A falta de energia e de �gua pode agravar o quadro recessivo da economia brasileira esperado para este ano. A queda no Produto Interno Bruto (PIB) projetada por economistas inicialmente em 0 5% para 2015 pode chegar a 1,8%, s� por causa de um racionamento de energia, segundo a consultoria Tend�ncias. J� a equipe de economistas do banco Credit Suisse considera um recuo de at� 1 5% no PIB com o problema energ�tico. Se for levado em conta tamb�m um corte no abastecimento de �gua, o recuo ser� ainda maior, podendo chegar a 2%, afirma Alessandra Ribeiro, s�cia da Tend�ncias.
Nas �ltimas semanas, a situa��o do abastecimento de �gua complicou para as ind�strias de S�o Paulo, Rio Janeiro e de Minas Gerais. O governo do Rio se reuniu com grandes ind�strias, como Companhia Sider�rgica do Atl�ntico (CSA), Gerdau e Furnas e determinou que elas comprem �gua de re�so para liberar mais �gua do Rio Guandu para a popula��o.
Em S�o Paulo, a Ag�ncia Nacional de �guas e o Departamento de �guas e Energia El�trica determinaram que as ind�strias que captam �gua das bacias dos rios Jaguari, Camanducaia e Atibaia reduzam em 30% o consumo di�rio ap�s o reservat�rio do Sistema Cantareira ficar abaixo de 5%.
Em Minas, o governo convocou os empres�rios da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte a reduzirem o consumo em 30% dentro de 90 dias. Segundo o gerente de Meio Ambiente da Federa��o das Ind�strias do Estado de Minas Gerais, Wagner Soares Costa, a medida afetar� 15 mil pequenas ind�strias, que n�o t�m capta��o pr�pria.
Impacto. Em S�o Paulo e no Rio, as medidas de redu��o de consumo afetar�o 60% das ind�strias, calculam a Federa��o das Ind�strias do Estado de S�o Paulo (Fiesp) e a Federa��o das Ind�strias do Rio de Janeiro (Firjan). O impacto � consider�vel, j� que as ind�strias paulista e fluminense respondem por 7,5% do PIB do Pa�s.
Pesquisa feita pela Firjan no fim de 2014 mostrava que tr�s em cada dez ind�strias j� estavam sendo afetadas pela escassez de �gua. Neste m�s, o problema foi ampliado, mas a entidade n�o tem nova sondagem. Entre as empresas afetadas, 6% demitiram por causa de dificuldades na produ��o e 1,3% deram f�rias coletivas.
Jorge Peron, especialista em Meio Ambiente da Firjan, diz que 3 8 mil empresas est�o �s margens do Rio Para�ba do Sul, que est� com 2,5% de n�vel de �gua. Essas empresas respondem por 65% do PIB do Estado e empregam 35 mil pessoas. "Algumas t�m mais e outras menos depend�ncia de �gua e � certo que v�rias ser�o afetadas."
Segundo Paulo Skaf, presidente da Fiesp, empresas que respondem por 56% do PIB industrial paulista (cerca de 40 mil estabelecimentos que empregam 2 milh�es de pessoas), est�o sob risco. "A situa��o � grav�ssima e vai afetar fortemente todos - ind�stria, com�rcio, agricultura, popula��o -, mas ainda n�o � poss�vel medir esse impacto." Ele n�o descarta, contudo, a possibilidade de, num cen�rio cr�tico, empresas terem de parar a produ��o.
"� o resumo da falta de obras, falta de transpar�ncia, de provid�ncias em tempo certo e agora quem vai pagar o pato � a sociedade", afirma Skaf.
A preocupa��o com racionamento afetou as expectativas da ind�stria. Sondagem da Ind�stria de Transforma��o da FGV mostra que em janeiro o �ndice de expectativa de neg�cios para seis meses caiu para um n�vel pr�ximo de 100 pontos, que � muito baixo em termos hist�ricos, observa o superintendente da FGV, Aloisio Campelo. "Esse resultado tem a ver com muitos fatores: desde a expectativa de que a demanda continua enfraquecida at� preocupa��o com riscos de racionamento de �gua e de energia."