
Enquanto isso, a infla��o continuar� sem dar sossego �s fam�lias. Pela s�tima semana consecutiva, o mercado revisou para cima as estimativas para o custo de vida no pa�s. Agora, as apostas s�o de que o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) subir� 7,27% este ano. Numa s� tacada, se a previs�o for confirmada, o governo pode registrar dois recordes indigestos: a maior carestia em mais de 10 anos e, pela primeira vez desde 2004, o BC pode fracassar na tarefa de manter o custo de vida dentro do limite de toler�ncia da meta de infla��o.
H� quem aposte num cen�rio ainda mais desconfort�vel. “N�o est� chovendo como deveria e isso implicar� em custos adicionais com as usinas t�rmicas, que s�o mais caras. Ent�o, o reajuste m�dio da conta de luz ser� de, no m�nimo, 50% este ano, o que bater� pesado na infla��o”, disparou o economista-chefe Banco Modal, Alexandre de �zara. Ele prev� que o IPCA encostar� nos 8% este ano, em fun��o dos reajustes de pre�os administrados e de fatores que n�o dependem diretamente do controle do governo, como a escalada do d�lar.
O mercado financeiro tamb�m tra�a um cen�rio preocupante para o c�mbio este ano. Diante das preocupa��es com o cen�rio internacional, investidores continuam batendo em retirada de pa�ses considerados fr�geis, como o Brasil, e buscando prote��o na maior economia do Mundo, os EUA, o que faz o d�lar se valorizar. Por isso, a tend�ncia da divisa � de alcan�ar novas m�ximas nos pr�ximos meses, encerrando o ano cotada a R$ 2,90.
Era de se esperar que com um real mais fraco perante ao d�lar, as ind�strias brasileiras, especialmente as exportadoras, tivessem melhor desempenho do que o registrado nos �ltimos anos. Mas � justamente o contr�rio que prev� o boletim Focus. Ap�s tombar 3,2% em 2014, a produ��o industrial deve recuar 0,43% este ano. H� apenas uma semana, as apostas eram de que o movimento nas f�bricas se expandisse 0,44% em 2015. Mas, pesar� contra os empres�rios um novo ano de vacas magras no com�rcio, em fun��o da esperada queda do consumo das fam�lias.
SELIC EM ALTA Os analistas s�o un�nimes: com o d�lar e a infla��o nas alturas, o BC ter� que subir ainda mais os juros b�sicos, de modo a frear repasses autom�ticos nos pre�os e coibir uma eleva��o maior do custo de vida. Por isso, as apostas s�o de que o Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) manter� o ritmo de aperto na taxa Selic, com a eleva��o de 0,5 ponto percentual. Havia um entendimento de que, com o pa�s em recess�o, o BC poderia diminuir a intensidade da alta, e aprovar apenas mais uma corre��o na Selic de 2015, de 0,25 ponto, para 12,50% ao ano.
Para piorar, tamb�m a conjuntura pol�tica tem pesado contra o cen�rio econ�mico deste ano. Ex-economista-chefe da Federa��o Brasileira de Bancos (Febraban) Roberto Luis Troster menciona as derrotas do governo no Congresso e cita como ponto de preocupa��o a vota��o do Or�amento Impositivo, capitaneada pelo presidente da C�mara, o peemedebista Eduardo Cunha (RJ). A medida pode elevar em R$ 10 bilh�es o rombo nas contas p�blicas em um ano em que o governo precisa cortar gastos para conseguir economizar 1,2% do PIB para o super�vit prim�rio.
“As pessoas n�o est�o tendo no��o da gravidade de medidas como essa”, disse Troster. “Ou o Congresso rema na mesma dire��o de uma pol�tica de austeridade fiscal, ou a situa��o do pa�s ficar� insustent�vel. Em vez de tr�s trimestres de recess�o, n�s poderemos ter tr�s anos de PIB negativo. Se os parlamentares n�o colaborarem, esse ser� o resultado”, alertou.