
Em um ano de vendas fracas para o varejo e economia andando como caranguejo, os micro e pequenos neg�cios est�o sentindo o peso do aluguel crescer e engolir fatia cada vez maior do faturamento. O valor m�dio cobrado pela loca��o de lojas na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, onde est� concentrado um ter�o da oferta de im�veis comerciais da capital, acelerou 80% nos �ltimos cinco anos, mais que o dobro do IGP-M (�ndice utilizado no c�lculo do reajuste dos alugu�is), que acumulou alta de 35% no per�odo. Lojistas se queixam que a economia n�o avan�ou no mesmo ritmo dos reajustes e agora a participa��o do aluguel, que antes correspondia a 5% do faturamento, chega a alcan�ar 20%.
Pesquisa da Funda��o Ipead/UFMG em parceria com a C�mara do Mercado Imobili�rio (CMI/Secovi) mostra que, entre 2009 e 2014, o valor m�dio do metro quadrado para uma loja de frente na Regi�o Centro-Sul, avan�ou de R$ 26,02 para R$ 46,74, alta de 79,6%. No caso das lojas internas, como aquelas em galerias, o reajuste no per�odo � de quase 100%, de R$ 15,78 em 2009, o metro quadrado na regi�o saltou para R$ 31,14. “O aluguel � quase que uma caracter�stica do com�rcio. Mais de 90% dos pontos abertos t�m esse custo fixo”, estima Bruno Falci, presidente da C�mara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH). Segundo ele, o com�rcio em geral, seja de rua ou de shopping centers, este ano passou a sentir com maior for�a o peso da loca��o. “O impacto do aluguel � forte. Quando a economia est� fraca, o risco de desequil�brio � grande.” Segundo ele, para o com�rcio de rua, o ideal � que o custo da loca��o corresponda a 4% do faturamento, podendo alcan�ar um m�ximo de 10%.
Em momentos de press�o do custo, especialistas recomendam aten��o nas despesas, a��es pr�-ativas para trazer clientes e at� mesmo medidas mais dr�sticas. “O aluguel � o custo fixo mais importante para os micro e pequenos neg�cios, e o lojista percebe r�pido quando ele passa a pesar demais”, alerta Beatriz de Carvalho, analista de atendimento individual do Sebrae. Segundo ela, quando o aluguel de 5% passa a ocupar mais de 10% do faturamento � hora de pensar em estrat�gias que envolvem at� mesmo a mudan�a de ponto, como forma de evitar o endividamento. “E deve ser planejado e comunicado aos clientes em a��o estrat�gica e pr�via.”
“O pre�o do aluguel foi reajustado acima do que o com�rcio consegue suportar”, defende Fl�vio Assun��o, dono de um armarinho na Avenida Paran� e tamb�m presidente da Associa��o dos Lojistas do Hipercentro. Segundo ele, o seu aluguel nos �ltimos cinco anos dobrou. Se antes atingia 5% do faturamento, hoje chega a oscilar entre 15% e 20%. Fl�vio diz que a queixa entre os lojistas da regi�o � generalizada. “Percebemos que a oferta de im�veis no Centro de Belo Horizonte est� crescendo, justamente porque a economia desacelerou e o fluxo de vendas reduziu.”
Fechar as contas no azul, em tempos que o consumidor reduz as compras e a inadimpl�ncia cresce, � um malabarismo. Uma loja pequena, de aproximadamente 40 metros quadrados, no local, pode ser encontrada por valores aproximados que partem de R$ 9 mil. O pre�o, segundo a presidente da Associa��o dos Lojistas da Savassi, Maria Auxiliadora Souza, h� tr�s anos era a metade. Segundo ela, mais de 60 lojas fecharam as portas nos �ltimos dois anos. “Como a Savassi � um bom ponto, novos lojistas est�o chegando, mas pagando pre�os altos.” A empres�ria est� h� 25 anos no com�rcio e se considera privilegiada por ser dona do pr�prio ponto.
SHOPPINGS
A Associa��o dos Lojistas de Shopping Centers (Allshop) informa que historicamente o valor da taxa de ocupa��o dos centros � maior que a loca��o de rua, devido ao fluxo de clientes e servi�os oferecidos, oscilando entre 12% e 18% do faturamento. Segundo a reportagem apurou com lojistas, o valor da chamada taxa de ocupa��o, que inclui o aluguel, condom�nio e fundo de publicidade, sem contabilizar investimentos, como luvas ou valor cobrado para abrir as portas, gira em torno de R$ 12 mil a R$ 18 mil para uma loja pequena, de 40 metros quadrados, dependendo da regi�o do shopping. J� a taxa de ocupa��o para os chamados quiosques na regi�o Sul por exemplo, est� pr�xima a R$ 1 mil por metro quadrado. Os valores, no entanto, podem variar muito, dependendo da localiza��o, tamanho, p�blico e o endere�o do centro de compras.
Daniel Mesquita e sua fam�lia t�m franquias em cinco shoppings de Belo Horizonte. Ele comenta que a taxa de ocupa��o, h� cinco anos, correspondia a 10% do faturamento do seu neg�cio, percentual que este ano vem oscilando entre 12% e 15%. Ele atribui o aperto ao atual momento da economia. Daniel est� com boas expectativas para o Natal e pretende investir na data para recuperar parte das vendas fracas que marcaram o varejo durante o ano.
Paula Machado sempre trabalhou com chocolates. Sua fam�lia � dona de uma tradicional f�brica em Barbacena, que produz toda esp�cie de del�cias finas feitas a partir do cacau. At� janeiro, ela manteve um quiosque em dois shoppings da regi�o Centro-Sul de BH. Segundo Paula, a rede preferiu redirecionar os seus investimentos, focando na cidade de origem, o que levou ao fim do ponto de venda na capital. De acordo com ela, na economia desacelerada, o valor do aluguel passou a ter um peso maior e atingir diretamente o custo. “� vis�vel em todo o mercado a dificuldade em se manter um neg�cio rent�vel diante desta economia desacelerada. Os pre�os sobem, as pessoas compram menos e o com�rcio � o primeiro a sentir essa mudan�a. O pre�o dos alugu�is precisa ser ajustado”, avalia.