, surge gente disposta a aproveitar a alegria dos blocos para ganhar um dinheiro extra.
Os blocos v�o passar por todas as regionais da capital. Alguns deles v�o brincar no Bairro Santa Tereza, na Regi�o Leste, onde Nivaldo Bicalho, dono da mercearia que leva seu nome, j� “convocou” alguns sobrinhos para ajudar nas vendas nos hor�rios em que os foli�es passarem pela Pra�a Duque de Caxias. No ano passado, ele comemorou o faturamento extra. Dessa vez, espera muito mais: “Minhas vendas de cerveja em lata devem crescer em torno de 300%”.
Nivaldo n�o aumentou o estoque apenas de cerveja. O comerciante tamb�m aposta numa marca de catuaba bastante consumida pelos jovens. “Comprei 200 caixas dessa marca (cada embalagem cont�m 12 unidades) e acredito que vou vender todas durante a festa. Para se ter ideia do que isso representa, � o mesmo volume que vendo ao longo de todo o ano”, comparou. Bares, restaurantes e similares, ali�s, t�m faturamento garantido pelos blocos. A Abrasel-MG, associa��o que representa o setor, estima que as vendas devam crescer 30% nessa folia.
Para a Abrasel-MG, devem ser injetados no setor gastron�mico mais de R$ 30 milh�es nos quatro dias de folia. O diretor executivo da associa��o, Lucas P�go, afirma que a mudan�a no carnaval de Belo Horizonte come�ou a ser sentida h� sete anos, mas que ficou ainda mais evidente no ano passado, quando muito associados se arrependeram de n�o abrir os estabelecimentos. “Era um movimento inverso, o belo-horizontino sa�a da cidade e BH ficava sem movimento. Os blocos trouxeram vida e fazem girar a economia”, afirma.

Junto com o bloco
As cervejas devem liderar as vendas e certamente v�o garantir renda extra a quem quiser fazer um bico na festa. Este ano, a prefeitura credenciou 400 ambulantes, escolhidos por sorteio entre mais de 1,2 mil inscritos, para vender bebidas e alimentos industrializados durante os desfiles dos blocos. Os sorteados devem acompanhar o desfile, da concentra��o � dispers�o, e t�m autoriza��o para negociar as mercadorias at� as 23h. Em rela��o � cerveja, os ambulantes s� poder�o negociar Skol, pois a bebida � a patrocinadora oficial do carnaval na cidade.
Muita gente, por�m, se diverte sem o consumo de �lcool. Bom para os comerciantes da lanchonete Pra�a do A�a�, na Avenida Jo�o Pinheiro, no centro da capital, onde o bloco Chama o S�ndico ir� desfilar na pr�xima semana. O grupo se encontra na Pra�a da Liberdade e se dispersa, depois de muita festa, debaixo do viaduto Santa Tereza. “Devemos vender de 40% a 50% mais nesse dia. N�o s� de a�a�, mas tamb�m de vitaminas, sucos e �gua. Estamos otimistas”, conta �rica Andrade, gerente do estabelecimento.
No Bairro Padre Eust�quio, o bloco Padreco se reuniu ontem e em outros tr�s dias na pra�a em frente � P�o da Padaria. “Quem me dera o bloco se concentrasse todos os dias! As vendas aumentam, nos dias da festa, em torno de 5%”, disse Oneir Oliveira Lima, gerente do empreendimento. O percentual pode parecer pequeno, mas basta lembrar que o com�rcio varejista da capital apurou alta de 4,61% no acumulado de 2013, segundo a C�mara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH). Os foli�es do Padreco se reuniram, este m�s, nos dias 2, 9, 16 e ontem. A despedida ser� na tarde do pr�ximo dia 23.
Contram�o
Ao contr�rio dos comerciantes que esperam a folia para aumentar a renda, existem outros que fechar�o as portas. No Santa Tereza, por exemplo, o tradicional Boteco do Orlando e a pizzaria Parada do Cardoso v�o dar folga aos funcion�rios durante os quatro dias. Segundo Orlando Silva de Siqueira, propriet�rio do Boteco do Orlando, o medo de tumultos e quebradeiras junto com a folia pesaram muito na decis�o. “Quando � clientela normal, � f�cil controlar. No tumulto da folia n�o conhecemos ningu�m e a maioria n�o respeita os limites impostos pelo bar. � melhor n�o abrir para n�o termos preju�zo”, afirmou.
Na Parada do Cardoso, o argumento � o mesmo. De acordo com uma das propriet�rias, Fabiana Sofia Carvalho, a decis�o foi tomada depois do estresse vivido no ano anterior e por eles n�o terem conseguido libera��o do Minist�rio P�blico para colocar grades de prote��o nas portas. “Com a prote��o nas portas, no ano passado, tivemos v�rias situa��es de desrespeito, como pessoas pulando a grade, usando o banheiro sem permiss�o, abrindo a geladeira e roubando cerveja. Imagina sem a prote��o”, diz Fabiana, que afirma que pode reavaliar a abertura no carnaval de 2015 se tudo ocorrer bem neste ano.

Acess�rios
Os blocos tamb�m garantem boa renda para a designer Ad� Scalco, que produz e comercializa m�scaras exclusivas para os foli�es. Em m�dia, cada pe�a sai a R$ 60. “Sou empolgada com fantasias. Me fantasiei de colombina numa festa. Foi a minha primeira m�scara. Queria chamar aten��o para mim, mas sem ser vista, ou seja, de um modo elegante e ao mesmo tempo misterioso. A m�scara instiga a curiosidade. Ainda n�o trabalho em grande escala, pois s�o m�scaras artesanais. � um processo delicado, personalizado. Como materiais, uso bases de pl�stico, lantejoula, missangas, pedraria, cristais, plumas, penas etc”, disse Ad�, que criou a marca AdeRe�os, que pode ser encontrada no Facebook.