No Relat�rio Trimestral de Infla��o (RTI) divulgado nessa quinta-feira, o Banco Central (BC) destacou que, apesar de o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ter anunciado medidas de socorro para o setor el�trico, a fim de evitar o repasse de tarifas para os consumidores, incertezas relevantes vindas de eletricidade e gasolina pesam sobre a infla��o. At� ent�o, a institui��o n�o tinha dado destaque para esses pre�os. A autoridade monet�ria reviu a estimativa de aumeno na tarifa de energia el�trica residencial este ano de 7,5% para 9,5%. “O Copom (Comit� de Pol�tica Monet�ria) entende que uma fonte relevante de risco para a infla��o reside no comportamento das expectativas de infla��o, impactadas negativamente nos �ltimos meses pelo n�vel da infla��o corrente, pela dispers�o de aumentos de pre�os e pelas incertezas que cercam a trajet�ria de pre�os com grande visibilidade, como o da gasolina e os de alguns servi�os p�blicos, como eletricidade”, disse a autoridade monet�ria na p�gina 77 do relat�rio.
A revis�o da estimativa do Banco Central para a alta de tarifa de energia el�trica em 2014 foi considerada razo�vel e realista por especialistas. O economista-chefe da Gradual Investimentos, Andr� Perfeito, classificou a revis�o como “relevante”. Ele calcula que a alta de 9,5%, se concretizada, pode trazer um impacto de 0,33 ponto porcentual (pp) para o �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2014, estimado em 6,1% no cen�rio de refer�ncia pelo BC. Na estimativa anterior da autoridade monet�ria, de 7,5%, o impacto seria de 0,26 pp.
A economista Alessandra Ribeiro, da Tend�ncias Consultoria Integrada, avaliou a revis�o da proje��o do BC como “razo�vel” para acomodar os reajustes tarif�rios anuais das concession�rias e os custos da gera��o de energia a partir de termel�tricas. A estimativa � maior que a da pr�pria consultoria, revisada recentemente para 8,1%. Em fevereiro, a Ag�ncia Nacional de Energia El�trica (Aneel) sugeriu que a tarifa deveria aumentar 4,6% para cobrir os gastos da Conta de Desenvolvimento Energ�tico (CDE) com as termel�tricas. Essa proposta, segundo Alessandra, pode ter entrado no radar do BC e influenciado a revis�o, mesmo que o martelo ainda n�o tenha sido batido sobre o percentual.
Nos c�lculos de Alessandra, o impacto gerado por um reajuste de 9,5% nas tarifas de energia seria de 0,25 pp na infla��o de 2014, considerando que o item tem peso de 2,63% no IPCA. A economista ressaltou ainda que a parte principal da conta das termel�tricas deve ficar para 2015. "O custo deve ser escalonado, mas ser� um peso principalmente no pr�ximo ano. Al�m disso, teremos as bandeiras tarif�rias, que podem ser um incremento no caso de clima desfavor�vel", explicou.
Consumo aquecido
O consumo de energia el�trica atingiu, em fevereiro, o n�vel mais alto nos �ltimos dez anos. No segmento de baixa tens�o, referente aos consumidores residenciais e comerciais, a alta foi de 14,6% em rela��o ao mesmo m�s do �ltimo ano. Os dados, divulgados ontem pela Empresa de Pesquisa Energ�tica (EPE), do governo federal, s�o um novo alerta para o setor, que opera no limite da capacidade de gera��o de energia. De acordo com o levantamento da EPE, o consumo total em fevereiro subiu 8,6% em rela��o a fevereiro de 2013, chegando a 41.403 gigawatts-hora (GWh). Na �rea industrial, a alta foi de 1,4%. No acumulado do bimestre, o consumo ultrapassou 81 mil GWh, com avan�o de 6,8% ante igual per�odo do ano anterior.