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Estado de Minas

Seca prejudica agricultores e pesa no bolso do consumidor

A chegada tardia das chuvas no estado levaram os agricultores a adiar o cultivo, dispensar m�o de obra e reduzir a �rea plantada com hortali�as. Queda de at� 50% na oferta pressiona os pre�os


postado em 21/10/2014 06:00 / atualizado em 21/10/2014 07:19

Lavradores plantam hortaliças no município de Brumadinho, na Grande Belo Horizonte(foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS)
Lavradores plantam hortali�as no munic�pio de Brumadinho, na Grande Belo Horizonte (foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS)

Quem chega � lavoura de Fernando Marques, de 31 anos, se encanta com os p�s de alface que colorem parte de seu terreno na �rea rural entre Betim e Brumadinho, no pol�gono do chamado cintur�o verde da Grande Belo Horizonte. Mas o agricultor, incr�dulo com a estiagem que castiga todo o pa�s, esclarece que a realidade � bem diferente: “Essa horta deveria ter sido colhida h� 20 dias. S� irei retir�-la da terra daqui a uma ou duas semanas, pois a falta de chuva adiou o plantio”. Em outras palavras, a escassez de �gua atrasou a lida com as sementes na terra, afetou o desenvolvimento dos alimentos, reduziu a �rea plantada, elevou o custo da produ��o e gerou desemprego.

H� agricultores do cintur�o verde que v�o colher at� 50% menos alimentos em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado. Resultado: a queda na oferta refletiu na disparada dos pre�os. Em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado houve aumento de 100% nos produtos oferecidos a alguns hortifruti, segundo compradores que abastecem sacol�es. Quem explica � Gismar C�sar da Rocha, que ganha a vida comprando e revendendo legumes, verduras e frutas a sacol�es e restaurantes: “O alface americana me sai hoje a R$ 1. H� um ano, eu pagava R$ 0,50.” A disparada do pre�o n�o significa aumento na margem de lucro do produtor, pois o custo da ro�a tamb�m subiu rapidamente. E houve perda de produtividade. Para muitos agricultores, 2014 � um ano perdido.

Certamente haver� reflexos em 2015. “A safra do ano que vem est� comprometida, porque houve atraso no plantio. O ponto principal, ainda que a chuva ocorra agora, � que vem tardiamente. Em nosso estado, normalmente, o �ndice pluviom�trico aumenta no fim de setembro. Mas a chuva n�o veio. Deve vir dentro da m�dia s� em dezembro. Isso atrasa o nosso plantio”, lamentou a economista Aline Veloso, coordenadora da assessoria t�cnica da Federa��o da Agricultura e Pecu�ria do Estado de Minas Gerais (Faemg).

Celso de Moraes passou parte do dia de ontem plantando alfaces na terra ainda seca: atraso (foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS)
Celso de Moraes passou parte do dia de ontem plantando alfaces na terra ainda seca: atraso (foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS)
Fernando Marques, o dono da horta de alface, precisou aumentar o gasto com a lavoura, pois o alimento necessita de muita �gua para desenvolver. O custo com a irriga��o ficou mais alto, pois a bomba que puxa a �gua de uma lagoa pr�xima � movida a energia el�trica. Houve produtores que optaram por n�o plantar – ou reduzir o tamanho da �rea – de hortali�as que demandam boa quantidade de �gua. Foi o que fez Paulo S�rgio Alves da Paix�o, de 31, dono de uma ro�a em Brumadinho.

“O agri�o, por exemplo, exige muita �gua. Reduzimos a planta��o em 50%. N�o compensou aumentar a irriga��o artificial, pois o ganho n�o cobriria o custo”, justificou Paulo. Ontem, ele e o irm�o, Celso Correia de Moraes, de 40, passaram parte do dia plantando mudas de alface que deveriam ter sido fixadas na terra h� alguns dias. Em m�dia, calcula a dupla, a ro�a deles – de espinafre, alface, agri�o, r�cula, br�colis etc. – registrar� perda de 40% em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado. Com menor produtividade, eles fecharam um dos dois postos de trabalho que a propriedade gerava. “T�nhamos dois ajudantes. Hoje apenas um”, contou Paulo, acrescentando que os produtores precisam ficar atentos ainda �s cria��es, pois � natural que o gado, diante da seca no pasto, tente invadir as lavouras irrigadas. “Se deixarmos, eles comem tudo”.

Inc�ndios

Vale lembrar que o cintur�o verde � banhado por dois importantes rios do estado, o Velhas e o Paraopeba, ambos da bacia do S�o Francisco. O leito de ambos, como o de lagoas da regi�o, est�o bem abaixo do normal. Al�m da forte estiagem, a �rea sofre com as queimadas. “A capta��o de leite em algumas regi�es foi bem restrita. � um cen�rio ruim, porque o solo est� seco e as reservas de �gua est�o baixas. H� localidades em conflito da �gua (uso humano x irriga��o, por exemplo)”, recorda a economista da Faemg. Desde o in�cio do ano, em todo o estado, 161 das 853 cidades – o correspondente a 18,8% – decretaram situa��o de emerg�ncia em raz�o da estiagem, de acordo com o boletim divulgado ontem pela Defesa Civil de Minas Gerais.

 


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