
Bras�lia e Belo Horizonte –Estoques elevados e retra��o do consumidor diante da infla��o e do elevado n�vel de endividamento dever�o levar o varejo a registrar, em 2014, o pior resultado em nove anos. Segundo a Confedera��o Nacional do Com�rcio de Bens, Servi�os e Turismo (CNC), nem mesmo as datas especiais, como o Dia dos Pais e o Natal, que sempre impulsionam o faturamento das lojas, mudar� essa perspectiva. Descontada a infla��o, o crescimento do real do setor ante 2013 dever� ser de apenas 4%.
“As datas comemorativas tendem a acompanhar o com�rcio, que vem mostrando sinais de desacelera��o desde 2011”, explicou o economista F�bio Bentes, da CNC. Ele lembra que a infla��o continua acima do teto da meta definida pelo governo, de 6,5%, e os juros subiram bastante, minando o apetite de compra da popula��o. Tanto a P�scoa, quanto o Dia das M�es e Dia dos Namorados decepcionaram e n�o ser� diferente com o Dia dos Pais, cujas vendas devem avan�ar 4,3%, no avan�o mais fraco desde 2004.
Em Belo Horizonte, a situa��o do varejo � um pouco melhor, mas o faturamento tamb�m n�o vai de vento em popa. Balan�o da C�mara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH) mostra que as vendas no acumulado de janeiro a maio registraram o pior aumento dos �ltimos cinco anos: de 2,46%. O percentual havia sido de 4,53% em 2013, de 5,78% em 2012, de 5,82% em 2011, de 5,8% em 2010 e de 3,7% em 2009. A economista da institui��o, Ana Paula Bastos, n�o v� melhoras at� o fim do ano: “As vendas em 2014 (janeiro a dezembro) devem subir de 2% a 2,5%”.
Ela atribui o fraco desempenho do setor � disparada dos pre�os e ao juro elevado. “As vendas est�o fracas pela falta de cr�dito. O que ocorre hoje? N�o h� cr�dito. As pessoas est�o endividadas. Elas n�o v�o consumir, pois a infla��o est� alta e o custo de vida est� caro. Est� tendo esse desaquecimento. Mesmo agora, com o governo adotando a medida de liberar o compuls�rio (R$ 15 bilh�es a mais na economia), n�o h� jeito. Pode colocar os R$ 15 bilh�es. Voc� s� pega cr�dito se o juro estiver baixo”, refor�a Ana Paula.
Com margens de lucro estreitas, as empresas t�m prolongado promo��es e apostado em liquida��es com desconto acima de 50% para ganhar no volume de vendas e, assim, impedir um ano ainda mais desastroso. Em raz�o das pr�prias mudan�as de h�bitos do brasileiro, que cada vez busca mais alternativas para driblar os pre�os altos, o com�rcio j� come�ou a rever posi��es de investimento para o pr�ximo ano, alerta o presidente da Confedera��o Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pelizzarro J�nior. “N�o acredito que a economia voltar� a se aquecer a curto prazo. Os problemas conjunturais devem permanecer ao longo do semestre e o consumidor vai continuar cauteloso”, disse.
Vermelho
A empres�ria Cl�udia Volpini, presidente do conselho de com�rcio da Associa��o Comercial de Minas Gerais (ACMinas) e dona da Bico das Canetas, acredita que muitos dos varejistas de BH devem fechar este ano no vermelho. “H� um panorama geral, que � o encarecimento do cr�dito (juro). � o medo da infla��o. O desemprego, que vinha caindo, come�ou a aumentar (a taxa de desemprego saltou de 5,1%, em junho de 2013, para 6,6% no mesmo m�s de 2014, segundo o IBGE)”, listou a comerciante. Ela ainda lamenta as obras para a Copa do Mundo e algumas interven��es vi�rias, as quais, segundo Cl�udia, prejudicaram o setor: “Em BH, aliado a tudo isso, tivemos obras nas grandes avenidas. Levaram anos. Na Avenida Santos Dumont, por exemplo, durou dois anos. Tivemos o problema do viaduto da Avenida Pedro I (o elevado caiu no in�cio de junho). Na Pedro II, criou-se uma faixa exclusiva para �nibus, fazendo com que o consumidor n�o veja as lojas. BH � muito espec�fico, pois temos 80% do Produto Interno Bruto (PIB) nas m�os do com�rcio e servi�o. Com isso, a renda do munic�pio tende a cair e vira um ciclo vicioso”.
O temor dos comerciantes � o aumento da inadimpl�ncia. O indicador, no acumulado de janeiro a junho, cresceu 3,39% em rela��o ao mesmo per�odo de 2013. “O otimismo dos empres�rio est� mais baixo. A infla��o est� crescente, ocasionando aumento dos juros e j� h� uma inadimpl�ncia alta. Deve aumentar mais ainda”, acredita Marco Ant�nio Gaspar, vice-presidente da CDL-BH e dono da copiadora Brasilusa.
Para o diretor de Rela��es Institucionais da Associa��o Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Lu�s Augusto Ildefonso da Silva, o processo de renova��o dos estoques j� est� mais acanhado. “Apesar de a reposi��o de mercadorias ter sido menor, em raz�o da fraqueza do movimento de vendas durante a Copa do Mundo, os estoques ainda est�o altos”, afirmou. Os shoppings t�m recorrido a promo��es e a��es, como ofertas de carros, motos e outros produtos.