
“Existe a necessidade de um novo espa�o definitivo para servirmos o caf� (caf� colonial servido a R$ 29,90 o quilo) e as sobremesas. S�o receitas antigas que foram testadas e adequadas aos tempos e sempre influenciadas pela comida dos romeiros e de conventos”, afirma. As cozinheiras manuseiam um estoque impressionante de ingredientes da produ��o artesanal, j� levada ao limite que a atual infraestrutura permite. A cada semana, s�o consumidos 80 quilos de farinha, 288 litros de leite e 120 d�zias de ovos transformados em roscas, biscoitos, bolos e doces.
Ocupada na fabrica��o de quintadas, Maria Lacy, de 59 anos, diz n�o ver as horas correrem. “Como � um lugar sagrado, venho trabalhar com o cora��o alegre”, diz. A colega de trabalho Terezinha Luiza Lima confirma: “A gente n�o v� o tempo passar. � muita paz”. Na queijaria improvisada na pedra, Alair Silva cuida da matura��o de 60 pe�as, em m�dia, a cada dois meses, vendidas por R$ 44,90 o quilo. O queijo fresco � comprado em Serra do Salitre, no Alto Parana�ba, e, ao sair personalizado do santu�rio, j� cruzou as fronteiras do pa�s para ser consumido em pa�ses como Portugal e It�lia.

A produ��o artesanal tem tido espa�o garantido tamb�m nos festivais culturais de Santa B�rbara e Catas Altas. O trabalho de resgate cultural envolve verduras t�picas da regi�o onde o santu�rio est� localizado e a pesquisa de plantas medicinais. S�o ingredientes importantes no trabalho de recep��o aos visitantes, incluindo 20 mil h�spedes, em m�dia, por ano. Al�m dos brasileiros, o Cara�a j� atendeu, em 2015, turistas de 29 pa�ses, entre eles, Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha. Os estrangeiros t�m os frequentes objetivos de observar as aves e de conhecer a riqueza arquitet�nica e paisag�stica do santu�rio e das suas redondezas.
No Instituto S�o Lu�s, a irm� Maria Gon�alves da Cunha, com a ajudante Maura Teixeira, comanda a produ��o di�ria de quintadas. “Gosto e tenho prazer de trabalhar na cozinha. � uma tradi��o”, afirma a religiosa, concentrada no cozimento de doce de mam�o em enormes tachos � moda artesanal. As compotas s�o vendidas a R$ 14, e os licores, a R$ 15. Preferidos do p�blico, o licor e o vinho feitos de jabuticaba e chocolate s�o preparados duas vezes por semana, mas o ritmo da fabrica��o tende a aumentar, destaca a irm� Joana D’Arc Paulino. Em maio, um restaurante em constru��o em �rea cont�gua � do convento deve estar pronto, para atender 644 clientes. O espa�o poder�, ainda, ser alugado para eventos de empresas.

Engrenagem aben�oada
Conhe�a algumas das curiosidades da produ��o dos mosteiros
>> A revitaliza��o da infraestrutura de atendimento do Santu�rio da Piedade levou ao aumento do n�mero de visitantes no �ltimo um ano e meio de 45 a 50 pessoas por fim de semana para 250 por semana.
>> As quitandas Cristo Rei s�o feitas sem conservantes e consomem muitos ovos para fazer valer a tradi��o das irm�s que usavam claras para engomar os h�bitos e as batinas e aproveitavam as gemas na fabrica��o de doces
>> No Convento dos Redentoristas, os irm�os eram os respons�veis pelos servi�os de manuten��o, at� que um cozinheiro foi o primeiro funcion�rio contratado, em 1974. Como ele n�o podia transitar dentro do convento, entrava no mosteiro por uma porta aberta para a rua. At� aquela �poca, os religiosos se organizavam por fun��o. Havia o irm�o cervejeiro, o cozinheiro, o porteiro e o alfaiate.
>> Os irm�os redentoristas podem tomar apenas uma garrafa de cerveja por pessoa durante a refei��o. Cerveja, para eles, � alimento.