
Com um parente adulto internado na UTI de um hospital particular de Belo Horizonte, Ana (nome fict�cio) recebeu, na noite de quinta-feira passada, um telefonema no celular e, do outro lado da linha, uma pessoa se identificava como funcion�rio da institui��o onde seu parente estava. Essa pessoa informou a Ana que, para agilizar os exames necess�rios para a sobrevida do paciente, seria preciso o dep�sito de R$ 1 5 mil ao hospital, porque o plano de sa�de n�o cobria tal procedimento e, depois, a operadora poderia reembolsar o valor. N�o era verdade. Esse � o golpe que vem sendo aplicado em clientes de importantes e reconhecidos hospitais particulares de Belo Horizonte.
O estelionat�rio, que aproveita da fragilidade de enfermos internados e da situa��o emocional de parentes, virou alerta dentro de hospitais particulares da capital como Lifecenter, Vila da Serra, Luxemburgo e S�o Lucas (da Rede Santa Casa). Segundo a administradora do Vila da Serra, Renata Macedo, na institui��o, em janeiro, tr�s pacientes da maternidade receberam o telefonema dentro do quarto onde estavam internadas. “A pessoa se identificou como funcion�ria do hospital e informou a cada uma dessas mulheres que seus beb�s precisavam de medicamentos que n�o s�o pagos pelo conv�nio e que, para isso, elas deveriam depositar uma determinada quantia para a medica��o”, conta Renata. Ela ressalta que, por sorte, as tr�s pacientes procuraram a administra��o do hospital e n�o chegaram a fazer o dep�sito do valor.
Na semana passada, dois pacientes do Vila da Serra tamb�m receberam liga��es e, por procurarem o hospital, n�o ca�ram no golpe. “Ou ligam para o quarto do paciente ou para os parentes dizendo ser do conv�nio ou da unidade hospitalar e pedem um valor. H� casos em que o golpista disse � v�tima que o paciente precisava de uma tomografia ou um exame que o plano n�o cobria”, conta Renata. Assim como no Vila da Serra, o Lifecenter fixou em corredores e outras partes do hospital avisos chamando a aten��o dos pacientes para o golpe.
No Hospital S�o Lucas, al�m do papel fixado nas alas da unidade, o hospital publicou tamb�m um alerta em seu site. “A a��o criminosa consiste em fazer contato pelo celular com familiares do paciente – citando seu nome e seu problema de sa�de – para em seguida tentar extorquir dinheiro”, destaca o texto do S�o Lucas para alertar os pacientes e familiares.
H� um m�s, no Hospital Luxemburgo, uma fam�lia com um parente internado foi v�tima do golpe e, segundo informou a assessoria de imprensa, as v�timas chegaram a depositar a quantia pedida, por�m, ao informar sobre o dep�sito � institui��o, o hospital entrou em contato com a Caixa Econ�mica Federal – banco para o qual o estelionat�rio havia pedido a cobran�a indevida – e conseguiu bloquear o repasse do valor. O Luxemburgo tem entregado um folheto a todos os pacientes e familiares da interna��o como forma de evitar novas v�timas.

Para Renata, da administra��o do Vila da Serra, essas pessoas podem estar conseguindo os contatos dos parentes de pacientes durante conversas desses com desconhecidos, at� mesmo dentro do hospital. “Muitas pessoas desabafam com outras sem as conhecer e acabam dando diagn�sticos de seus parentes e outras informa��es. Por isso, alertamos a todos os clientes que qualquer pedido de pagamento extra � feito pessoalmente, seja pela equipe m�dica ou de enfermeiros. E, em qualquer d�vida, o paciente ou familiares devem procurar a administra��o do hospital”, avisa.
INVESTIGA��O Segundo ela, em caso de uma negativa de um conv�nio de sa�de para determinado procedimento, um dos argumentos usados pelos estelionat�arios, o hospital � notificado. “Geralmente, quando o paciente fala com o plano, � porque ele ligou. N�o existe esse pedido por telefone de dep�sito na conta”, alerta Renata. O Vila da Serra chegou a registrar ocorr�ncia na pol�cia e, de acordo com informa��es da Pol�cia Civil, a 4ª delegacia de Nova Lima, na Grande BH, est� investigando o ocorrido.
Sobre outros hospitais, a assessoria da pol�cia informou que � preciso den�ncia para dar in�cio a uma investiga��o. Na sexta-feira, nenhum representante da Pol�cia Civil podia falar com o EM sobre a investiga��o dos golpes nos hospitais de BH. O presidente da Central dos Hospitais de Minas Gerais, Castinaldo Bastos, chama a aten��o para a necessidade de as v�timas e as institui��es fazerem den�ncias como forma de conseguir barrar os criminosos.
Pelo lado do cliente, a presidente do Procon de Belo Horizonte, Maria L�cia Scarpeli, diz que a primeira coisa a que os consumidores devem sempre ficar atentos � para n�o informar dados. “Um plano de sa�de tem seus dados, por isso, caso receba uma liga��o da operadora, cheque, solicitando as informa��es que eles t�m sobre o voc�. E n�o o contr�rio”, aconselha, dizendo que n�o existem liga��es em que s�o pedidos dados. “Isso � golpe. Por isso, n�o d� informa��es como nomes completos, endere�os e outros. A internet � outro meio totalmente perigoso, � preciso ter maldade.”
Maria L�cia Scarpeli ressalta que, quando se est� internado em hospitais, as institui��es s�o respons�veis pela seguran�a do cliente. “Trata-se de uma presta��o de servi�o remunerada, mesmo no Sistema �nico de Sa�de (SUS). O consumidor deve ter total seguran�a e, por isso, nenhum hospital pode passar dados dos clientes. � uma rela��o de confian�a”, avisa.
No pa�s O golpe que est� sendo dado em Belo Horizonte j� foi registrado em todo o pa�s, pelo menos, desde 2013. Em S�o Paulo, por exemplo, pacientes do S�rio-Liban�s e Albert Einstein j� foram alvo dos criminosos.
Dicas para se proteger
Fique atento ao receber liga��es de n�meros desconhecidos
Tente verificar com os hospitais a veracidade das informa��es repassadas
N�o acredite em supostos benef�cios mediante pagamentos de qualquer esp�cie
N�o repasse seus dados pessoais, principalmente n�mero de contas banc�rias e cart�es de cr�dito
Em casos de cobran�as indevidas, procure a administra��o do hospital
Os hospitais n�o fazem cobran�as de procedimentos extras ou de medica��es via telefone.
Caso o estelionat�rio informe ser do plano de sa�de, n�o passe qualquer informa��o e ligue para a sua operadora checando a veracidade do pedido.