Os dados num�ricos de abril relativos a estoques e vendas apontam para dire��es distintas, sustentando a assimetria de humor do setor produtivo capturada pelas pesquisas qualitativas de confian�a na economia. Ao mesmo tempo em que h� setores divulgando estat�sticas de queda de seus estoques, determinada por eleva��o nos volumes de vendas, h� os que diminu�ram seus estoques ao longo de um processo de m�dio prazo for�ado pela menor demanda. H� ainda setores que continuam convivendo com n�veis de estoques acima do desejado sob a expectativa de serem beneficiados por grandes eventos como a Copa do Mundo.
O varejo como um todo, de acordo o �ndice de Estoques de abril apurado pela Federa��o do Com�rcio de Bens, Servi�os e Turismo do Estado de S�o Paulo (FecomercioSP) e divulgado com exclusividade pelo Broadcast, servi�o em tempo real da Ag�ncia Estado, no m�s passado, caiu para 112,9 pontos, n�vel mais pr�ximo do recorde negativo da s�rie hist�rica, de 109,5 pontos em fevereiro deste ano.
Segundo o economista F�bio Pina, assessor econ�mico da FecomercioSP, o varejo ajustou seus estoques � demanda mais baixa. "De 50% a 60% das empresas pesquisadas acham que os estoques est�o acima do desejado. A� elas v�o fazendo ajustes", afirma Pina. Para ele, este quadro n�o deve se alterar porque os ajustes nos estoques j� foram feitos, de 120 pontos para atuais 110 a 112 pontos.
Quando questionado se a Copa do Mundo contribuir� para mudar essa perspectivas do setor varejista, Pina responde que n�o porque, de acordo com ele, em ano de Copa do Mundo o volume dinheiro � o mesmo de outras �pocas, ou seja, se um consumidor gasta na compra de um produto da linha marrom n�o vai conseguir gastar com outro da linha branca. Segundo Pina, a economia toda vai passar por ajustes porque todo mundo j� est� contabilizando algum des�nimo. Ele arrisca a dizer que at� poder� ocorrer alguma mudan�a do quadro atual no segundo semestre, mas diz estar convicto de que por ora n�o haver� melhoras.
O quadro muda, no entanto, em rela��o �s montadoras. A ind�stria automobil�stica divulgou na semana passada redu��o nos estoques de carros na passagem de mar�o para abril. Segundo presidente da Associa��o Nacional dos Fabricantes de Ve�culos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, o estoque de autom�veis nos p�tios das montadoras, que era suficiente para atender 48 dias de vendas em mar�o, caiu para 40 semanas em abril. Moan atribui essa queda nos estoques ao crescimento de 10% na m�dia di�ria de vendas em abril em rela��o a mar�o. "Em termos de m�dia di�ria, tivemos um crescimento significativo nas vendas em abril em rela��o ao m�s de mar�o, o que explica a altera��o do estoque no n�mero de dias", afirmou.
Tamb�m n�o tem do que reclamar o presidente da Associa��o Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletr�nicos (Eletros), Lourival Ki�ula. A Eletros congrega os fabricantes de eletrodom�sticos da linha branca e aparelhos de imagem e som, conhecidos como linha marrom. "Se h� estoque de produtos das linhas brancas e marrom, est� com o varejo", disse. As vendas dos produtos da linha marrom cresceram 50,38% no primeiro trimestre, capitaneadas por aparelhos de televis�o.
"N�o tenho ainda os dados fechados de abril e maio, mas a expectativa dos nossos associados � a de que at� junho as vendas da linha marrom continuem crescendo", previu Ki�ula. "Entendo que as f�bricas devam manter algum estoque porque o setor de linha marrom pretende conceder f�rias coletivas durante a Copa do Mundo", explicou.
J� para as vendas das f�bricas de produtos da linha branca - geladeiras, m�quinas de lavar, fog�es... -, que cresceram 10% de janeiro a mar�o sobre igual per�odo de 2013, o presidente da Eletros espera redu��o nos volumes de vendas em abril e maio.
Dentre os setores que mais est�o sofrendo por n�o terem como tirar proveito dos efeitos oriundos dos eventos esportivos e eleitoral no Pa�s est� o de fabrica��o de aparelhos eletr�nicos como celulares, tabletes e equipamentos de computa��o. Sondagem que a Associa��o Brasileira da Ind�stria El�trica e Eletr�nica (Abinee) divulgar� nos pr�ximos dias, e � qual o Broadcast teve acesso exclusivo, mostra que para 40% das empresas pesquisadas o estoque fechou acima do desejado em abril. Em mar�o era considerado acima do normal para 32% dos empres�rios, lembrou o presidente da entidade, Humberto Barbato.
"Ningu�m compra um celular para assistir Copa do Mundo", disse Barbato. Ele admitiu ter sido pego de surpresa pelo baixo volume de encomendas destes aparelhos pelo varejo para o Dia das M�es. "� entre o final de mar�o e abril que o varejo faz os pedidos de celulares para o Dia das M�es", explicou Barbato.