
Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, mais importante do que alterar os pre�os � o governo “apontar para uma pol�tica clara de reajustes”, que impe�a que os valores voltem a ficar defasados. Ele tamb�m espera por uma alta de pre�os hoje, mas acha que a tend�ncia mais forte � de que, em vez de direcionar a eleva��o da receita � estatal, o governo opte por ressuscitar a Contribui��o de Interven��o no Dom�nio Econ�mico (Cide).
“Isso refor�aria o caixa do Tesouro, o que seria bem-vindo no atual quadro fiscal”, explicou. Os munic�pios, que tamb�m recebem parte do montante arrecadado, podem ampliar os investimentos em transporte coletivo, algo que vai ao encontro das exig�ncias das ruas nas manifesta��es do ano passado. A Cide � um tributo que come�ou a ser progressivamente reduzido em janeiro 2003, quando acrescentava R$ 0,28 ao litro da gasolina, at� ser zerado em junho de 2012.
Os pre�os do petr�leo no mercado internacional baixaram neste m�s, e agora est�o em linha com o mercado brasileiro. Por isso, Pires n�o v� mais raz�o, do ponto de vista da Petrobras, para mudar o que se cobra nas refinarias. De janeiro a outubro, quando os valores estavam desfasados, a estatal acumulou preju�zos. Mas para zerar a conta seria necess�ria uma alta de 20% no pre�o da gasolina. “N�o se pode contar com isso, porque o efeito inflacion�rio seria muito alto”, sentenciou.
Efeitos
Na avalia��o do economista Claudio Porto, presidente da Macroplan, ainda que n�o se possa ressarcir integralmente o rombo acumulado pela Petrobras, � importante que o aumento seja direcionado para a estatal em vez de ser apropriado pelo governo. “As ag�ncias de classifica��o de risco est�o de olho na empresa, que corre o risco de ser rebaixada.” Ela est� a dois degraus da perda do grau de investimento devido ao tamanho de sua d�vida, que vem crescendo em rela��o �s receitas. Segundo o Banco Goldman Sachs, cada 1% de aumento no valor dos combust�veis eleva em R$ 1,7 bilh�o a gera��o de caixa anual da estatal.
Na avalia��o do economista Fabio Silveira, s�cio da consultoria GO Associados, a op��o pelo aumento agora, quando os pre�os est�o em linha com o mercado internacional, emite um sinal ruim. “Parece que estamos sempre na contram�o”, lamentou. Ele acha que h� outras medidas que poderiam ter segurado o pre�o nas refinarias sem causar preju�zos � Petrobras, incluindo a desonera��o da cadeia de produ��o de combust�veis.