O ex-ministro da Fazenda Delfim Netto afirmou nesta quarta-feira, que o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano deve registrar uma fraca expans�o, ao redor de 1%. "O pa�s est� crescendo muito pouco, e isso � um grande problema", destacou.
Na avalia��o do ex-ministro, que participa do F�rum Lideran�as da Associa��o Brasileira de Prote�na Animal (ABPA), esse quadro fica mais grave porque o �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) "deve ter subido 30% em quatro anos" e a infla��o � "muito alta". Segundo ele, a infla��o est� perto do teto do sistema de metas de infla��o, mas isso n�o significa que ela sair� do controle. "O governo controla a gasolina para combater a infla��o, mas destr�i o setor do etanol", ponderou.
Para Delfim Netto, a pol�tica de utilizar o c�mbio para combater a infla��o � um "equ�voco grave", pois s� � vi�vel controlar sua varia��o, mas n�o o n�vel. "A interven��o do Banco Central est� mantendo o c�mbio abaixo do seu equil�brio", comentou.
"Mas a infla��o volta, pois (o BC) est� s� escondendo a infla��o. Temos entre 1,5% e 2% de infla��o escondida. E para combat�-la, precisa em primeiro lugar fazer com que as pessoas acreditem que ela vai cair", ponderou.
Embora tenha destacado o quadro de crescimento baixo, infla��o alta e d�ficit de transa��es correntes elevado, ele ponderou que estes fatores n�o v�o levar o Pa�s a uma crise econ�mica como a do passado. No entanto, ele ponderou que houve "certo descuido" do Poder Executivo na gest�o das contas p�blicas.
"A prioridade do governo tem sido a amplia��o do custeio e n�o dos investimentos", disse. Segundo ele, houve, talvez, excessos no emprego de recursos do Tesouro para repasses ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES), o que acabou ajudando a elevar a d�vida bruta. "Ocorreu uma confus�o de achar que d�vida publica � recurso", ponderou.
De acordo com Delfim Netto, tamb�m � um destaque negativo da economia o fato de que a ind�stria de transforma��o apresenta um n�vel de atividade semelhante ao registrado em 2009, o que representa estagna��o. Um efeito negativo dessa realidade � o registro de um d�ficit de contas correntes de US$ 270 bilh�es. "N�o � bom financiar a economia com capital externo desta forma" disse. "O credor � um canalha que vai querer seus recursos de volta."
FMI
O ex-ministro afirmou ainda que o governo "est� muito sens�vel, reage a qualquer cr�tica com certa viol�ncia", ao lembrar o documento do Fundo Monet�rio Internacional (FMI) divulgado na semana passada, que colocou o Brasil na lista de pa�ses economicamente vulner�veis. "Estava certo o FMI quando disse que o Brasil � relativamente vulner�vel. N�o significa que vamos ter crise e que ela est� nos esperando no curto prazo", disse.
Delfim ressaltou ainda que a d�vida de curto prazo sobre as reservas no Brasil � de 8,7%, bem menor que �ndia (31,1%) e Turquia (84,6%), por exemplo, tamb�m listados como vulner�veis. O ex-ministro ressaltou que a rela��o reserva sobre d�vida externa total tamb�m coloca o Brasil em situa��o mais confort�vel do que os demais, de 84,7%.