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Estado de Minas

"Sem educa��o financeira, armaram uma bomba rel�gio", diz Am�ncio sobre cr�dito

Celso entrou nas Casas Bahia em 1976 para trabalhar na finaliza��o do cr�dito


postado em 18/05/2014 08:01 / atualizado em 18/05/2014 08:29

Celso Am�ncio entrou nas Casas Bahia em 1976 para trabalhar na finaliza��o do cr�dito. A rede tinha 13 lojas em S�o Paulo e ele visitava a casa dos clientes que, mesmo sem comprovante de renda, recebiam cr�dito. Quando saiu, em 2005, era diretor da �rea e a rede tinha 500 lojas no pa�s.


Gra�as a essa experi�ncia, tornou-se um dos maiores especialistas em financiamento para a base da pir�mide no Brasil. Presta consultoria para lojas, bancos e financeiras. Seu nome aparece com destaque nas tr�s p�ginas do livro A Riqueza na Base da Pir�mide, do indiano C.K. Prahalad, um dos primeiros especialistas em estrat�gia empresarial a identificar o poder de consumo das classes emergentes. "Houve uma avalanche de cr�dito, mas sem educa��o financeira, armaram uma bomba rel�gio", diz na entrevista que segue.

A inadimpl�ncia subiu muito, depois baixou e parece sob controle mesmo com a �ltima alta em abril. Est� tudo bem?

N�o, n�o est�. Essa classe emergente tem hoje pelo menos cinco cart�es de cr�dito no bolso. Se n�o consegue pagar um, ela passa a d�vida para outro cart�o e para outro, e outro. A inadimpl�ncia n�o aparece e ningu�m tem coragem de falar isso.

Por qu�?

Formou-se uma bolha. Tanto � que v�rias acordos s�o feitos. Fizeram at� feir�es de negocia��o de d�vidas, muitas vezes com perd�o da d�vida, com o pagamento do principal ou 50% do principal. Para chegar a essa situa��o, � porque o mercado ficou complicado.

As d�vidas n�o foram quitadas. Foram sendo renegociadas e deixaram de constar como d�vidas?

Exatamente. Centenas de milhares de pessoas entraram nesses programas e est�o a� para comprar novamente. Mas � preciso entender uma coisa: houve uma mudan�a no perfil desses tomadores de cr�dito. A renda das classes C e tamb�m da D e da E est� comprometida com coisas com as quais eles n�o tinham no tempo do carn�. Estes t�m despesas com celular, com TV por assinatura, com internet. E eles t�m os cart�es de cr�dito. N�o estou dizendo que o cart�o � um vil�o. N�o. O cr�dito � muito importante. Mas precisa vir acompanhado de educa��o financeira. O problema � que houve indiscrimina��o na oferta de cr�dito sem a educa��o. Primeiro, as lojas e financeiras disputaram cadastros - e n�o clientes - para criar uma massa de tomadores de empr�stimo. De 2000 para c�, deram cr�dito por telefone. Na rua, puxavam as pessoas pelo bra�o na cal�ada. Mais recentemente, o governo incentivou o consumo. Mas cr�dito � uma coisa e poder de compra � outro. O banco pode me dar um cr�dito de R$ 150 mil. Manda uma carta para voc�. Eu rasgo a carta. Mas essas pessoas n�o tiveram educa��o financeira. Aprendem na pr�tica. Errando. Devendo. Sujando o nome. Pagando taxas de juros alt�ssimas.

A forma de conceder o cr�dito n�o � adequado, ent�o?

N�o. Nessas classes � preciso trabalhar com cr�dito familiar. Hoje, est�o trabalhando com a inadimpl�ncia familiar. Porque os cart�es, os nomes, as contas s�o compartilhados dentro das fam�lias. Depois que voc� paga um cart�o com outro cart�o, usando os seus cart�es, voc� vai l� e roda com os cart�es da sua esposa. A inadimpl�ncia � familiar.

Qual mecanismo identifica esse tipo de endividamento que o senhor est� falando?

N�o existe. O sistema pode identificar um devedor, mas n�o sabe que, de arrasto, ele comprometeu a renda da fam�lia inteira atr�s dele. Sem educa��o financeira, armaram uma bomba rel�gio.


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