Jovens t�m dificuldades no planejamento financeiro para reservar dinheiro para o futuro

Logo que conquistou a vaga do primeiro est�gio, no 3º per�odo de inicia��o cient�fica, o estudante de Economia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Rafael Alves, de 21 anos, optou por deixar 80% do que ganhava aplicado na poupan�a. “Como era um valor baixo, e n�o tinha despesas � �poca, essa foi a minha primeira forma de poupar”, recorda. Ao conseguir um est�gio melhor remunerado, ele passou a depositar 20% do sal�rio. “� uma forma de me proteger de mim mesmo. Um dinheiro que estou ‘deixando l�’ para que, quando tiver um emprego e for mais velho, tenha rendimento maior”, afirma. Para isso, todas as suas despesas di�rias, at� mesmo uma bala que compra, s�o anotadas em uma planilha de um aplicativo para celular.

A cada 15 dias, Rafael confere as anota��es e observa se extrapolou nos gastos. Da mesma forma, a estudante de administra��o Talita Morato, tamb�m de 21, diz que poupar � essencial. “Moro em rep�blica e, quando preciso, recorro aos valores guardados”, conta. Talita aprendeu a economizar aos 12 anos e passou a anotar cada despesa. H� um ano e meio, baixou um aplicativo no celular que ajuda nessas anota��es e transfere, todo m�s, para a poupan�a 25% do seu sal�rio. A rela��o dos dois universit�rios com o dinheiro est� longe de ser determinante entre os jovens de at� 21 anos.

A preocupa��o com o futuro � fr�gil nessa faixa et�ria. Estudo da Serasa Experian e Ibope Intelig�ncia mostra que 62% da mo�ada n�o planeja a aposentadoria. "O jovem tem um desejo maior de participar da sociedade de consumo. � cheio de vontade, quer viajar, ter roupas, eletr�nicos e carros, sendo, emocionalmente, mais preocupado com o que os outros v�o achar dele", afirma o superintendente do SerasaConsumidor, J�lio Leandro.

Deixar-se levar pelo impulso � uma das a��es mais comuns entre esse p�blico. As pesquisas mostram que 36% dos jovens se mostram satisfeitos em gastar no ato, em vez de poupar para comprar mais � frente, 33% parcelam quando n�o t�m dinheiro para a pagar � vista e 41% admitem comprar sem pensar ou pesquisar de forma consciente. Um outro risco est� presente: 27% reconhecem que v�o �s compras atr�s de marcas aprovadas por amigos e parentes e 58% se sentem incapazes de administrar as finan�as mesmo sem ter grandes responsabilidades por morarem com os pais.

O aprendizado sobre o valor do dinheiro deve vir desde cedo, como mostrar� a s�rie que o Estado de Minas publica de hoje a ter�a-feira. A experi�ncia mostra que � muito mais f�cil educar uma crian�a do que um jovem consumista. "Desde os quatro anos de idade � poss�vel aos pequenos entender que o dinheiro � algo para ser respeitado. Os h�bitos devem ser constru�dos � medida que entenderem que o maior desejo � ter uma boneca, uma bola ou um videogame", diz o presidente da Associa��o Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos.

Quando a crian�a come�a a pedir demais, um eficiente m�todo para educar � impor uma mesada. Para calcular o montante a ser dado, os pais devem anotar os gastos com itens pedidos pelo filho em um m�s, estabelecer um limite e nunca ultrapassar o valor. "Se o filho gastou todo o dinheiro e pede mais, os pais n�o devem ceder �s vontades, mesmo que doa no cora��o", recomenda o consultor financeiro do Banco Mercantil do Brasil, Carlos Eduardo Costa. Ainda que a contragosto, os respons�veis devem fazer a crian�a aprender as consequ�ncias do descontrole financeiro.

Levar os filhos ao supermercado e estabelecer regras � outra ferramenta que contribui para que a meninada tenha no��o sobre os limites do poder aquisitivo. "� do instinto da crian�a querer quase tudo o que v� pela frente. Quando pedir algo, os pais devem esclarecer que ela tem direito de colocar no carrinho um �nico produto al�m da lista de compras. Isso permitir� que administre as tenta��es e cres�a como um adulto respons�vel em rela��o ao pr�prio bolso", diz Costa. Para o adulto que j� teve o nome inclu�do no cadastro de maus pagadores, � determinante evitar que os filhos sigam pelo mesmo caminho. Isso passa pelo planejamento financeiro. "Infelizmente, s�o muitos os casos em que os jovens se espelham em pais gastadores”, alerta.