Os carros usados est�o olhando os novos pelo retrovisor neste ano. Com menos cr�dito na pra�a, alta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e incorpora��o de itens de seguran�a, cresceu a vantagem dos usados sobre os novos. Para quem deseja trocar de carro, � a oportunidade de adquirir um carro com mais tempo de uso, mas melhor n�vel de conforto.
O reflexo desse momento aparece nos n�meros de vendas e financiamentos. Em maio, as vendas dos ve�culos e comerciais leves novos ca�ram 7,2% em rela��o ao mesmo m�s do ano anterior, segundo dados da Associa��o Nacional das Fabricantes de Autom�veis (Anfavea). Na mesma an�lise, os usados cresceram 14,5%, informa a Federa��o Nacional das Associa��es dos Revendedores de Ve�culos Automotores (Fenauto). Segundo o presidente da entidade, Il�dio dos Santos, as vendas crescem mais entre os ve�culos com quatro a oito anos de uso. "Mudou o cen�rio para os usados. Hoje as lojas j� oferecem garantia", avalia.
Dados da Cetip mostram que, em maio, foram financiados 533 mil ve�culos, uma queda de 6% em rela��o ao ano anterior. No detalhe, contudo, � poss�vel perceber a mudan�a do perfil do consumo. O n�mero de opera��es com ve�culos novos caiu, de 195 mil para 170 mil. J� os carros com quatro a oito anos de uso foram mais financiados. O n�mero aumentou de 115 mil para 122 mil opera��es.
"Isso mostra um amadurecimento dos consumidores", afirma o consultor financeiro da Libratta, Rog�rio Oleg�rio. Ele desaconselha que o consumidor troque de ve�culo com frequ�ncia. "A troca do carro � muita cara, h� gastos com transfer�ncia, seguro e a pr�pria desvaloriza��o", afirma. Segundo ele, o mais recomend�vel � adquirir um ve�culo mais barato e guardar uma parte do dinheiro para investimento. No futuro, os rendimentos do dinheiro aplicado ajudar�o a trocar de carro mais uma vez.
Juros
Essa escolha exige cuidado. "A conta vai depender da condi��o de juros, se os juros ofertados est�o abaixo da condi��o de rendimento ou n�o. Normalmente, dificilmente o consumidor vai conseguir isso no investimento de curto prazo", afirma M�rio Amigo, professor de finan�as da Fipecafi.
Na d�vida, vale a recomenda��o cl�ssica de qualquer financiamento: quanto menos tempo de financiamento, menos juros e melhor para o bolso do consumidor. "O brasileiro ainda tem a mania de s� olhar para o tamanho da parcela e n�o para o juro", diz Amigo.
A taxa de juros para aquisi��o de ve�culos varia de 0,67% a 3,92% ao m�s, segundo os dados mais recentes apurados pelo Banco Central com financeiras e bancos de montadoras. Vale a ressalva que esses n�meros s�o uma m�dia, que inclui novos e usados, o perfil do consumidor e as condi��es de compra. Os especialistas lembram que, apesar da vantagem comparativa no pre�o, os juros do financiamento dos usados costumam ser maiores que os do novos.
Outro item que costuma tirar o sono de consumidores � a desvaloriza��o dos ve�culos. "� verdade que a deprecia��o tende a ser maior no primeiro ano. Mas, nos anos seguintes, ela pode ser pequena, dependendo do perfil do carro. Um ve�culo mais acess�vel, por exemplo, tende a ter um n�mero maior de interessados, o que ajuda a manter essa cota��o. J� nos carros mais caros, a tend�ncia � inversa", diz Vitor Meizikas, analista da consultoria Molicar.
Outra op��o aos compradores de usados � buscar ve�culos de locadoras. Em geral, essas empresas mant�m um ve�culo por um ano ou dois na frota e depois revendem. Pode ser uma oportunidade de encontrar um usado com quilometragem baixa e pre�o abaixo do mercado. Isso porque as locadoras j� adquirem os ve�culos com uma condi��o mais vantajosa e acabam dando um desconto extra porque a mec�nica desses ve�culos, que passam por diversos condutores, pode ser problem�tica. Se o ve�culo estiver em boas condi��es, o neg�cio pode ser vantajoso.