O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reconheceu nesta quinta-feira, que o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) pode ficar acima de 5% em 2015, que � a previs�o oficial divulgada hoje. "Tivemos press�o maior de infla��o com tarifas de energia, o resultado da seca, pre�o de commodities. Mas o fato � que estamos tendo defla��o a n�vel internacional, que vai se refletir aqui dentro. Ent�o temos chance de fazer infla��o menor (em 2015) do que faremos neste ano. Se vai ser 5%, n�o sei. Pode ser um pouco mais que isso", disse.
Mantega reconheceu que � necess�rio um grande esfor�o para cumprir a meta fiscal de 1,9% neste ano. "� dif�cil fazer 1,9%. Temos que fazer grande esfor�o. Temos receitas extraordin�rias. Vamos continuar batalhando para fazer o maior super�vit poss�vel neste ano", disse.
Prim�rio
O ministro avaliou tamb�m que a crise est� passando. "A partir disso, h� condi��es para fazer um prim�rio maior. Em 2015, ser� poss�vel fazer algo semelhante a 2011, mantendo as propor��es, diferen�as e semelhan�as. N�o faremos mais desonera��es e agora economia tem mais competitividade para poder crescer", afirmou.
Ele disse que n�o � correto dizer que as previs�es da Fazenda se frustraram sempre. "Em 2011, fizemos um prim�rio maior. Acrescentamos R$ 10 milh�es no segundo semestre. Eu sei que fizemos esfor�o fiscal e prim�rio maior. Era o primeiro ano do governo Dilma. Sempre, no primeiro ano, � adequado fazer alguns ajustes. Ali�s, em 2008 tamb�m fizemos", defendeu.
Mantega tamb�m salientou que, depois da crise, todos os pa�ses do mundo tiveram dificuldade de fazer prim�rio. "A maioria dos pa�ses aumentou sua d�vida. Em 2013, o Brasil fez o terceiro maior prim�rio do mundo, mesmo ficando abaixo do que prev�amos." Ele disse tamb�m que, quando a economia cresce menos, h� mais dificuldade de fazer prim�rio mais robusto. "Por isso, se chama antic�clico. Esta � uma grande diferen�a da nossa estrat�gia de pol�tica econ�mica."
Pol�tica expansionista
De acordo com Mantega, o governo ajudar� o Banco Central a fazer uma pol�tica monet�ria mais expansionista. "Faremos um controle de despesas e, com isso, teremos um prim�rio maior. O governo deve ajudar a criar condi��es para o BC fazer pol�tica mais expansionista", considerou.
Ele salientou que a previs�o do governo � a de que a receita geral v� crescer um pouco em rela��o ao PIB, passando de 25,1% em 2014 para 25,5% no ano que vem. No mesmo per�odo, as despesas passar�o de 19,8% para 20,0%. "A receita est� crescendo mais que despesa", resumiu. "E isso d� espa�o para fiscal maior", continuou.
Mantega disse que o governo est� trabalhando com um super�vit prim�rio de R$ 114,7 bilh�es para 2015, o que corresponde a 2% do PIB. "Est� prevista a possibilidade de abatimento do PAC de at� 0,5% do PIB. Isso � facultativo. S� se necess�rio for, vamos fazer abatimento", comentou.
O ministro enfatizou que o governo est� trabalhando com estimativas de forma muito antecedente. "E isso � agravado pelo fato de que estamos de per�odo de incertezas da economia mundial e brasileira", disse. Essa � a raz�o pela qual, segundo ele, todas as institui��es e governo fazem suas revis�es. "� natural que em dezembro fa�amos revis�o desse par�metro, pois estaremos mais pr�ximos da realidade. Em janeiro, faremos previs�o mais realista."
Mantega refor�ou que est� previsto no or�amento do ano que vem um esfor�o para a redu��o de despesas. "Para obtermos esse prim�rio, � um esfor�o, � preciso que haja um controle de despesas, de todas", afirmou. Ele ressaltou, por�m, que os recursos para os programas sociais e de sa�de e educa��o ser�o mantidos. "Mas ser� feito esfor�o para produzirmos super�vit maior para o Banco Central ter trabalho de pol�tica monet�ria mais flex�vel", enfatizou.
Despesas
Mantega ressaltou ainda que h� um controle das duas maiores despesas do governo (previd�ncia e folha de pagamento) e tamb�m com a despesa de juros. Ao detalhar essas contas, ele comentou que a Selic ainda est� em patamar elevado e que o governo cria condi��es para fazer com que os juros sejam mais baixos.
"A maior despesa do governo � de previd�ncia, vamos chegar a R$ 436 milh�es e
temos que ter cuidado com ela. � importante que esteja sob controle", citou. A segunda � a da folha de pagamento, que tamb�m continua est�vel pelas contas do governo. "As duas grandes despesas est�o sob controle e nos d�o retaguarda boa", considerou.
J� as despesas de juros sempre foram muito elevadas, considerou Mantega. Ele comentou que essa despesa oscila em fun��o da Selic e agora est� est�vel em patamar mais baixo do que o patamar do ano passado porque os juros eram mais elevados.
Sal�rio M�nimo
Mantega disse ainda que a ideia "equivocada do passado" de que aumento do sal�rio m�nimo causa desemprego foi negada pelos fatos. "Nos �ltimos anos, aumentamos sal�rio m�nimo, ele atingiu seu melhor poder aquisitivo e o desemprego atingiu seu menor patamar. O aumento do sal�rio at� ajudou a reduzir o desemprego", argumentou. O ajuste do sal�rio m�nimo apontado no documento divulgado nesta quinta-feira, 28, segundo Mantega, se deve � corre��o referente ao PIB e � infla��o ante o documento anterior.
O ministro defendeu que o sal�rio m�nimo vem tendo aumentos reais h� mais de uma d�cada. "Esses aumentos representam um fato muito importante para a popula��o. A massa salarial tem crescido muito", disse, lembrando que o crit�rio de corre��o do sal�rio m�nimo � o PIB de 2013 e a infla��o de 2014.
Mantega disse, ainda, que o poder aquisitivo do sal�rio m�nimo aumentou e disse que isso pode ser visto em rela��o � cesta b�sica. Segundo ele, de 2003 para c� houve aumento de quase 80% no poder aquisitivo em rela��o � cesta b�sica.