As maiores redes de �ticas do pa�s devem tentar acelerar a consolida��o de seu mercado, que ainda � muito pulverizado, durante este per�odo de crise. Hoje, dos quase 25 mil pontos de venda do segmento, apenas 10% pertencem �s tr�s l�deres. O trabalho dessas empresas para ampliar seu dom�nio em 2015 deve incluir a convers�o de lojas independentes e a aquisi��o de redes regionais.
O setor faturou R$ 23 bilh�es em 2014 e projeta uma expans�o de 10% para 2015. "As fabricantes estrangeiras est�o se recuperando e v�o aumentar a oferta, algo que beneficia o varejo. Mas a conjuntura econ�mica pode minimizar esse efeito no Brasil", diz o presidente da Abi�ptica, Bento Alcoforado.
A Abi�tica est� revisando suas proje��es diante do novo patamar cambial e da piora da economia brasileira. "Todos os mercados s�o afetados pela desacelera��o da economia. Cerca de 80% da compra de �culos � parcelada e compromete a renda futura. A queda da confian�a do consumidor e a alta dos juros prejudicam as vendas do setor", explica o consultor Marcos Gouv�a, da GS&MD.
Hoje, aproximadamente 85% dos �culos vendidos no Pa�s s�o importados. Desde o in�cio do ano, o d�lar subiu mais de 20% sobre o real e o setor espera uma corre��o de pre�os no varejo. "Se o varejo repassar toda a alta do d�lar, o consumo cai. Entendemos que o melhor a fazer � reduzir a margem para manter o faturamento", disse Alcoforado.
A crise deve motivar a convers�o de lojas independentes para o modelo de franquias, fortalecendo as redes, na vis�o de especialistas. "A forma��o de redes � uma tend�ncia em todos o varejo. Escala traz competitividade para o lojista", avalia Gouv�a. Dentro de uma rede, o lojista passa a ter mais poder de barganha com fornecedores e redu��o de custo de marketing.
A �ticas Carol, por exemplo, cresceu mais de 20% ao ano nos �ltimos tr�s anos e atingiu faturamento de R$ 570 milh�es em 2014. A empresa mant�m planos agressivos de expans�o para ocupar mais espa�o no mercado brasileiro. Segundo o presidente da companhia, Ronaldo Pereira Junior, al�m de permitir que seus franqueados abram mais lojas, a rede de �ticas est� tamb�m apostando na convers�o de lojas sem bandeira e avalia aquisi��es regionais para acelerar a expans�o.
O avan�o das redes tamb�m acelera uma mudan�a de posicionamento do setor - os �culos, antes vistos como um "mal necess�rio", v�m se transformando em um acess�rio de moda. Por isso, a forma de vender o produto teve de ser mudada: antes, o setor esperava o cliente sair do consult�rio m�dico para fazer a venda; agora, vai ativamente atr�s do cliente, com conte�do focado em lan�amentos. O segmento absorveu tend�ncias do varejo t�xtil, como o lan�amento de cole��es na troca de esta��es e de grifes assinadas por estilistas, designers ou celebridades.
A mudan�a do neg�cio fica transparente, segundo Pereira Junior, nas vendas de fim de ano. "Antes, vend�amos em dezembro o equivalente a 60% do volume de novembro, porque os consult�rios dos oftalmologistas entravam de f�rias." Hoje o �culos virou presente de Natal e dezembro � o melhor m�s para a �ticas Carol, com vendas 30% acima de novembro.
O setor ainda v� um grande potencial de crescimento, especialmente com a ado��o de pol�ticas p�blicas que incentivem o exame de vista. "Muitos brasileiros precisam de �culos e n�o sabem", disse o presidente da Abi�ptica. Dados da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) apontam que metade da popula��o mundial precisa de �culos. Mas apenas 20% dos brasileiros usam �culos, segundo estat�sticas do IBGE.