O n�mero de c�dulas nas m�os dos brasileiros quadruplicou em 20 anos. At� 1993, o dinheiro em circula��o correspondia a menos de 1% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todo os bens e servi�os produzidos no pa�s. No ano passado, essa rela��o estava em 4,2%, de acordo com dados do Banco Central (BC).
Segundo o chefe do Departamento do Meio Circulante do BC, Jo�o Sidney de Figueiredo Filho, antes do Plano Real, a popula��o evitava ter dinheiro na m�o porque as c�dulas perdiam o valor rapidamente devido � infla��o alta. “Naquele tempo tinha um custo de oportunidade muito elevado. Se ficasse com dinheiro no bolso, estava perdendo poder de compra. As pessoas ficavam com a menor quantidade de dinheiro poss�vel no bolso”, disse. Com a estabilidade ao longo dos anos e o aumento da confian�a, o uso do dinheiro se expandiu.
No dia 30 de junho de 1994, antes do lan�amento do Plano Real, estavam em circula��o 797 milh�es de c�dulas de cruzeiro real e mais 2,661 bilh�es de notas de cruzeiro (parte dessas carimbadas com a exclus�o dos �ltimos tr�s zeros). Em valores convertidos, esse n�mero de c�dulas corresponde a R$ 9 bilh�es, bem menor do que os cerca de R$ 190 bilh�es em circula��o atualmente.
“E a popula��o n�o cresceu isso tudo”, disse Figueiredo Filho. De acordo com o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), em 1991 a popula��o brasileira estava em quase 150 milh�es. No ano passado, o instituto estimou a popula��o em 201 milh�es de habitantes.
Al�m do aumento da confian�a da popula��o, ele citou tamb�m a melhoria de renda como fator de expans�o do meio circulante. “Isso acaba favorecendo o uso do dinheiro f�sico”, disse.
Mesmo com outros meios de pagamento, como cheques e cart�es, os brasileiros ainda usam bastante as c�dulas e as moedas de real para fazer transa��es. De acordo com a pesquisa do BC de 2013, para 70% da popula��o o dinheiro � a forma preferida de pagamento. Na percep��o do com�rcio, o percentual de uso de dinheiro para pagamentos ficou em 57%. “Cerca de 51% dos brasileiros recebem os seus sal�rios em dinheiro”, acrescentou o chefe do Departamento do Meio Circulante do BC.
Para manter o dinheiro em circula��o por mais tempo e com seguran�a, foi necess�rio investir em tecnologia. A primeira mudan�a foi a troca das moedas de a�o inoxid�vel para as coloridas. “Em anos anteriores, houve muitas trocas de padr�o monet�rio, com muitas emiss�es de moedas. Chegamos a ter 53 moedas no intervalo de 1980 at� 1994”, contou Figueiredo Filho. Toda vez que mudava o padr�o monet�rio, eram usados os mesmos discos das moedas antigas para cunhar os novos valores.
Sidney lembra que nessa �poca come�aram a entrar no pa�s as vending machines (equipamentos autom�ticos usados na venda de produtos como refrigerante, caf�s e salgadinhos) e muita gente “pagava” o produto com moedas que j� n�o valiam mais. “A tecnologia era apenas pelo di�metro e pelo sinal magn�tico. S� que tudo era a�o inoxid�vel e o sinal magn�tico era igual”, disse.
Outra mudan�a na fam�lia do real apontada pelo chefe do Departamento do Meio Circulante do BC foi o lan�amento das c�dulas de R$ 2 e R$ 20. “Economizou dinheiro em circula��o. Uma de 20 substitui duas de 10. Melhora para o lado do Estado, que n�o precisa fazer tantas notas, e facilita o troco. Essas s�o as duas notas que mais circulam no pa�s”, disse.
J� as c�dulas de R$ 1 sa�ram de circula��o devido ao desgaste elevado. “Em 2003, quase 40% dos gastos foi com a produ��o de notas R$ 1. Estavam durando oito meses, enquanto uma moeda de R$ 1 dura 30 anos. E havia queixas de que a nota estava muito contaminada”, acrescentou.