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Estado de Minas

Influenciados pelo d�lar, setores da ind�stria e servi�os j� planejam repasses de pre�os

Panifica��o, massas, ind�stria de transforma��o e segmentos como bares e restaurantes n�o ter�o como escapar do drag�o. Repasse est� previsto para abril


postado em 24/03/2015 06:00 / atualizado em 24/03/2015 07:26

Mônica Marques aumentou a frequência nos supermercados para encontrar ofertas e está deixando de comprar as marcas mais caras(foto: Euler Júnior/EM/D.A Press)
M�nica Marques aumentou a frequ�ncia nos supermercados para encontrar ofertas e est� deixando de comprar as marcas mais caras (foto: Euler J�nior/EM/D.A Press)

Engana-se quem acredita que o consumo em baixa � suficiente para segurar novas press�es sobre o bolso das fam�lias, j� envolvidas numa engenharia de cortes de gastos da alimenta��o aos servi�os pessoais para driblar a infla��o mais alta. Da mesma forma, a eleva��o do d�lar interfere diretamente nas viagens ao exterior, nos pre�os de produtos importados e interc�mbios. Setores como panifica��o e massas, ind�stria de transforma��o e segmentos como bares e restaurantes n�o ter�o como escapar do drag�o e j� planejam repasses de pre�os a partir de abril. O Relat�rio Focus, com as perspectivas do mercado, divulgado nessa segunda-feira pelo Banco Central, confirma que o aperto deve piorar e j� estima infla��o de 8,12% para 2015, maior patamar desde 2003, quando o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 9,3%.


As ind�strias de panifica��o e de massas planejam repassar em abril pelo menos parte do aumento do custo de produ��o provocado pela eleva��o do d�lar, que encarece o trigo cotado no mercado internacional, e pelo avan�o das tarifas de energia. As padarias est�o trabalhando nas planilhas para definir o reajuste dos pre�os do p�ozinho de sal e demais itens feitos � base de farinha de trigo, que � faturada nos moinhos com o acr�scimo da alta recente da moeda norte-americana. O presidente da Associa��o Brasileira das Ind�strias de Panifica��o e Confeitaria(Abip), Jos� Batista de Oliveira, afirmou, ontem, que o repasse � inevit�vel, ante os impactos da expressiva varia��o do d�lar, que avan�ou de R$ 2,60 em janeiro para R$ 3,30 na semana passada, e a energia que aquece os fornos 60% mais cara. “Os empres�rios do setor est�o trabalhando nas planilhas para repassar o m�nimo poss�vel. O que a gente gostaria era de trabalhar para aumentar o consumo de p�es, e n�o o contr�rio”, disse.


A farinha de trigo responde por um ter�o do custo de fabrica��o do p�o e a energia representa 14% do total. Jos� Batista de Oliveira diz que prefere n�o arriscar uma estimativa dos reajustes ao consumidor, tendo em vista que os c�lculos est�o sendo feitos, inclusive pela ind�stria de moagem do trigo. Os fabricantes de biscoitos e bolos industrializados cogitam repassar 8% de aumento, em m�dia, devido �s mesmas press�es de custos, admitiu recentemente o presidente da Associa��o Brasileira da Ind�stria de Biscoitos, Massas Aliment�cias, P�es e Bolos Industrializados (Abimapi), Cl�udio Zan�o.


A perspectiva de repassar as despesas maiores n�o � diferente em outros segmentos da ind�stria de transforma��o. O presidente-executivo da Associa��o Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa, diz que o repasse de custos tanto aos consumidores finais quanto a outras ind�strias deixa as empresas vulner�veis frente a seus competidores estrangeiros, agora beneficiados pela queda dos pre�os do petr�leo e do g�s natural. “Nos casos em que o repasse para os pre�os � inevit�vel, a ind�stria tende a reduzir suas margens, o que pode implicar em preju�zos e redu��o de investimentos produtivos”, avalia Pedrosa.

SEM COMPENSA��ES

At� mesmo a prote��o representada pelo d�lar mais alto a alguns segmentos da ind�stria nas exporta��es de seus produtos pode n�o ser suficiente para evitar aumento de pre�os, observa o gerente de economia e finan�as da Federa��o das Ind�strias de Minas Gerais (Fiemg), Guilherme Veloso Le�o. “A tend�ncia natural � de redu��o das margens e de ado��o de medidas para melhorar a produtividade, mas essa estrat�gia fica dif�cil devido � baixa produ��o”, afirma.


O �ndice de Pre�os ao Produtor da ind�stria de transforma��o subiu 2,86% nos �ltimos 12 meses at� janeiro, enquanto o indicador da infla��o oficial do pa�s – o �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) – evoluiu 7,70% em 12 meses at� fevereiro, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). A disparidade entre os dois indicadores � sinal de que a ind�stria n�o conseguiu descarregar o aumento dos custos aos pre�os, ou seja, novos reajustes dever�o ser aplicados. A conta dos bares e restaurantes tamb�m n�o deve se esquivar da alta dos pre�os dos alimentos, da sazonalidade dos hortifrutigranjeiros, e do reajuste da folha. O presidente do Sindicato de Hot�is, Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Sindhorb-MG), Paulo C�sar Pedrosa diz que apesar de n�o haver clima para repasse de pre�os, o segmento j� est� com as despesas potencialmente altas e ter� que repassar pre�os ao consumidor. “Os custos das carnes e das bebidas est�o crescendo de forma generalizada. Em julho teremos a data-base e o custo da m�o de obra vai ser reajustado.”


Como a infla��o � para todos, diante da press�o de custos a fam�lia da dentista M�nica de Carvalho Martins Marques, de 55 anos, com renda acima de R$ 20 mil, j� sofre os efeitos da economia brasileira. M�nica conta que se assusta todas as vezes que vai ao supermercado e se depara com pre�os diferentes. “Est� cada dia mais caro. N�o sei onde vai parar. J� mudamos h�bitos por conta disso. Estou tentando substituir os produtos mais caros por mais baratos, vir mais vezes ao supermercado para pegar promo��es e boicotar as marcas mais caras, al�m de ir fazer compras em bairros mais distantes, onde os produtos costumam ser mais baratos do que na Zona Sul”, refor�a. Ainda de acordo com a dentista, o h�bito de almo�ar ou jantar fora de casa tamb�m foi modificado. Ela afirma que h� pouco tempo, o marido sa�a cedo para trabalhar e sempre almo�ava na rua, mas que agora, ele volta para casa todos os dias para economizar. As sa�das nos fins de semana tamb�m foram reduzidas e as reuni�es com os amigos em casa est�o mais comuns. “Acho que � mesmo uma mudan�a de cultura. Estamos aprendendo a economizar nas pequenas coisas, quest�es de cidadania como economia de �gua e energia, que n�o afetam s� a gente. J� cortamos o sup�rfluo. Fica muito mais barato tomar um vinho e comer alguma coisa em casa do que frequentar um restaurante”, completa.

AL�M DO TETO

Roberto Piscitelli, professor de finan�as p�blicas na Universidade de Bras�lia (Unb) acredita que ao longo do ano as proje��es do mercado v�o recuar, mas mesmo assim, ele aponta que o teto da meta (6,5%) do governo est� descartado, e as proje��es mais otimistas podem esperar uma alta no custo de vida ao t�rmino de 12 meses, pr�xima a 7,5%. Para Piscitelli o governo usou uma dose pesada demais no repasse para os consumidores dos custos da energia el�trica “O �nus poderia ter sido repassado aos poucos, com o governo absorvendo parte da defasagem para que o choque n�o fosse t�o forte”, avalia. Segundo o especialista, pesa ainda para escurecer o cen�rio econ�mico, discuss�es acerca da legitimidade das elei��es e ainda o efeito cambial.


O d�lar que afeta a infla��o e interfere tamb�m nos planos de f�rias da classe m�dia brasileira, n�o encontra consenso entre especialistas. Para Piscitelli a moeda deve estabilizar pr�ximo a R$ 3,50. Na opini�o de Tharc�sio de Souza, diretor do MBA da Faculdade Armando �lvares Penteado (Faap), o c�mbio antes de recuar deve disparar para R$ 4 nos pr�ximos 90 dias. “Acredito que a partir de 2016 a economia possa ter algum pequeno crescimento, mas nada parecido com o percentual de 7,5% ao ano. Considero positivo crescer menos e de uma forma mais equilibrada, sem voos de galinha”, avalia.


A expectativa dos analistas de bancos e corretoras ouvidos no levantamento feito pelo Banco Central que consiste no relat�rio Focus, prev� um ano de galope do drag�o. Pela d�cima-segunda semana consecutiva, a mediana das estimativas do mercado financeiro para o IPCA deste ano foi elevada. Para esses profissionais, a alta esperada passou de 7,93% para 8,12%. Ainda na divulga��o do Focus, a proje��o da infla��o de 2016 ficou em 5,61%. Nas previs�es do BC, as press�es dos pre�os administrados, quer dizer, dos servi�os p�blicos de energia e �gua, combust�veis, entre outros, ficar� restrita ao primeiro trimestre, mas n�o parecer ser esta an�lise convincente para o setor privado e o consumidor que administra o or�amento familiar.

As sondagens de opini�o aplicadas pela Funda��o Getulio Vargas ainda n�o captaram press�es fortes do d�lar. A institui��o deve apurar no fim de abril como os custos com mat�rias-primas v�m se comportando na produ��o industrial. Segundo o coordenador de Sondagens Conjunturais do Ibre/FGV, Alo�sio Campelo, o desenrolar do c�mbio e o n�vel em que a moeda norte-americana se estabilizar ser�o determinantes nos repasses dos custos industriais aos pre�os. “Na medida em que o d�lar vai subindo pode gerar uma press�o inevit�vel e as f�bricas n�o poder�o produzir abaixo dos custos. A� sim, ter�o de reajustar seus pre�os, mas neste momento a ind�stria tem muita dificuldade porque o consumo das fam�lias est� fraco”, afirma Campelo. (Colaborou Simone Kafruni)


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