Bras�lia – Quando o setor de telecomunica��es foi privatizado no Brasil, em 1998, a grande defesa do governo era que a medida ampliaria a competi��o, favorecendo os consumidores. Desde ent�o, o acesso � telefonia foi multiplicado e o avan�o da tecnologia permitiu novas formas de comunica��o, como celular e transmiss�o de dados. Contudo, a tend�ncia, agora, � inversa. A concentra��o de empresas do setor est� de volta e, com ela, a amea�a de que os pre�os e os servi�os prestados, que j� est�o entre os l�deres em reclama��es nos �rg�os de defesa do consumidor, podem n�o ser os melhores para os brasileiros.
Depois da privatiza��o, foram criadas v�rias empresas-espelho �s subsidi�rias da ent�o estatal Telebr�s. Por�m, de l� para c�, o mercado foi encolhendo, com a compra das menores por grandes grupos econ�micos. Hoje, quatro corpora��es dominam o mercado brasileiro, oferecendo servi�os de telefonia fixa e m�vel, banda larga fixa e m�vel e TV por assinatura. Movimentos recentes, contudo, sinalizam que elas podem se tornar tr�s.
Ainda h� a companhia francesa Vivendi, que � dona da GVT, com uma pequena participa��o no mercado fixo de banda larga e telefonia, al�m de outros players, como a Nextel, ainda menores. A GVT foi alvo recente de ofertas de compra, tanto pela tele espanhola quanto pela italiana, mas fechou um contrato de negocia��es exclusivas com a Telef�nica, que fez uma oferta de quase R$ 22 bilh�es. A Oi contratou o banco BTG Pactual como comiss�rio para fazer ofertas de compra � TIM. Analistas de mercado apostam que, nessa oferta, est� impl�cita a tentativa dos tr�s grandes grupos — Oi, Claro e Vivo — fatiarem a TIM, cada um ficando com uma parte, e assim concentrar ainda mais o mercado.
O presidente da TIM, Rodrigo Abreu, chegou a afirmar que n�o houve oferta da Oi e que a posi��o da Telecom Italia � de que a subsidi�ria brasileira � um ativo estrat�gico do grupo, que teria interesse, inclusive, em expandir seus neg�cios no pa�s, participando do leil�o de 4G, previsto para o fim do m�s. “A TIM n�o admitiria nada, sob pena de perder valor de mercado. Mas, dentro da empresa, certamente a hip�tese est� sendo considerada, por ser bastante vantajosa para todos”, assegura o analista em telecomunica��es da Ativa Corretora Lucas Marins.
Para o diretor da Teleco, Huber Bernal Filho, existem ciclos de maior e menor concentra��o de mercado. “Agora � um momento de grandes investimentos por conta da nova tecnologia, por isso os movimentos de oferta de compra. H� press�o dos �rg�os reguladores para que as empresas ofere�am tarifas mais baixas. Elas precisam de escala para ter resultados”, avalia.
Consumidor
O empres�rio Andr� Damaceno sabe o que � ficar ref�m de uma prestadora. Desde outubro do ano passado, ele tenta contratar a banda larga da Oi para atender seu empreendimento. “J� liguei diversas vezes. A Oi sempre alega que n�o h� disponibilidade. O curioso � que, logo depois dos meus pedidos, outras empresas de provedor me procuram, oferecendo um servi�o que garantiria a instala��o da banda larga em nome da Oi”, conta. O empres�rio diz, ainda, que foi fazer uma queixa no site Reclame Aqui e viu que v�rios consumidores t�m o mesmo problema. “Al�m de n�o conseguir o servi�o, fui v�tima de golpes e tenho que trabalhar com internet m�vel, que � limitada”, explica. A Oi alegou que tem disponibilidade, mas precisaria saber exatamente o endere�o. “A instala��o do servi�o de banda larga da Oi depende de uma an�lise pr�via da linha telef�nica do cliente, da capacidade da central telef�nica � qual ele est� ligado e da infraestrutura do endere�o em que o servi�o ser� habilitado”, diz, em nota.