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Estado de Minas

Faculdade p�blica sai pelo pre�o de particular no interior de Minas

Gastos de estudantes de universidades federais passam dos R$ 800


postado em 10/03/2014 06:00 / atualizado em 10/03/2014 07:54

Thaiss Moreira e Natália Medeiros moram juntas em Viçosa(foto: Juarez Rodrigues/EM DA Press)
Thaiss Moreira e Nat�lia Medeiros moram juntas em Vi�osa (foto: Juarez Rodrigues/EM DA Press)
Lavras, Vi�osa, Ouro Preto, Mariana e S�o Jo�o del-Rei – Passei no vestibular, vou me mudar. E agora, fam�lia? Nem sempre a aprova��o em uma universidade federal � sin�nimo de arrefecimento de gastos no or�amento dom�stico, principalmente depois da grande expans�o do ensino superior no Brasil desde meados dos anos 2000. Se a faculdade for privada, ent�o… Em muitos casos, mesmo se o aluno foi aprovado numa escola p�blica, as despesas com moradia, alimenta��o, livros, lazer, aulas extras, como ingl�s e academia e mais a viagem de volta para casa nos feriados podem se tornar maiores que o gasto com a mensalidade de uma faculdade particular.

� o que mostra a segunda reportagem da s�rie que o Estado de Minas apresenta desde ontem sobre os efeitos da expans�o da educa��o de n�vel superior na economia em cidades que acompanham esse crescimento no interior de Minas Gerais. Como nem sempre � poss�vel estudar perto de casa, planejar os gastos e fazer poupan�a para o ensino superior � uma matem�tica que pode trazer al�vio para as contas dom�sticas. Pesquisa feita pela Universidade Federal de Lavras (Ufla) indica que, a despeito do ensino gratuito, os estudantes da gradua��o e p�s-gradua��o gastam, em m�dia, R$ 800 por m�s. J� pesquisa da consultoria Hoper Educa��o aponta que, no pa�s, o custo m�dio da mensalidade. Em institui��es particulares de ensino superior � de R$ 536 e em Minas, de R$ 632, valor 18% acima da m�dia nacional.

Engana-se tamb�m quem pensa que a press�o do custo de vida no interior � pequena. O f�lego da infla��o de 2013 assustou nas cidades de Minas Gerais. Em Lavras, no Sul do estado, o custo de vida subiu 16,93%, maior eleva��o dos �ltimos seis anos, ante uma varia��o de 5,75% do �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) medido na Grande BH pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Vi�osa conviveu com a infla��o de 9,12% apurada pela universidade federal da cidade (UFV), enquanto em Montes Claros, no Norte mineiro, os gastos do dia a dia encareceram 7,59%, em m�dia. Essas tr�s cidades, que t�m indicadores pr�prios do custo de vida, j� haviam enfrentado significativos aumentos em 2012.

Em Vi�osa, os alugu�is assumiram a condi��o de principais vil�es do custo de vida, com varia��o de 14,89% entre janeiro de 2013 e o mesmo m�s deste ano, informou o professor J�der Fernandes Cirino, um dos coordenadores do IPC medido pela UFV. Os gastos com condom�nio tamb�m n�o deram tr�gua ao consumidor na cidade, exibindo alta de 8,91%, em m�dia, no per�odo comparado. “Parte desse comportamento reflete a demanda criada pelos alunos e servidores da universidade”, observa J�der Cirino.

Os aumentos foram aplicados sob protesto dos amigos e colegas na UFV Thaiss Pinto Moreira, de 22 anos, e Nat�lia Menezes Medeiros, de 21. Thaiss deixou a vizinha Amparo da Serra para estudar jornalismo na prestigiada UFV, mas jamais esperou pagar R$ 1,2 mil em despesas b�sicas por m�s, sem contar um �nico centavo gasto com lazer. “O aluguel chegou a R$ 850 em dezembro, sendo R$ 100 a mais em um m�s, e o condom�nio custa R$ 250. Ainda assim, vi apartamentos que n�o tinham sequer ventila��o”, afirma. Para ajudar nas despesas bancadas pelos pais, Thaiss conta com a bolsa de est�gio, de R$ 300.

O sentimento de indigna��o n�o � diferente quando a amiga Nat�lia, aluna do curso de engenharia de alimentos, lista cada item do or�amento. N�o era algo que imaginava enfrentar ao deixar Bom Jesus do Itabapoana (RJ), distante 200 quil�metros. “Gasto muito mais aqui, sem d�vida”, afirma a estudante, que decidiu procurar est�gio fora da universidade, na expectativa de maior ganho. “Em Lavras, observamos grande expans�o da economia com destaque para o setor imobili�rio. Tamb�m pressionam os pre�os o setor de abastecimento, servi�os prestados por profissionais dom�sticos e da constru��o civil. H� grande demanda por hotelaria e lazer, sendo que o principal fomento vem da expans�o universit�ria”, observa Ricardo Reis, professor do departamento de economia aplicada da Ufla.
Para a aluna Yulla Marques, desembolsos com moradia são os mais pesados(foto: Paulo Filgueiras/EM DA Press)
Para a aluna Yulla Marques, desembolsos com moradia s�o os mais pesados (foto: Paulo Filgueiras/EM DA Press)

A estudante de engenharia florestal Let�cia Bottrel � de Vinhedo, em S�o Paulo, e mora h� tr�s anos em Lavras, no Sul de Minas. Let�cia divide apartamento com tr�s amigas e diz que nos �ltimos anos a maior press�o em seu or�amento de estudante veio dos aluguel e alimentos. “Meus gastos com supermercado cresceram 60%”, calcula. Yulle Marques, de 20, est� terminando o curso de jornalismo na Universidade Federal de S�o Jo�o del-Rei. Para auxiliar na despesa, ela faz est�gio e acredita que gasta, por m�s, perto de R$ 800, sendo que R$ 350 � o custo da moradia. “O maior peso.”

Para driblar o boom imobili�rio que elevou o valor de alugu�is, o artif�cio de redividir o apartamento para esticar o n�mero de moradores virou alternativa em rep�blicas de Mariana e de Lavras. A paulista Rafaela Barros Pereira, de 27, aluna do curso de Servi�o Social da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), n�o se conforma em gastar para viver na cidade hist�rica os mesmos R$ 500 que pagaria pela mensalidade de uma faculdade privada pr�xima de onde vive com a fam�lia, Pontal, a 680 quil�metros do atual endere�o. “Transformamos a sala e a garagem em quartos para tentar reduzir as despesas de cada um.”


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