Miami, Estados Unidos —Enquanto o Brasil se debate para sair do atoleiro e registrar n�veis mais elevados de crescimento — a perspectiva � de que o Produto Interno Bruto (PIB) avance entre 1,5% e 1,7% em 2014 —, a economia de Miami caminha a passos largos para consolidar mais um ano de incremento expressivo, de at� 3,5%. E, para alegria dos norte-americanos, s�o os brasileiros que est�o deixando de gastar no pa�s de origem para impulsionar o consumo e a produ��o na cidade encravada no Sul da Fl�rida.
Nem mesmo a alta do d�lar conteve o �mpeto de consumo dos turistas, que, apenas em 2012, despejaram R$ 3,6 bilh�es (US$ 1,4 bilh�o) em Miami — os n�meros consolidados do ano passado ainda n�o foram fechados. A paix�o dos brasileiros pela cidade norte-americana n�o vem de agora. Mas foi a partir da crise de 2008, quando a economia norte-americana foi para o buraco e os pre�os de tudo desabaram, especialmente os de im�veis, que a invas�o tupiniquim se intensificou.
Pelas contas do Greater Miami Convention & Visitors Bureau, em 2013, os turistas brasileiros ocuparam o topo do ranking de visitantes. Foram 755 mil pessoas com passaporte verde-amarelo, deixando para tr�s viajantes do Canad�, Argentina e Venezuela. Em rela��o a 2012, houve incremento de 9,5%. Ante 2011, o salto foi de quase 20%. A m�dia de gastos de cada visitante brasileiro varia, por dia, em torno de US$ 284, cerca de R$ 700.
Em toda a Fl�rida, os turistas tupiniquins tiraram R$ 5,7 bilh�es (US$ 2,3 bilh�es) do bolso no ano passado, de acordo com a Visit Florida, organiza��o de natureza p�blico-privada vinculada ao governo estadual. Os brasileiros s� perderam para os canadenses, que injetaram R$ 10,5 bilh�es (US$ 4,3 bilh�es) na economia local. Quando comparados os gastos de turistas por regi�es, os da Am�rica do Sul ficaram em primeiro lugar, com R$ 12,7 bilh�es (US$ 5,3 bilh�es). Ou seja, os brasileiros responderam por 45% de tudo o que os sul-americanos consumiram na Fl�rida no ano passado.
Na charmosa Lincoln Road, avenida onde se concentram as principais grifes e restaurantes, ou nos intermin�veis outlets de Miami, o portugu�s surge de forma instant�nea nas rodas de conversa, nas quais o tema principal � compras. N�o � toa, 68% do faturamento do Outlet Sawgrass Mills vem de turistas oriundos do Brasil. Na lista de aquisi��es est�o roupas, celulares, computadores, c�meras fotogr�ficas e perfumes. O casal Alexandre Gurgel, 24 anos, e Vanessa Martins, de 25, de Fortaleza, esteve pela primeira vez em Miami este m�s. "Comprar em Miami compensa bastante. Paguei R$ 1.465 (US$ 600) em uma c�mera que, no Brasil, custa R$ 2,7 mil", conta a supervisora de vendas, que incluiu na lista de aquisi��es itens de maquiagem e roupas.
Com receio de pagar mais caro pelos produtos, devido � decis�o do governo brasileiro de aumentar o Imposto sobre Opera��o Financeira (IOF) incidente nos cart�es de d�bito e nos cheque-viagem, de 0,38% para 6,38%, o casal optou por comprar d�lares no Brasil antes de viajar e deixar de lado os cart�es, inclusive o de cr�dito, tamb�m tributado. "Quase 90% do que levamos para gastar foi em dinheiro, n�o quer�amos arriscar e pagar IOF. Esse imposto ficou muito alto", diz.
A empres�ria Fernanda Lemos, de 23, moradora de Curitiba, tamb�m esteve em Miami este m�s com um �nico objetivo: fazer compras. Ela morou na cidade nos �ltimos cinco anos, quando tinha uma importadora no Brasil. H� dois meses, voltou ao pa�s. Assustada com os pre�os dos produtos brasileiros, retornou � cidade dos Estados Unidos para encher as malas. "Telefones, tablets, Ipad, roupas, perfume, rel�gios, comprei de tudo. Mesmo com o d�lar mais alto para n�s — a cota��o da moeda norte-americana para os turistas varia entre R$ 2,40 e R$ 2,60 —, compensa comprar em Miami. Trago presentes para toda a fam�lia a cada viagem", afirma.