
Bras�lia – O d�lar n�o d� tr�gua neste fim de ano. Para afli��o do governo e daqueles que pretendem viajar ao exterior e al�vio dos exportadores, a cota��o da moeda norte-americana coleciona m�ximas em dezembro: ontem, avan�ou mais 1,87%, chegando a R$ 2,736 para venda. Foi a quinta alta consecutiva e, de novo, o maior patamar em quase 10 anos. Desde que o Banco Central retomou o aumento dos juros, no fim de outubro, a divisa dos Estados Unidos acumula valoriza��o de quase 11% — 7,5% somente nas duas �ltimas semanas, per�odo em que a Selic chegou a 11,75% ao ano.
Antes do fechamento do preg�o de ontem, o d�lar passou de R$ 2,76, refor�ando as apostas de que a cota��o possa encostar nos R$ 3 ao longo de 2015. Diante das press�es internas e externas, que adicionaram um excesso de nervosismo ao mercado, o presidente do BC, Alexandre Tombini, antecipou que os leil�es de contratos de swap cambial— esp�cie de venda futura de d�lares para tentar conter a alta da moeda — continuar�o no ano que vem, com montante di�rio m�nimo de US$ 50 milh�es e m�ximo de US$ 200 milh�es.
O an�ncio sobre a manuten��o do programa de leil�es estava previsto para depois do discurso de hoje da presidente do Federal Reserve (o BC dos EUA), Janet Yellen. Tombini fez o an�ncio depois de participar de audi�ncia na Comiss�o de Assuntos Econ�micos (CAE) do Senado. A inten��o foi de acalmar os investidores, assustados com a avers�o ao risco de pa�ses emergentes. Persiste entre os analistas a ansiedade de saber se a nova equipe econ�mica ter� autonomia ou n�o para fazer os ajustes necess�rios na economia brasileira. Al�m da desconfian�a interna, os preg�es foram influenciados por fatores externos, como a crise na R�ssia.
ENCURRALADO
O tombo nos pre�os do petr�leo tem maltratado as moedas de na��es emergentes. Mas Tombini se esfor�ou para encarar com naturalidade a desvaloriza��o do real. Comentou que em “momentos de incertezas”, a fuga de capitais de mercados como o brasileiro ocorre de maneira mais acelerada. Mesmo com a decis�o de manter o programa de swap cambial, o BC de Tombini continua encurralado, na opini�o do economista e ex-diretor da autoridade monet�ria Alexandre Schwartsman. A oferta da chamada “ra��o di�ria”, observou ele, n�o foi capaz, at� aqui, de conter o avan�o do d�lar. “O Banco Central errou”, avaliou. Al�m de acumular preju�zos, sublinhou Schwartsman, o BC agora se v� obrigado a manter a estrat�gia para evitar que a situa��o piore. “Est�o levando um ferro hist�rico e ter�o de operar com muito cuidado daqui para frente”, afirmou.
O receio com os rumos da economia brasileira tem levado os investidores com d�vida no exterior a correr para comprar d�lar, o que acaba pressionando ainda mais a moeda norte-americana. A not�cia de que o BC manter� o programa de swaps em 2015 n�o bastar� para conter os �nimos, no entender do gerente da Fair Corretora, M�rio Battistel. “Se a inten��o era derrubar o d�lar, faltou peso no comunicado.”
Se por um lado o d�lar caminhando para um novo patamar aumenta o temor de que a infla��o possa se distanciar mais do centro da meta do governo, de 4,5%, a ind�stria comemora. “O avan�o do c�mbio pode nos trazer competitividade. O d�lar deveria estar hoje mais perto dos R$ 3 do que de R$ 2,70”, defendeu o presidente da Confedera��o Nacional da Ind�stria (CNI), Robson Braga de Andrade. (Colaborou Rodolfo Costa)