O presidente da Fiat, Cledorvino Belini, defendeu nesta ter�a-feira, mudan�as na economia do Brasil, entre elas a retomada das contas p�blicas, o restabelecimento das metas de super�vit prim�rio e o controle da infla��o rumo ao centro da meta. O executivo ressaltou ainda que o pa�s precisa "voltar" a ter um crescimento m�nimo de 4% do PIB. E que esse � o cen�rio que o setor automotivo espera e que dever� "refletir" no desempenho do mercado brasileiro.
Durante palestra no Congresso Perspectivas 2015, realizado pelo Autodata nesta ter�a e quarta em S�o Paulo, Belini afirmou que a retomada das contas p�blicas ser� "fundamental" para que a economia do Pa�s se ajuste e, assim, o chamado trip� macroecon�mico (c�mbio flutuante, infla��o na meta e super�vit prim�rio) possa ser resgatado.
Ele defendeu que � necess�rio aumentar a renda da popula��o e melhorar a confian�a dos investidores. "Hoje Brasil tem um potencial grande, mas podemos atrair mais investimentos", destacou. Belini destacou ainda que � importante "destravar" a competitividade do setor, que, na avalia��o dele, est� "atrofiada" atualmente, entre outros motivos, pela alta carga tribut�ria.
Segundo ele, o setor � respons�vel hoje por um parque industrial de 61 f�bricas, que cria cerca de 1,5 milh�o de empregos, com faturamento de R$ 150 bilh�es, que destina aos cofres p�blicos R$ 50 bilh�es de arrecada��o. "Isso mostra que qualquer que for o novo governo n�o pode abrir m�o dos R$ 50 bilh�es", afirmou.
Em sua fala, o presidente da Fiat rebateu as cr�ticas que a ind�stria automobil�stica sofre por parte de outros setores, que afirmam que ela � "privilegiada" pelo governo federal. "Toda vida que reduz IPI, por exemplo, (os governos) est�o ganhando mais no PIS/Cofins, no IPVA. Ou seja, as contas sempre se fecham", disse.
Exporta��es
Belini afirmou ainda que, no geral, n�o prev� um cen�rio muito diferente de exporta��es para o setor automotivo brasileiro em 2015, a n�o ser que surjam "novidades". Na avalia��o dele, o pr�ximo ano vai ser dif�cil, "levando em conta que nosso principal mercado � a Am�rica Latina". Ele destacou que, apesar da crise na Argentina, o fluxo da grupo FCA (Fiat Chrysler Automobilies) continua normal para o pa�s vizinho.
Sem citar n�meros espec�ficos, ele elencou entre as "novidades" uma poss�vel flexibiliza��o do c�mbio e uma "sensibilidade" maior do governo em rela��o ao Reintegra, que hoje � de 3%. "Pode melhorar ajudando os exportadores, por�m, no geral, n�o vai significar muito", ponderou. Isso porque, segundo o executivo, os outros pa�ses que concorrem no mercado latino s�o muito competitivos, pois t�m condi��es melhores de disputar esse mercado, como c�mbio desvalorizado.
No caso espec�fico da Argentina, o presidente da Fiat avaliou que o problema pelo qual o pa�s vizinho passa � "bastante complexo", pois "eles n�o t�m tantas reservas (cambiais) e, ao mesmo tempo, n�o t�m capacidade de importar". Belini avaliou, contudo, que o problema tem solu��o e que o governo argentino vai ter de encontrar uma sa�da. "Nosso fluxo para l� continua normal, mas em geral, vemos problema. Tem muita empresa sofrendo", ressaltou.
O executivo informou que o plano de investimentos da FCA de 2013 a 2015 � de R$ 15 bilh�es, montante que ser� investido, entre outras coisas, em inova��o, desenvolvimento de novas tecnologias, melhora dos processos log�sticos e manufatura. Na avalia��o dele, esses investimentos se justificam em raz�o do importante mercado brasileiro, que possui baixas taxas de motoriza��o (de 5,2 habitante por ve�culo, em 2012) em rela��o a outros pa�ses.
Cr�dito e legisla��o trabalhista
O presidente da Fiat avaliou que a medida apresentada pelo governo no final de maio deste ano que prev� a retomada mais f�cil do autom�vel financiado por parte dos bancos em caso de inadimpl�ncia � "fundamental" para aumentar o n�mero de financiamentos, mas ponderou que o que importante � diminuir a presta��o que o consumidor paga �s institui��es financeiras. "Para isso, precisamos de um prazo maior, para diluir (o empr�stimo) e ter uma presta��o menor", afirmou.
Belini defendeu ainda a simplifica��o da legisla��o trabalhista, "sem tirar o direito do trabalhador", "principalmente para evitar inseguran�a jur�dica". "Hoje voc� faz um acordo com o sindicato, s� que depois o juiz n�o aceita", lamentou. Em sua fala, o executivo n�o citou, contudo, quais partes da legisla��o devem ser alteradas. Ele informou ainda que a Fiat dever� dar f�rias coletivas aos funcion�rios das f�bricas do Brasil no fim deste ano, "esperando que normalize o estoque do setor".