Golpe usa falsa seguradora para enganar aposentados

Um novo golpe pode estar sendo aplicado a aposentados em todo o Brasil e j� chegando a Minas Gerais. Uma correspond�ncia de uma empresa chamada ESPP Brasil � enviada pelos Correios informando que o segurado teve liberado um pec�lio em vida no valor de RS 72,4 mil mais aposentadoria complementar vital�cia de cinco sal�rios m�nimos. Para receber a quantia, a v�tima precisa pagar uma taxa de 4% do valor do pec�lio referente � complementa��o do plano, uma vez que o benefici�rio teria supostamente contribu�do por 12,5 anos, seu plano � de 15 anos para o recebimento do pec�lio.

De acordo com a Superintend�ncia de Seguros Privados (Susep), �rg�o respons�vel pelo controle e fiscaliza��o dos mercados de seguro, previd�ncia privada aberta, capitaliza��o e resseguro, vinculado ao Minist�rio da Fazenda, a ESPP n�o � uma empresa de seguros, j� que n�o � cadastrada para atuar nos mercados supervisionados pelo �rg�o. “Acredito que sequer exista tal empresa. Ao que tudo indica, � um estelionato aplicado por alguma quadrilha em v�rias regi�es do pa�s”, afirma Antonio Carlos Fonseca, chefe de gabinete da Susep. O �rg�o orienta ainda que n�o seja feito qualquer tipo de pagamento nesses casos e que a pessoa que receber esse tipo de correspond�ncia envie um comunicado � autoridade policial local. “Recebemos muitas reclama��es similares, e como trata-se de fato criminoso encaminhamos sempre of�cios � Pol�cia Federal, Policia Civil e Minist�rios P�blicos Estaduais, para que sejam adotadas as medidas cab�veis”, explica Fonseca.

O que mais intriga � como os golpistas conseguem ter acesso a diversos dados sigilosos das futuras v�timas. Muitas pessoas, ao constatar a exist�ncia dos n�meros reais do CPF, PIS, telefone e endere�o, acabam ficando mais suscet�veis a cair no golpe, sobre o qual ainda n�o h� muitas informa��es. O nome da seguradora ESPP Brasil � indicado na ap�lice, que n�o informa um site, nem mesmo o Cadastro Nacional de Pessoa Jur�dica (CNPJ) da empresa. A ap�lice enviada ainda destaca o nome da advogada, Janaina Santana, com carimbo, n�mero da inscri��o na Ordem dos Advogado do Brasil (OAB-DF) e rubrica. No entanto, a OAB informou que a inscri��o dela est� cancelada no Distrito Federal, constando uma outra em Goi�nia, tamb�m extinta.

A OAB-GO informou que consta no hist�rico da advogada o telefone comercial (62) 3259-5548, mas que n�o est� em opera��o. Ainda de acordo com o �rg�o, esse tipo de golpe � comum tamb�m em Goi�nia, envolvendo benef�cios previdenci�rios, corre��o de poupan�a, etc. Geralmente, os supostos advogados apresentam-se com inscri��o em outro estado. A recomenda��o da OAB nesses casos � que, ao ser procurado nesse tipo de situa��o, o cidad�o busque orienta��o com um advogado de confian�a e confira na OAB se sua inscri��o est� regular.

O endere�o da seguradora � de Bras�lia, CRS 502, Bloco D, Loja 47, Asa Sul, assim como os telefones de contato dispon�veis com DDD 61 com os n�meros 8264-9458 e 8264-9460. E, apesar de constar os endere�os do Distrito Federal, o carimbo do Correio no envelope � de Benfica, Bairro de Fortaleza, no Cear�.

ENDERE�O FALSO Para averiguar, a reportagem do Estado de Minas foi at� o local descrito na ap�lice, mas n�o encontrou o endere�o da seguradora. O seguran�a Max Martins, de 44 anos, trabalha no local h� mais de oito anos. Ele fica posicionado em frente � �ltima loja do Bloco C, na 502 Sul. O funcion�rio explicou que todas as quadras da W3 s�o dividas por apenas tr�s blocos. “N�o existe bloco D. Tanto no ano passado quanto neste ano apareceram v�rias pessoas aqui procurando por este endere�o e por esta ESPP”, disse. Os funcion�rios do com�rcio local tamb�m disseram desconhecer a exist�ncia da empresa. Na mesma quadra, existem outras lojas de seguradoras e uma ag�ncia da Previd�ncia Social.

A reportagem tamb�m entrou em contato pelos telefones informados por v�rias vezes. Em apenas uma das tentativas a chamada foi atendida por uma mulher, que se identificou com o nome Maria. Segundo ela, o telefone � da empresa ESPP Brasil, mas no momento todos os atendentes estavam ocupados. A rep�rter disse ser filha do beneficiado e a mulher informou que apenas a pessoa identificada na ap�lice poderia entrar em contato. No entanto, a reportagem continuou, dizendo que era filha da pessoa, que no momento n�o poderia falar, pois estava doente. Ela ent�o cedeu e informou que um advogado entraria em contato mais tarde, o que n�o ocorreu. (Com Guilherme Ara�jo)